Coleção de IMAGENS, ÁUDIOS, VÍDEOS, ARTIGOS, LIVROS e TEXTOS diversos (revistas e outros) com textos "scrollados" (deslizantes) e/ou no formato em PDF (com letras ampliadas e fácil de ler nos celulares). Acervo digital do Projeto Crescer Juntos (PCJ)
(82)_Religião] Igreja] CNBB] Bíblia Sagrada] 1-Livro do GÊNESIS.pdf_ts
LIVRO DO GÊNESIS
NO PRINCÍPIO
Hino da criação do
universo
1
1 No princípio, Deus
criou o céu e a terra. 2 A
terra estava deserta e
vazia, as trevas cobriam o
abismo
e o Espírito de Deus
pairava sobre as águas. 3
Deus disse: “Faça-se a
luz”! E a luz se fez. 4
Deus viu
que a luz era boa. Deus
separou a luz das trevas. 5
À luz Deus chamou “dia”
e às trevas chamou
“noite”. Houve uma tarde
e uma manhã: o primeiro
dia. 6 Deus disse: “Faça-
se um firmamento entre
as águas, separando umas
das outras”. 7 E Deus fez
o firmamento. Separou as
águas debaixo do
firmamento, das águas
acima do firmamento. E
assim se fez. 8 Ao
firmamento Deus chamou
“céu”.
Houve uma tarde e uma
manhã: o segundo dia. 9
Deus disse: “Juntem-se
num único lugar as águas
que
estão debaixo do céu, para
que apareça o solo firme”.
E assim se fez. 10 Ao solo
firme Deus chamou
“terra” e ao ajuntamento
das águas, “mar”. E Deus
viu que era bom. 11 Deus
disse: “A terra faça
brotar vegetação: plantas,
que dêem semente, e
árvores frutíferas, que
dêem fruto sobre a terra,
tendo
em si a semente de sua
espécie”. E assim se fez.
12 A terra produziu
vegetação: plantas, que
dão a
semente de sua espécie, e
árvores, que dão seu fruto
com a semente de sua
espécie. E Deus viu que
era
bom. 13 Houve uma tarde
e uma manhã: o terceiro
dia. 14 Deus disse:
“Façam-se luzeiros no
firmamento do céu, para
separar o dia da noite.
Que sirvam de sinais para
marcar as festas, os dias e
os
anos. 15 E, como luzeiros
no firmamento do céu,
sirvam para iluminar a
terra”. E assim se fez. 16
Deus fez os dois grandes
luzeiros, o luzeiro maior
para presidir ao dia e o
luzeiro menor para
presidir à
noite, e também as
estrelas. 17 Deus colocou-
os no firmamento do céu
para iluminar a terra, 18
presidir ao dia e à noite e
separar a luz das trevas. E
Deus viu que era bom. 19
Houve uma tarde e uma
manhã: o quarto dia. 20
Deus disse: “Fervilhem as
águas de seres vivos e
voem pássaros sobre a
terra,
debaixo do firmamento do
céu”. 21 Deus criou os
grandes monstros
marinhos e todos os seres
vivos
que nadam fervilhando
nas águas, segundo suas
espécies, e todas as aves
segundo suas espécies. E
Deus viu que era bom. 22
Deus os abençoou,
dizendo: “Sede fecundos,
multiplicai-vos e enchei
as
águas do mar, e que as
aves se multipliquem
sobre a terra”. 23 Houve
uma tarde e uma manhã: o
quinto dia. 24 Deus disse:
“Produza a terra seres
vivos segundo suas
espécies,animais
domésticos,
animais pequenos e
animais selvagens,
segundo suas espécies”. E
assim se fez. 25 Deus fez
os
animais selvagens
segundo suas espécies, os
animais domésticos
segundo suas espécies e
todos os
animais pequenos do chão
segundo suas espécies. E
Deus viu que era bom. 26
Deus disse:
“Façamos o ser humano à
nossa imagem e segundo
nossa semelhança, para
que domine sobre os
peixes do mar, as aves do
céu, os animais
domésticos, todos os
animais selvagens e todos
os animais
que se movem pelo chão”.
27 Deus criou o ser
humano à sua imagem, à
imagem de Deus o criou.
Homem e mulher ele os
criou. 28 E Deus os
abençoou e lhes disse:
“Sede fecundos e
multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-
a! Dominai sobre os
peixes do mar, as aves do
céu e todos os animais
que se
movem pelo chão”. 29
Deus disse: “Eis que vos
dou, sobre toda a terra,
todas as plantas que dão
semente e todas as árvores
que produzem seu fruto
com sua semente, para
vos servirem de alimento.
30 E a todos os animais
da terra, a todas as aves
do céu e a todos os
animais que se movem
pelo chão,
eu lhes dou todos os
vegetais para alimento”. E
assim se fez. 31 E Deus
viu tudo quanto havia
feito, e
era muito bom. Houve
uma tarde e uma manhã: o
sexto dia.
2
1 Assim foram concluídos
o céu e a terra com todos
os seus elementos. 2 No
sétimo dia, Deus
concluiu toda a obra que
tinha feito; e no sétimo
dia repousou de toda a
obra que fizera. 3 Deus
abençoou o sétimo dia e o
santificou, pois nesse dia
Deus repousou de toda a
obra da criação. 4 Essa é
a história da criação do
céu e da terra.
O ser humano
Quando o Senhor Deus
fez a terra e o céu, 5 ainda
não havia nenhum arbusto
do campo sobre a terra e
ainda não tinha brotado a
vegetação, porque o
Senhor Deus ainda não
tinha enviado chuva sobre
a
terra, e não havia
ninguém para cultivar o
solo. 6 Mas brotava da
terra uma fonte, que lhe
regava toda
a superfície. 7 Então o
Senhor Deus formou o ser
humano com o pó do solo,
soprou-lhe nas narinas o
sopro da vida, e ele
tornou-se um ser vivente.
8 Depois, o Senhor Deus
plantou um jardim em
Éden, a
oriente, e pôs ali o homem
que havia formado. 9 E o
Senhor Deus fez brotar do
solo toda sorte de
árvores de aspecto
atraente e de fruto
saboroso, e, no meio do
jardim, a árvore da vida e
a árvore do
conhecimento do bem e
do mal. 10 De Éden
nascia um rio que irrigava
o jardim e, de lá, se
dividia em
quatro braços. 11 O
primeiro chamava-se
Fison; ele banha toda a
terra de Hévila, onde se
encontra o
ouro, 12 um ouro muito
puro, como também o
bdélio e a pedra de ônix.
13 O nome do segundo
rio é
Geon, o rio que banha
toda a terra de Cuch. 14 O
nome do terceiro rio é
Tigre. Corre a oriente da
Assíria. E o quarto rio é o
Eufrates. 15 O Senhor
Deus tomou o homem e o
colocou no jardim de
Éden, para o cultivar e
guardar. 16 O Senhor
Deus deu-lhe uma ordem,
dizendo: “Podes comer de
todas as árvores do
jardim. 17 Mas da árvore
do conhecimento do bem
e do mal não deves comer,
porque, no dia em que
dele comeres, com certeza
morrerás”. 18 E o Senhor
Deus disse: “Não é bom
que o homem esteja só.
Vou fazer-lhe uma
auxiliar que lhe
corresponda”. 19 Então o
Senhor Deus
formou da terra todos os
animais selvagens e todas
as aves do céu, e
apresentou-os ao homem
para ver
como os chamaria; cada
ser vivo teria o nome que
o homem lhe desse. 20 E
o homem deu nome a
todos os animais
domésticos, a todas as
aves do céu e a todos os
animais selvagens, mas
não encontrou
uma auxiliar que lhe
correspondesse. 21 Então
o Senhor Deus fez vir
sobre o homem um
profundo
sono, e ele adormeceu.
Tirou-lhe uma das
costelas e fechou o lugar
com carne. 22 Depois, da
costela
tirada do homem, o
Senhor Deus formou a
mulher e apresentou-a ao
homem. 23 E o homem
exclamou: “Desta vez
sim, é osso dos meus
ossos e carne da minha
carne! Ela será chamada
‘humana’
porque do homem foi
tirada”. 24 Por isso
deixará o homem o pai e a
mãe e se unirá à sua
mulher, e
eles serão uma só carne.
25 O homem e sua mulher
estavam nus, mas não se
envergonhavam.
O pecado
3
1 a serpente era o mais
astuto de todos os animais
selvagens que o Senhor
Deus tinha feito. Ela disse
à
mulher: “É verdade que
Deus vos disse: ‘Não
comais de nenhuma das
árvores do jardim?’” 2 A
mulher respondeu à
serpente: “Nós podemos
comer do fruto das
árvores do jardim. 3 Mas
do fruto da
árvore que está no meio
do jardim, Deus nos disse:
‘Não comais dele nem
sequer o toqueis, do
contrário morrereis’”. 4
Mas a serpente respondeu
à mulher: “De modo
algum morrereis. 5 Pelo
contrário, Deus sabe que,
no dia em que comerdes
da árvore, vossos olhos se
abrirão, e sereis como
Deus, conhecedores do
bem e do mal”. 6 A
mulher viu que seria bom
comer da árvore, pois era
atraente para os olhos e
desejável para obter
conhecimento. Colheu o
fruto, comeu dele e o deu
ao
marido a seu lado, que
também comeu. 7 Então
os olhos de ambos se
abriram, e, como
reparassem que
estavam nus, teceram para
si tangas com folhas de
figueira. 8 Quando
ouviram o ruído do
Senhor
Deus, que passeava pelo
jardim à brisa da tarde, o
homem e a mulher
esconderam-se do Senhor
Deus
no meio das árvores do
jardim. 9 Mas o Senhor
Deus chamou o homem e
perguntou: “Onde estás?”
10 Ele respondeu: “Ouvi
teu ruído no jardim.
Fiquei com medo, porque
estava nu, e escondi-me”.
11
Deus perguntou: “E quem
te disse que estavas nu?
Então comeste da árvore,
de cujo fruto te proibi
comer?” 12 O homem
respondeu: “A mulher que
me deste por
companheira, foi ela que
me fez provar
do fruto da árvore, e eu
comi”. 13 Então o Senhor
Deus perguntou à mulher:
“Por que fizeste isso?” E
a mulher respondeu: “A
serpente enganou-me, e
eu comi”. 14 E o Senhor
Deus disse à serpente:
“Porque fizeste isso, serás
maldita entre todos os
animais domésticos e
entre todos os animais
selvagens. Rastejarás
sobre teu ventre e
comerás pó todos os dias
de tua vida. 15 Porei
inimizade entre
ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela.
Esta te ferirá a cabeça e tu
lhe ferirás o calcanhar”.
16
À mulher ele disse:
“Multiplicarei os
sofrimentos de tua
gravidez. Entre dores
darás à luz os filhos.
Teus desejos te arrastarão
para teu marido, e ele te
dominará”. 17 Ao homem
ele disse: “Porque
ouviste a voz da tua
mulher e comeste da
árvore, de cujo fruto te
proibi comer,
amaldiçoado será o
solo por tua causa. Com
sofrimento tirarás dele o
alimento todos os dias de
tua vida. 18 Ele produzirá
para ti espinhos e ervas
daninhas, e tu comerás
das ervas do campo. 19
Comerás o pão com o
suor do
teu rosto, até voltares ao
solo, do qual foste tirado.
Porque tu és pó e ao pó
hás de voltar”. 20 O
homem
chamou à sua mulher
“Eva”, porque ela se
tornou a mãe de todos os
viventes. 21 E o Senhor
Deus fez
para o homem e sua
mulher roupas de pele
com as quais os vestiu. 22
Então o Senhor Deus
disse: “Eis
que o homem tornou-se
como um de nós, capaz de
conhecer o bem e o mal.
Não ponha ele agora a
mão na árvore da vida,
para dela comer e viver
para sempre”. 23 E o
Senhor Deus o expulsou
do
jardim de Éden, para que
cultivasse o solo do qual
fora tirado. 24 Tendo
expulso o ser humano,
postou
a oriente do jardim de
Éden os querubins, com a
espada fulgurante a
cintilar, para guardarem o
caminho da árvore da
vida.
Caim e Abel
4
1 O homem se uniu a Eva,
sua mulher, e ela
concebeu e deu à luz
Caim, dizendo: “Ganhei
um homem
com a ajuda do Senhor”. 2
Tornou a dar à luz e teve
Abel, irmão de Caim.
Abel tornou-se pastor de
ovelhas e Caim pôs-se a
cultivar o solo. 3
Aconteceu, tempos
depois, que Caim
apresentou ao Senhor
frutos do solo como
oferta. 4 Abel, por sua
vez, ofereceu os primeiros
cordeirinhos e a gordura
das
ovelhas. E o Senhor olhou
para Abel e sua oferta, 5
mas não deu atenção a
Caim com sua oferta.
Caim
ficou irritado e com o
rosto abatido. 6 Então o
Senhor perguntou a Caim:
“Por que andas irritado e
com o rosto abatido? 7
Não é verdade que, se
fizeres o bem, andarás de
cabeça erguida? E se
fizeres o
mal, não estará o pecado
espreitando-te à porta? A
ti vai seu desejo, mas tu
deves dominá-lo”. 8 Caim
disse a seu irmão Abel:
“Vamos ao campo!” Mas,
quando estavam no
campo, Caim atirou-se
sobre seu
irmão Abel e o matou. 9
O Senhor perguntou a
Caim: “Onde está teu
irmão Abel?” Ele
respondeu:
“Não sei. Acaso sou o
guarda do meu irmão?” –
10 “Que fizeste?”,
perguntou ele. “Do solo
está
clamando por mim a voz
do sangue do teu irmão!
11 Por isso, agora serás
amaldiçoado pelo próprio
solo que engoliu o sangue
de teu irmão que tu
derramaste. 12 Quando
cultivares o solo, ele te
negará
seus frutos e tu virás a ser
um fugitivo, vagueando
sobre a terra”. 13 Caim
disse ao Senhor: “Meu
castigo é grande demais
para que eu o possa
suportar. 14 Se hoje me
expulsas deste chão, devo
esconder-me de ti, quando
estiver fugindo e
vagueando pela terra;
quem me encontrar vai
matar-me”.
15 Mas o Senhor lhe
disse: “Se matarem Caim,
ele será vingado sete
vezes”. O Senhor pôs
então um
sinal em Caim, para que
ninguém, ao encontrá-lo,
o matasse. 16 Caim
afastou-se da presença do
Senhor e foi habitar na
região de Nod, a leste de
Éden.
Descendência de Caim
17 Caim uniu-se a sua
mulher. Ela concebeu e
deu à luz Henoc. Caim
construiu uma cidade e
lhe deu o
nome de seu filho, Henoc.
18 Henoc gerou Maviael,
Maviael gerou Matusael,
e Matusael gerou
Lamec. 19 Lamec casou-
se com duas mulheres;
uma se chamava Ada e a
outra, Sela. 20 Ada deu à
luz Jabel, que foi o
antepassado dos nômades,
donos de rebanhos. 21 O
nome de seu irmão era
Jubal,
antepassado de todos os
tocadores de cítara e
flauta. 22 Sela teve um
filho, Tubalcaim, que
fabricava
todo tipo de instrumentos
de bronze e ferro. Noema
era a irmã de Tubalcaim.
23 Lamec disse às suas
mulheres: “Ada e Sela,
ouvi minha voz; mulheres
de Lamec, escutai o que
eu digo! Matei um
homem
por uma ferida, um jovem
por causa de um arranhão.
24 Se Caim for vingado
sete vezes, Lamec o será
setenta e sete vezes”.
Descendência de Adão e
de Set
25 Adão uniu-se de novo
à sua mulher. Ela deu à
luz um filho, a quem
chamou Set. “O Senhor –
dizia
ela – concedeu-me outro
descendente no lugar de
Abel, que Caim matou”.
26 Set também teve um
filho, a quem chamou de
Enós. Foi então que se
começou a invocar o
nome do Senhor.
5
1 Eis a lista dos
descendentes de Adão.
Quando Deus criou o ser
humano, ele o criou à
semelhança de
Deus. 2 Criou-os homem
e mulher, e os abençoou.
E no dia em que os criou,
Deus os chamou de “ser
humano”. 3 Adão tinha
cento e trinta anos quando
gerou um filho, à sua
semelhança e imagem,e
chamou-o Set. 4 Adão
viveu mais oitocentos
anos e gerou filhos e
filhas. 5 Ao todo, Adão
viveu
novecentos e trinta anos e
depois morreu. 6 Set tinha
cento e cinco anos quando
gerou Enós. 7 Viveu
mais oitocentos e sete nos
e gerou filhos e filhas. 8
Ao todo, Set viveu
novecentos e doze anos e
depois
morreu. 9 Enós tinha
noventa anos quando
gerou Cainã. 10 Viveu
mais oitocentos e quinze
anos e
gerou filhos e filhas. 11
Ao todo, Enós viveu
novecentos e cinco anos e
depois morreu. 12 Cainã
tinha
setenta anos quando gerou
Malaleel. 13 Viveu mais
oitocentos e quarenta anos
e gerou filhos e filhas.
14 Ao todo, Cainã viveu
novecentos e dez anos e
depois morreu. 15
Malaleel tinha sessenta e
cinco
anos quando gerou Jared.
16 Viveu mais oitocentos
e trinta anos e gerou
filhos e filhas. 17 Ao
todo,
Malaleel viveu oitocentos
e noventa e cinco anos e
depois morreu. 18 Jared
tinha cento e sessenta e
dois anos quando gerou
Henoc. 19 Viveu mais
oitocentos anos e gerou
filhos e filhas. 20 Ao
todo,
Jared viveu novecentos e
sessenta e dois anos e
depois morreu. 21 Henoc
tinha sessenta e cinco
anos
quando gerou Matusalém.
22 Depois de gerar
Matusalém, Henoc andou
com Deus trezentos anos
e
gerou filhos e filhas. 23
Ao todo, Henoc viveu
trezentos e sessenta e
cinco anos. 24 Como
Henoc
andasse com Deus,
desapareceu, pois Deus o
havia arrebatado. 25
Matusalém tinha cento e
oitenta e
sete anos quando gerou
Lamec. 26 Viveu mais
setecentos e oitenta e dois
anos e gerou filhos e
filhas.
27 Ao todo, Matusalém
viveu novecentos e
sessenta e nove anos e
depois morreu. 28 Lamec
tinha
cento e oitenta e dois anos
quando gerou um filho,
29 a quem deu o nome de
Noé, dizendo: “Este nos
consolará do trabalho e do
cansaço de nossas mãos,
causados pela terra que o
Senhor amaldiçoou”. 30
Depois de gerar Noé,
Lamec viveu mais
quinhentos e noventa e
cinco anos e gerou filhos
e filhas. 31
Ao todo, Lamec viveu
setecentos e setenta e sete
anos e depois morreu. 32
Noé tinha quinhentos
anos
quando gerou Sem, Cam e
Jafé.
Corrupção da humanidade
e ameaça divina
6
1 Quando o ser humano
começou a procriar-se
sobre o solo da terra e
gerou filhas, 2 os filhos de
Deus
viram que as filhas dos
humanos eram bonitas e
escolheram as que lhes
agradassem como
mulheres
para si. 3 E o Senhor
disse: “Meu espírito não
animará o ser humano
para sempre. Sendo
apenas carne,
não viverá mais do que
cento e vinte anos”. 4
(Havia então gigantes na
terra, mesmo depois que
os
filhos de Deus se uniram
às filhas dos humanos e
lhes geraram filhos. São
eles os heróis renomados
dos tempos antigos.) 5 O
Senhor viu o quanto havia
crescido a maldade das
pessoas na terra e como
todos os projetos de seus
corações tendiam
unicamente para o mal. 6
Então o Senhor
arrependeu-se de
ter feito o ser humano na
terra e ficou com o
coração magoado. 7 E o
Senhor disse: “Vou
exterminar
da face da terra o ser
humano que criei e, com
ele, os animais, o que se
move pelo chão e até as
aves
do céu, pois estou
arrependido de os ter
feito”. 8 Noé, porém,
encontrou graça aos olhos
do Senhor.
Noé constrói a arca 9 Esta
é a história de Noé: Noé
era homem justo e íntegro
entre os contemporâneos
e sempre andava com
Deus. 10 Gerou três
filhos: Sem, Cam e Jafé.
11 Mas a terra se
perverteu diante
de Deus e encheu-se de
violência. 12 E Deus viu
que a terra estava
pervertida: toda a
humanidade
tinha pervertido sua
conduta na terra. 13
Então, Deus disse a Noé:
“Decidi pôr fim a toda a
humanidade, pois por sua
causa a terra está cheia de
violência. Vou exterminá-
los com a terra. 14
Constrói para ti uma arca
de madeira resinosa,
divide-a em
compartimentos e
calafeta-a com piche por
dentro e por fora. 15 A
arca terá as seguintes
dimensões: uns cento e
cinqüenta metros de
comprimento, vinte e
cinco de largura e quinze
de altura. 16 No alto da
arca farás, como arremate,
uma clarabóia de meio
metro. No lado da arca
abrirás uma porta e farás
na arca um primeiro, um
segundo e um terceiro
andar. 17 E eu, eu vou
mandar um dilúvio sobre
a terra, a fim de
exterminar
toda a carne com sopro de
vida debaixo do céu. Tudo
o que existe na terra
perecerá. 18 Contigo,
porém, estabelecerei
minha aliança: entrarás na
arca com teus filhos, tua
mulher e as mulheres de
teus
filhos. 19 E de cada ser
vivo, de tudo o que é
carne, farás entrar contigo
na arca dois de cada
espécie,
um macho e uma fêmea,
para conservá-los vivos.
20 De cada espécie de
ave, de cada espécie de
animal doméstico, de cada
espécie dos animais
pequenos do chão virá a ti
um casal, para que os
conserves vivos. 21
Quanto a ti, recolhe de
tudo o que se pode comer
e armazena-o junto a ti,
para
servir de alimento a ti e a
eles”. 22 E Noé executou
tudo conforme Deus lhe
tinha ordenado.
7
1 O Senhor disse a Noé:
“Entra na arca com todos
os de tua casa. Tu és o
único justo que encontrei
nesta geração. 2 De todos
os animais puros toma
sete casais, o macho com
a fêmea, e dos animais
impuros, um casal, o
macho com a fêmea. 3
também das aves do céu
levarás sete casais, o
macho com
a fêmea, para que suas
espécies se conservem
vivas sobre a face da
terra. 4 Pois, dentro de
sete dias
farei chover sobre a terra
durante quarenta dias e
quarenta noites.
Exterminarei da face da
terra todos
os seres vivos que fiz”. 5
Noé executou tudo
conforme o Senhor lhe
havia ordenado. 6 Noé
tinha
seiscentos anos quando as
águas do dilúvio
inundaram a terra. 7 Noé
entrou na arca com os
filhos, a
mulher e as mulheres dos
filhos, diante das águas do
dilúvio. 8 Tanto dos
animais puros como dos
impuros, das aves e de
tudo o que se move pelo
chão, 9 entrou na arca
com Noé sempre um
casal, o
macho com a fêmea,
conforme Deus havia
ordenado a Noé. 10
Passados sete dias, as
águas do dilúvio
inundaram a terra. 11 No
ano seiscentos da vida de
Noé, no segundo mês, no
dia dezessete do mês,
nesse dia rebentaram
todas as fontes do abismo
e se abriram as cataratas
do céu. 12 Choveu sobre a
terra durante quarenta
dias e quarenta noites. 13
Nesse mesmo dia
entraram na arca Noé e os
filhos
Sem, Cam e Jafé, a
mulher dele e as três
mulheres dos filhos. 14
Além deles, entraram
todas as
especies dos animais
selvagens, dos animais
domésticos, dos animais
que se movem pelo chão,
das
aves e de todos os
pássaros que voam. 15
Vieram para junto de Noé,
na arca, dois a dois,
representando todas as
criaturas que têm sopro de
vida. 16 De todas as
espécies de criaturas
entraram
machos e fêmeas, como
Deus havia ordenado. E o
Senhor fechou a porta da
arca atrás de Noé.
O dilúvio
17 Durante quarenta dias,
o dilúvio se abateu sobre
a terra. As águas subiram
e ergueram a arca, que se
elevou acima da terra. 18
As águas cresceram e
aumentaram muito sobre
a terra, de modo que a
arca
começou a flutuar na
superfície das águas. 19
As águas cresceram tanto
sobre a terra que cobriram
as
montanhas mais altas que
há debaixo do céu. 20 As
águas subiram uns oito
metros acima das
montanhas. 21 Pereceram
todas as criaturas que se
moviam na terra, aves,
animais domésticos,
animais
selvagens e todos os
animais que fervilham
pelo chão, bem como
todos os seres humanos.
22 Morreu
tudo o que respirava pelo
nariz e vivia em terra
firme. 23 Assim foram
exterminados todos os
seres
que havia na face da terra:
tanto os seres humanos,
como os animais grandes
e pequenos e as aves do
céu foram exterminados
da terra. Restaram apenas
Noé e os que estavam
com ele na arca. 24 As
águas
dominaram sobre a terra
durante cento e cinqüenta
dias.
Fim do dilúvio
8
1 Então Deus se lembrou
de Noé e de todos os
animais selvagens e
domésticos que estavam
com ele
na arca. Fez soprar um
vento sobre a terra, e as
águas começaram a
baixar. 2 Fecharam-se as
fontes do
Abismo e as comportas do
céu, e a chuva parou de
cair. 3 Pouco a pouco as
águas foram se retirando
da terra. Ao término de
cento e cinqüenta dias
começaram a diminuir. 4
No dia dezessete do
sétimo
mês, a arca pousou sobre
os montes de Ararat. 5 As
águas continuaram
diminuindo até o décimo
mês.
E no primeiro dia desse
mês apareceram os cumes
das montanhas. 6
Passados mais quarenta
dias, Noé
abriu a janela que tinha
feito na arca 7 e soltou um
corvo, que voava indo e
vindo até que secassem as
águas sobre a terra. 8
Depois soltou uma pomba
para ver se as águas já se
haviam retirado do solo. 9
Mas a pomba não achou
onde pousar e voltou para
junto dele na arca. É que
as águas ainda cobriam
toda a superfície da terra.
Noé estendeu a mão para
fora, apanhou a pomba e
recolheu-a na arca. 10
Depois esperou mais sete
dias e tornou a soltar a
pomba. 11 Pela tardinha, a
pomba voltou com uma
folha de oliveira recém
arrancada no bico. Assim
Noé compreendeu que as
águas se haviam retirado
da terra. 12 Esperou
outros sete dias e soltou a
pomba,e ela não voltou
mais. 13 Foi no ano
seiscentos e
um da vida de Noé, no
primeiro mês, no dia
primeiro do primeiro mês,
que as águas tinham
secado
sobre a terra. Noé abriu o
teto da arca, olhou e viu
que a superfície do solo
estava seca. 14 Foi no dia
vinte e sete do segundo
mês que a terra ficou
enxuta.
Saída da arca
15 Então Deus falou a
Noé: 16 “Sai da arca com
tua mulher, teus filhos e
as mulheres de teus filhos.
17 Traze para fora
também todas as espécies
de animais que estão
contigo, aves, animais
domésticos e
animais que se movem
pelo chão, para que se
propaguem pela terra,
sejam fecundos e se
multipliquem
sobre a terra”. 18 Saiu,
pois, Noé da arca com os
filhos, a mulher e as
mulheres dos filhos. 19
Saíram
também todos os animais
selvagens e domésticos,
todas as aves e todos os
animais que se movem
pelo
chão, todos segundo suas
espécies. 20 Então Noé
construiu um altar para o
Senhor, tomou animais e
aves de todas as espécies
puras e ofereceu
holocaustos sobre o altar.
21 O Senhor aspirou o
agradável
odor e disse consigo
mesmo: “Nunca mais
tornarei a amaldiçoar a
terra por causa do gênero
humano,
por serem más desde a
infância as inclinações do
coração humano; nunca
mais tornarei a castigar
todos
os seres vivos como
acabei de fazer. 22
Enquanto a terra durar,
plantio e colheita, frio e
calor, verão e
inverno, dia e noite jamais
hão de cessar”.
Aliança com Noé e a
humanidade
9
1 Deus abençoou Noé e
seus filhos, dizendo-lhes:
“Sede fecundos,
multiplicai-vos e enchei a
terra. 2
Sereis causa de medo e de
espanto para todos os
animais da terra, todas as
aves do céu, os bichos que
se movem pelo chão e
todos os peixes do mar.
Eu os entrego todos em
vossas mãos. 3 Tudo o
que vive
e se move vos servirá de
alimento. Entrego-vos
tudo, como já vos dei os
vegetais. 4 Contudo, não
deveis comer carne com
vida, isto é, com o sangue.
5 Da mesma forma
pedirei contas do vosso
sangue,
que é a vossa vida, a
qualquer animal. E da
vida do homem pedirei
contas a seu irmão. 6
Quem
derramar sangue humano,
por mãos humanas terá
seu sangue derramado,
porque Deus fez o ser
humano à sua imagem. 7
Quanto a vós, sede
fecundos e multiplicai-
vos, povoai a terra e
multiplicai-
vos nela”. 8 Deus disse a
Noé e a seus filhos: 9 “De
minha parte, vou
estabelecer minha aliança
convosco e com vossa
descendência, 10 com
todos os seres vivos que
estão convosco, aves,
animais
domésticos e selvagens,
enfim, com todos os
animais da terra que
convosco saíram da arca.
11
Estabeleço convosco a
minha aliança: não
acontecerá novamente que
toda a carne seja
exterminada
pelas águas de um
dilúvio. Não haverá mais
dilúvio para devastar a
terra”. 12 E Deus disse:
“Eis o
sinal da aliança que
estabeleço entre mim e
vós e todos os seres vivos
que estão convosco, por
todas as
gerações futuras. 13
Ponho meu arco nas
nuvens, como sinal de
aliança entre mim e a
terra. 14 Quando
eu cobrir de nuvens a
terra, aparecerá o arco-íris
nas nuvens. 15 Então me
lembrarei de minha
aliança
convosco e com todas as
espécies de seres vivos, e
as águas não se tornarão
mais um dilúvio para
destruir toda carne. 16
Quando o arco-íris estiver
nas nuvens, eu o
contemplarei como
recordação da
aliança eterna entre Deus
e todas as espécies de
seres vivos sobre a terra”.
17 Deus disse a Noé:
“Este
é o sinal da aliança que
estabeleço entre mim e
toda a carne sobre a
terra”.
Noé e os filhos
18 Os filhos de Noé, que
saíram da arca,
foramSem, Cam e Jafé.
Cam é o antepassado de
Canaã. 19
Esses três eram os filhos
de Noé, pelos quais se
povoou toda a terra. 20
Noé começou a praticar a
agricultura e plantou uma
vinha. 21 Bebeu vinho e
se embriagou, ficando
despido dentro da tenda.
22
Cam, o antepassado de
Canaã, viu a nudez do pai
e foi contar aos dois
irmãos que estavam fora.
23
Sem e Jafé, porém,
puseram o manto nos
ombros e, caminhando de
costas, cobriram a nudez
do pai.
Como estavam de costas,
não viram a nudez do pai.
24 Despertando da
embriaguez, Noé ficou
sabendo o que fizera o
filho mais novo e 25
disse: “Maldito seja
Canaã! Que se torne o
último dos
escravos de seus irmãos”.
26 E acrescentou:
“Bendito seja o Senhor
Deus de Sem, e Canaã
seja seu
escravo. 27 Que Deus
faça prosperar Jafé, que
ele habite nas tendas de
Sem, e Canaã seja seu
escravo”.
28 Depois do dilúvio, Noé
viveu trezentos e
cinqüenta anos. 29
Quando morreu, tinha
completado
novecentos e cinqüenta
anos de idade.
Lista dos povos
10
1 Eis os descendentes dos
filhos de Noé: Sem, Cam
e Jafé. Eles tiveram filhos
depois do dilúvio.
2Filhos de Jafé: Gomer,
Magog, Madai, Javã,
Tubal, Mosoc e Tiras. 3
Filhos de Gomer:
Asquenez,
Rifat e Togorma. 4 Filhos
de Javã: Elisa e Társis,
Cetim e Rodanim. 5
Destes se separaram as
populações das ilhas, cada
qual segundo seu país,
língua, família e nação. 6
Filhos de Cam: Cuch,
Mesraim, Fut e Canaã. 7
Filhos de Cuch: Saba,
Hévila, Sabata, Regma e
Sabataca. Filhos de
Regma:
Sabá e Dadã. 8 Cuch
gerou Nemrod, o primeiro
a se tornar valente neste
mundo. 9 Era um caçador
valente diante do Senhor.
Por isso é que se diz:
“Caçador valente diante
do Senhor, como
Nemrod”. 10
As capitais de seu reino
foram: Babel, Arac, Acad
e Calane na terra de
Senaar. 11 Dali se
originou
Assur, que construiu
Nínive, Reobot-Ir, Cale
12 e Resen, a grande
cidade que fica entre
Nínive e Cale.
13 Mesraim gerou os
ludeus, os anameus, os
laabeus, os neftuenses, 14
os fetruseus, caslueus e os
caftoreus, dos quais
descendem os filisteus. 15
Canaã gerou Sidon, o
primogênito, e Het, 16
bem
como os jebuseus, os
amorreus, gergeseus, 17
os heveus, os araceus, os
sineus, 18 os arádios, os
samareus e os emateus.
Depois de se dispersarem
as famílias dos cananeus,
19 o território cananeu se
estendia desde Sidônia, na
direção de Gerara, até
Gaza; e na direção de
Sodoma, Gomorra,
Adama e
Seboim, até Lesa. 20 São
esses os filhos de Cam,
segundo as famílias,
línguas, territórios e
nações. 21
Sem, antepassado de
todos os filhos de Héber e
irmão mais velho de Jafé,
também teve uma
descendência. 22 São
filhos de Sem: Elam,
Assur, Arfaxad, Lud e
Aram. 23 Filhos de Aram:
Hus, Hul,
Geter e Mes. 24 Arfaxad
gerou Salé, e Salé, Héber.
25 Héber teve dois filhos,
um dos quais se chamou
Faleg, pois no seu tempo
o país se dividiu. O irmão
se chamava Jectã. 26
Jectã gerou Elmodad,
Salef,
Asarmot, Jaré, 27
Aduram, Uzal, Decla, 28
Ebal, Abimael, Sabá, 29
Ofir, Hévila e Jobab.
Todos esses
são filhos de Jectã 30 e
habitavam a região desde
Mesa até Sefar, a
montanha oriental. 31 São
esses os
filhos de Sem, segundo as
famílias, línguas, regiões
e nações. 32 Todos esses
são clãs dos filhos de
Noé, segundo as suas
descendências e por
nações. A partir deles se
espalharam os povos pela
terra,
depois do dilúvio.
A torre de Babel
11
1 A terra inteira tinha uma
só língua e usava as
mesmas palavras. 2 Ao
migrarem do oriente, os
homens acharam uma
planície na terra de
Senaar, e ali se
estabeleceram. 3
Disseram uns aos outros:
“Vamos fazer tijolos e
cozê-los ao fogo”.
Utilizaram tijolos como
pedras e betume como
argamassa. 4
E disseram: “Vamos
construir para nós uma
cidade e uma torre que
chegue até o céu. Assim
nos
faremos um nome. Do
contrário, seremos
dispersados por toda a
superfície da terra”. 5
Então o Senhor
desceu para ver a cidade e
a torre que os homens
estavam construindo. 6 E
o Senhor disse: “Eles
formam um só povo e
todos falam a mesma
língua. Isto é apenas o
começo de seus
empreendimentos.
Agora, nada os impedirá
de fazer o que se
propuserem. 7 Vamos
descer ali e confundir a
língua deles,
de modo que não se
entendam uns aos outros”.
8 E o Senhor os dispersou
daquele lugar por toda a
superfície da terra, e eles
pararam de construir a
cidade. 9 Por isso a cidade
recebeu o nome de Babel,
\Confusão, porque foi lá
que o Senhor confundiu a
linguagem de todo
mundo, e de lá dispersou
os
seres humanos por toda a
terra.
De Sem a Abraão
10 Estes são os
descendentes de Sem:
Sem tinha cem
anos quando gerou
Arfaxad, dois anos depois
do dilúvio. 11 Sem viveu
mais quinhentos anos e
gerou
filhos e filhas. 12 Arfaxad
tinha trinta e cinco anos
de idade quando gerou
Salé. 13 Viveu mais
quatrocentos e três anos, e
gerou filhos e filhas. 14
Salé tinha trinta anos de
idade quando gerou
Héber.
15 Viveu mais
quatrocentos e três anos, e
gerou filhos e filhas. 16
Héber tinha trinta e quatro
anos de
idade quando gerou Faleg.
17 Viveu mais
quatrocentos e trinta anos,
e gerou filhos e filhas. 18
Faleg
tinha trinta anos quando
gerou Reu.19 Viveu mais
duzentos e nove anos, e
gerou filhos e filhas. 20
Reu tinha trinta e dois
anos quando gerou Sarug.
21 Viveu mais duzentos e
sete anos, e gerou filhos e
filhas. 22 Sarug tinha
trinta anos quando gerou
Nacor. 23 Viveu mais
duzentos anos, e gerou
filhos e
filhas. 24 Nacor tinha
vinte e nove anos quando
gerou Taré. 25 Viveu mais
cento e dezenove anos, e
gerou filhos e filhas. 26
Taré tinha setenta anos
quando gerou Abrão,
Nacor e Arã.
A família de Abraão
27 Estes são os
descendentes de Taré:
Tare foi pai de Abrão,
Nacor e Arã . Arã foi pai
de Ló, 28 e
morreu antes de seu pai
Taré, em sua terra natal,
Ur dos Caldeus. 29 Abrão
e Nacor ambos casaram; a
mulher de Abrão
chamava-se Sarai e a de
Nacor, Melca, filha de
Arã, pai de Melca e Jesca.
30 Sarai
era estéril e não tinha
filhos. 31 Taré tomou
consigo o filho Abrão, o
neto Ló, filho de Arã , e a
nora
Sarai, mulher de seu filho
Abrão, e os fez sair de Ur
dos Caldeus, para dirigir-
se à terra de Canaã. Mas,
quando chegaram a Harã,
ali se estabeleceram. 32
Taré morreu aos duzentos
e cinco anos de idade,
em Harã.
ABRÃO-ABRAAO
Vocação de Abrão
12
1 O Senhor disse a Abrão:
“Sai de tua terra, do meio
de teus parentes, da casa
de teu pai, e vai para a
terra que eu vou te
mostrar. 2 Farei de ti uma
grande nação e te
abençoarei: engrandecerei
o teu nome,
de modo que ele se torne
uma bênção. 3 Abençoarei
os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem. Em ti
serão abençoadas todas as
famílias da terra”. 4
Abrão partiu, como o
Senhor lhe
havia dito, e Ló foi com
ele. Abrão tinha setenta e
cinco anos ao partir de
Harã. 5 Ele levou consigo
sua mulher Sarai, o
sobrinho Ló e todos os
bens que possuíam, além
dos escravos que haviam
adquirido em Harã. Assim
partiram rumo à terra de
Canaã, e ali chegaram. 6
Abrão atravessou o país
até o santuário de Siquém,
até o carvalho de Moré.
Os cananeus viviam então
nessa terra. 7 O Senhor
apareceu a Abrão e lhe
disse: “Darei esta terra à
tua descendência”. Abrão
ergueu ali um altar ao
Senhor, que lhe tinha
aparecido. 8 De lá,
deslocou-se em direção ao
monte que fica a oriente
de Betel,
e ali armou as tendas,
tendo Betel a ocidente e
Hai a oriente. Também ali
ergueu um altar ao Senhor
e
invocou o nome do
Senhor. 9 Depois, de
acampamento em
acampamento, Abrão foi
até o deserto do
Negueb. Abrão e Sarai no
Egito 10 Houve, porém,
uma fome no país. Abrão
desceu ao Egito para
morar ali por algum
tempo, porque a fome
assolava a terra. 11 Perto
de entrar no Egito, disse a
Sarai,
sua mulher: “Eu sei que
és uma mulher bonita. 12
Quando te virem, os
egípcios vão dizer: ‘Esta é
a
mulher dele’, e me
matarão, conservando-te
viva. 13 Dize, por favor,
que és minha irmã, para
que me
tratem bem por tua causa
e, graças a ti, eu salve
minha vida”. 14 Quando
Abrão entrou no Egito, os
egípcios viram que sua
mulher era muito bonita.
15 Ao vê-la, os ministros
do faraó a elogiaram
muito
diante dele, de modo que
a mulher foi levada ao
palácio do faraó. 16
Quanto a Abrão, foi muito
bem
tratado por causa dela,
ganhando ovelhas, bois e
jumentos, escravos e
escravas, mulas e
camelos. 17 O
Senhor, porém, castigou
com grandes pragas o
faraó e sua corte por
causa de Sarai, mulher de
Abrão.
18 O faraó mandou
chamar Abrão e lhe disse:
“Por que me fizeste isso?
Por que não me contaste
que
ela era tua mulher? 19 Por
que disseste: ‘É minha
irmã’, levando-me a
tomá-la por esposa? E
agora,
aqui tens tua mulher.
Toma-a e vai embora”. 20
O faraó deu ordens a seus
homens que o
despachassem com a
mulher e tudo o que
possuía.
Abrão e Ló se separam
13
1 Abrão subiu do Egito ao
deserto do Negueb, com a
mulher, com todos os
bens e em companhia de
Ló. 2 Abrão era muito
rico em rebanhos, prata e
ouro. 3 Do Negueb voltou
para Betel, de parada em
parada, até o lugar onde
tinha acampado antes,
entre Betel e Hai. 4
Chegando ao lugar onde
antes tinha
erguido um altar, Abrão
invocou o nome do
Senhor. 5 Ló, que
acompanhava Abrão,
também tinha
ovelhas, gado e tendas. 6
A região já não bastava
para os dois; o tamanho
de seus rebanhos não
permitia mais que
morassem no mesmo
lugar. 7 Surgiram
discórdias entre os
pastores que cuidavam
da criação de Abrão e os
pastores de Ló. Naquele
tempo, os cananeus e os
fereseus ainda viviam
nessa
terra. 8 Abrão disse a Ló:
“Não deve haver
discórdia entre nós nem
entre nossos pastores, pois
somos
irmãos. 9 Estás vendo
toda esta terra diante de
ti? Pois bem, peço-te,
separa-te de mim. Se
fores para a
esquerda, eu irei para a
direita; se fores para a
direita, eu irei para a
esquerda”. 10 Levantando
os
olhos, Ló viu que toda a
região em torno do
Jordão, até a altura de
Segor, era por toda a parte
irrigada;
era como um jardim do
Senhor, como o Egito.
(Isso era antes que o
Senhor destruísse Sodoma
e
Gomorra.) 11 Ló
escolheu, então, para si a
região em torno do rio
Jordão e dirigiu-se para
oriente.
Assim os dois se
separaram. 12 Abrão
permaneceu na terra de
Canaã, enquanto Ló se
estabeleceu nas
cidades próximas do
Jordão, armando suas
tendas até Sodoma. 13
Ora, os habitantes de
Sodoma eram
perversos e pecavam
gravemente contra o
Senhor.
A promessa da terra
14 O Senhor disse a
Abrão, depois que Ló se
separara dele: “Levanta os
olhos e, do lugar onde
estás,
contempla o norte e o sul,
o oriente e o ocidente. 15
Toda esta terra que estás
vendo, eu a darei a ti e à
tua descendência, para
sempre. 16 Tornarei tua
descendência como a
poeira do chão. Só quem
puder
contar os grãos de poeira
do chão contará também a
tua descendência. 17
Levanta-te e percorre esta
terra de ponta a ponta,
porque será a ti que a
darei”. 18 Abrão
desarmou suas tendas e
foi morar junto
ao carvalho de Mambré,
perto de Hebron, onde
ergueu um altar para o
Senhor.
Abrão, valente contra os
inimigos
14
1 No tempo de seu
reinado, Amrafel, rei de
Senaar, Arioc, rei de
Elasar, Codorlaomor, rei
de Elam, e
Tadal, rei de Goim, 2
declararam guerra contra
Bara, rei de Sodoma,
Bersa, rei de Gomorra,
Senaab,
rei de Adama, Semeber,
rei de Seboim e contra o
rei de Bela (que é Segor).
3 Estes últimos se haviam
concentrado no vale de
Sidim (que agora é o mar
Morto). 4 Durante doze
anos haviam servido a
Codorlaomor, mas no
décimo terceiro ano se
rebelaram. 5 No décimo
quarto ano veio
Codorlaomor
com os reis aliados e
derrotou os refaítas em
Astarot Carnaim, os
zuzitas em Ham, os
emitas na
planície de Cariataim 6 e
os hurritas nos montes de
Seir até El-Farã, junto ao
deserto. 7 Voltando,
vieram a En-Mispat (que
é Cades) e devastaram
todo o território dos
amalecitas e o dos
amorreus, que
moravam em
Asasontamar. 8 Saíram-
lhes ao encontro os reis de
Sodoma, Gomorra,
Adama, Seboim e
Bela (que é Segor).
Puseram-se em ordem de
batalha, no vale de Sidim,
9 contra Codorlaomor, rei
de
Elam, Tadal, rei de Goim,
Amrafel, rei de Senaar e
Arioc, rei de Elasar. Eram
quatro reis contra cinco.
10 Havia no vale de
Sidim muitos poços de
betume. Postos em fuga,
os reis de Sodoma e
Gomorra
caíram neles, enquanto os
sobreviventes fugiram
para a montanha. 11 Os
vencedores saquearam
todos
os bens e provisões de
Sodoma e Gomorra e se
retiraram. 12 Levaram
também consigo Ló,
sobrinho
de Abrão, que morava em
Sodoma, com todos os
seus bens. 13 Um dos
fugitivos foi informar a
Abrão,
o hebreu, que morava
junto ao carvalho do
amorreu Mambré, irmão
de Escol e Aner, aliados
de Abrão.
14 Quando Abrão soube
que seu parente fora
seqüestrado, mobilizou
trezentos e dezoito
escravos
nascidos em sua casa e
perseguiu os reis até Dã.
15 Dividiu a tropa e caiu
sobre eles de noite, ele
com
os seus escravos,
derrotando-os e
perseguindo-os até Hoba,
ao norte de Damasco. 16
Recuperou todos
os bens, seu parente Ló
com todos os bens, as
mulheres e sua gente.
Melquisedec abençoa
Abrão
17 Quando Abraão
voltava, depois da vitória
contra Codorlaomor e os
reis aliados, saiu-lhe ao
encontro o rei de Sodoma
no vale de Save (que é o
vale do Rei). 18
Melquisedec, rei de
Salém, trouxe
pão e vinho e, como
sacerdote de Deus
Altíssimo, 19 abençoou
Abrão, dizendo: “Bendito
seja Abrão
pelo Deus Altíssimo,
Criador do céu e da terra.
20 Bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou
teus
inimigos em tuas mãos”.
E Abrão entregou-lhe o
dízimo de tudo. 21 O rei
de Sodoma disse a Abrão:
“Entrega- me as pessoas e
fica com os bens”. 22
Abrão, porém, respondeu
ao rei de Sodoma:
“Levanto
minha mão para o Senhor,
o Deus Altíssimo, Criador
do céu e da terra, e juro:
23 nem um fio, nem
uma correia de sandália,
nem coisa alguma tomarei
do que é teu, para que não
digas: ‘Enriqueci
Abrão’.
24 Nada para mim!
Apenas o que os
guerreiros comeram e a
parte devida aos homens
que me
acompanharam, Aner,
Escol e Mambré; só eles
receberão cada qual sua
parte”.
Promessa do herdeiro e
aliança
15
1 Depois desses
acontecimentos, o Senhor
falou a Abrão numa visão,
dizendo: “Não temas,
Abrão! Eu
sou teu escudo protetor;
tua recompensa será
muito grande”. 2 Abrão
respondeu: “Senhor Deus,
que
me haverás de dar? Eu me
vou sem filhos, e o
herdeiro de minha casa é
Eliezer de Damasco”. 3 E
acrescentou: “Como não
me deste descendência,
um escravo nascido em
minha casa será meu
herdeiro”. 4 Então veio-
lhe a palavra do Senhor:
“Não será esse o teu
herdeiro; um dos teus
descendentes será o
herdeiro”. 5 E,
conduzindo-o para fora,
disse-lhe: “Olha para o
céu e conta as
estrelas, se fores capaz!”
E acrescentou: “Assim
será tua descendência”. 6
Abrão teve fé no Senhor,
que levou isso em conta
de justiça. 7 E disse-lhe:
“Eu sou o Senhor que te
fez sair de Ur dos
Caldeus,
para te dar esta terra em
posse”. 8 Abrão lhe
perguntou: “Senhor Deus,
como poderei saber que
eu vou
possuí-la?” 9 o Senhor lhe
disse: “Traze-me uma
novilha de três anos, uma
cabra de três anos e um
carneiro de três anos,
além de uma rola e uma
pombinha”. 10 Abrão
trouxe tudo e cortou os
animais
pelo meio, menos as aves,
dispondo as respectivas
partes uma na frente da
outra. 11 Aves de rapina
se
precipitavam sobre os
cadáveres, mas Abrão as
afugentava. 12 Quando o
sol já ia descendo, um
sono
profundo caiu sobre
Abrão, que foi tomado de
grande e misterioso terror.
13 E o Senhor disse a
Abrão:
“Fica sabendo que tua
descendência viverá como
estrangeiros numa terra
que não lhes pertence.
Serão
reduzidos à escravidão e
oprimidos durante
quatrocentos anos. 14
Mas eu farei o julgamento
da nação
que os escravizará, e
depois sairão dali com
grandes riquezas. 15
Quanto a ti, irás reunir-te
em paz
com teus pais e serás
sepultado depois de uma
velhice feliz. 16 Na quarta
geração, eles voltarão
para
cá, pois a culpa dos
amorreus ainda não se
completou”. 17 Quando o
sol se pôs e a escuridão
chegou,
apareceu um braseiro
fumegante e uma tocha de
fogo, que passaram por
entre as partes dos
animais
esquartejados. 18 aquele
dia, o Senhor fez aliança
com Abrão, dizendo: “A
teus descendentes darei
esta terra, desde o rio do
Egito até o grande rio, o
Eufrates: 19 terra dos
quenitas, dos quenezitas,
dos
cadmonitas, 20 dos
heteus, dos fereseus, dos
refaítas, 21 dos amorreus,
dos cananeus, dos
gergeseus e
dos jebuseus”.
Nascimento de Ismael
16
1 Sarai, mulher de Abrão,
não lhe havia dado filhos.
Mas ela tinha uma escrava
egípcia chamada Agar.
2 Sarai disse a Abrão: “Já
que o Senhor me fez
estéril, une-te à minha
escrava, para ver se, por
meio
dela, eu possa ter filhos”.
Abrão atendeu ao pedido
de Sarai. 3 (Isso foi
quando Abrão habitava na
terra
de Canaã fazia dez anos.)
Sarai, esposa de Abrão,
tomou a escrava egípcia,
Agar, e deu-a como
mulher
a Abrão, seu marido. 4
Ele uniu-se a Agar e ela
concebeu. Percebendo-se
grávida, começou a olhar
com desprezo para a sua
Senhora. 5 Sarai disse a
Abrão: “Tu és responsável
pela injúria que estou
sofrendo. Fui eu mesma
que pus minha escrava em
teus braços, mas ela,
assim que ficou grávida,
começou a desprezar-me.
O Senhor seja juiz entre
mim e ti”. 6 Abrão disse
para Sarai: “Olha, a
escrava é tua. Faze dela o
que bem entenderes”.
Então Sarai a maltratou
tanto que ela fugiu. 7 Um
anjo do Senhor
encontrou-a junto à fonte
do deserto, no caminho de
Sur, 8 e disse-lhe: “Agar,
escrava
de Sarai, de onde vens e
para onde vais?” Ela
respondeu: “Estou
fugindo de Sarai, minha
Senhora”. 9
E o anjo do Senhor lhe
disse: “Volta para tua
Senhora e põe-te sob as
suas ordens”. 10 E o anjo
do
Senhor acrescentou:
“Multiplicarei a tua
descendência de tal forma
que ninguém a poderá
contar”. 11
Por fim o anjo do Senhor
disse: “Olha, estás
grávida, darás à luz um
filho e o chamarás Ismael,
porque
na tua aflição o Senhor te
escutou. 12 Ele será
semelhante a um jumento
selvagem, sua mão estará
contra todos, e a mão de
todos contra ele. Ele
habitará separado de
todos os seus irmãos”. 13
Ela
invocou, então, o nome do
Senhor que lhe havia
falado: “Tu, o Deus que
olha para mim”, pois ela
disse: “Aqui cheguei a ver
Aquele que olha para
mim”. 14 Por isso aquele
poço se chamou poço de
Laai-Roí (isto é,
“d’Aquele que vive e olha
para mim”). Fica entre
Cades e Barad. 15 Agar
deu a
Abrão um filho. Abrão
pôs o nome de Ismael ao
filho que Agar lhe deu. 16
Abrão tinha oitenta e seis
anos quando Agar deu à
luz Ismael.
Aliança selada pela
circuncisão
17
1 Abrão tinha noventa e
nove anos, quando o
Senhor lhe apareceu e lhe
disse: “Eu sou o Deus
Poderoso. Anda na minha
presença e sê íntegro. 2
Quero estabelecer contigo
minha aliança e
multiplicar sobremaneira
a tua descendência”. 3
Abrão prostrou-se com o
rosto em terra, e Deus lhe
disse: 4 “De minha parte,
esta é a minha aliança
contigo: tu serás pai de
uma multidão de nações.
5 Já
não te chamarás Abrão:
Abraão será teu nome,
porque farei de ti o pai de
uma multidão de nações.
6
Eu te tornarei
extremamente fecundo.
De ti farei nações e terás
reis como descendentes. 7
Estabeleço
minha aliança entre mim e
ti e teus descendentes para
sempre, uma aliança
eterna, para que eu seja
Deus para ti e para teus
descendentes. 8 A terra
em que vives como
estrangeiro, toda a terra
de Canaã,
eu a darei como
propriedade perpétua a ti
e a teus descendentes. Eu
serei o Deus deles”. 9
Deus disse a
Abraão: “De tua parte,
guardarás a minha
aliança, tu e tua
descendência, para
sempre. 10 Esta é a
minha aliança que
devereis observar, aliança
entre mim e vós e tua
descendência futura: todo
varão
entre vós deverá ser
circuncidado. 11
Circuncidareis a carne do
prepúcio: esse será o sinal
da aliança
entre mim e vós. 12 No
oitavo dia do nascimento
serão circuncidados todos
os meninos, de cada
geração, mesmo os filhos
dos escravos nascidos em
casa ou comprados de
algum estrangeiro, e que
não fazem parte de tua
descendência.13 Seja
circuncidado tanto o
escravo nascido em casa
como o
comprado a dinheiro.
Assim trareis em vossa
carne o sinal de minha
aliança para sempre. 14 O
incircunciso, porém,
aquele que não
circuncidar a carne de seu
prepúcio, seja eliminado
do povo,
porque violou minha
aliança”.
Promessa a respeito de
Sara
15 Deus disse ainda a
Abraão: “Quanto à tua
mulher, Sarai, já não a
chamarás Sarai, mas Sara,
Princesa. 16 Eu a
abençoarei e também dela
te darei um filho. Eu a
abençoarei, e ela será mãe
de
nações; dela nascerão reis
de povos”. 17 Abraão
prostrou-se com o rosto
em terra e começou a rir,
dizendo consigo mesmo:
“Será que um homem de
cem anos vai ter um filho
e que, aos noventa anos,
Sara vai dar à luz?” 18 E,
dirigindo-se a Deus, disse:
“Quem dera que ao menos
Ismael pudesse viver
em tua presença”. 19 Mas
Deus respondeu: “Na
verdade é Sara, tua
mulher, que te dará um
filho, a
quem chamarás Isaac.
Com ele estabelecerei
minha aliança, uma
aliança perpétua para sua
descendência. 20 E
também a respeito de
Ismael atendo a teu
pedido: eu o abençoarei e
o tornarei
fecundo e extremamente
numeroso. Será pai de
doze chefes, e dele farei
uma grande nação. 21
Quanto
à minha aliança, porém,
eu a estabelecerei com
Isaac, o filho que Sara te
dará no ano que vem, por
este
tempo”. 22 Tendo
acabado de falar com
Abraão, Deus subiu e o
deixou.
A circuncisão de Ismael e
de Abraão
23 Abraão tomou o filho
Ismael, bem como todos
os escravos nascidos em
sua casa ou comprados a
dinheiro, todos os varões
de sua casa, e
circuncidou-lhes a carne
do prepúcio naquele
mesmo dia,
como Deus lhe tinha
ordenado. 24 Abraão tinha
noventa e nove anos
quando circuncidou a
carne de
seu prepúcio. 25 Seu filho
Ismael tinha treze anos
quando foi circuncidado.
26 Naquele mesmo dia
foram circuncidados
Abraão e seu filho Ismael,
27 juntamente com todos
os homens de sua casa,
tanto
os que nela nasceram
como os comprados de
estrangeiro.
Deus visita Abraão
18
1 Depois o Senhor
apareceu a Abraão junto
ao carvalho de Mambré,
quando ele estava sentado
à
entrada da tenda, no
maior calor do dia. 2
Levantando os olhos,
Abraão viu, perto dele,
três homens de
pé. Assim que os viu, saiu
correndo ao seu encontro,
prostrou-se por terra 3 e
disse: “Meu Senhor, se
mereci teu favor, peço-te,
não prossigas viagem sem
parar junto a mim, teu
servo. 4 Mandarei trazer
um pouco de água para
lavar vossos pés e
descansareis debaixo da
árvore. 5 Farei servir um
pouco de
pão para refazerdes as
forças, antes de continuar
a viagem. Pois foi para
isso mesmo que passastes
junto a vosso servo”. Eles
responderam: “Faze como
disseste”. 6 Abraão entrou
logo na tenda onde
estava Sara e lhe disse:
“Toma depressa três
medidas da mais fina
farinha, amassa uns pães e
assa-os”.
7 Depois, Abraão correu
até o rebanho, pegou um
bezerro bem bonito e o
entregou a um criado para
que o preparasse sem
demora. 8 a seguir foi
buscar coalhada, leite e o
bezerro assado e serviu
tudo
para eles. Enquanto
comiam, Abraão ficou de
pé, junto deles, debaixo
da árvore. 9 Eles lhe
perguntaram: “Onde está
Sara, tua mulher?” –
“Está na tenda”,
respondeu ele. 10 Um
deles disse: “No
ano que vem, por este
tempo, voltarei a ti, e
Sara, tua mulher, já terá
um filho”. Sara ouviu isso
na
entrada da tenda, atrás
dele. 11 Ora, Abraão e
Sara já eram velhos,
muito avançados em
idade, e ela já
não tinha as regras das
mulheres. 12 Por isso,
Sara se pôs a rir em seu
íntimo, dizendo:
“Acabada como
estou, terei ainda tal
prazer, sendo meu marido
já velho?” 13 E o Senhor
disse a Abraão: “Por que
Sara
riu? Pois ela disse: ‘Acaso
ainda terei um filho,
sendo já velha?’ 14 Existe
alguma coisa impossível
para o Senhor? No ano
que vem, por este tempo
voltarei e Sara já terá um
filho”. 15 Sara negou que
tivesse rido: “Não ri”,
disse ela, pois estava com
medo. Mas ele insistiu:
“Sim, tu riste”.
Abraão intercede por
Sodoma e Gomorra
16 Os homens
levantaram-se e voltaram
os olhos em direção de
Sodoma. Abraão os
acompanhava para
deles se despedir. 17 O
Senhor disse consigo:
“Acaso poderei ocultar a
Abraão o que vou fazer?
18
Pois Abraão virá a ser
uma nação grande e forte,
e nele serão abençoadas
todas as nações da terra.
19
De fato, eu o escolhi para
que ensine seus filhos e
sua casa a guardarem os
caminhos do Senhor,
praticando a justiça e o
direito, a fim de que o
Senhor cumpra a respeito
de Abraão o que lhe
prometeu”. 20 Então o
Senhor disse: “O clamor
contra Sodoma e Gomorra
cresceu, e agravou-se
muito o seu pecado. 21
Vou descer para verificar
se as suas obras
correspondem ou não ao
clamor que
chegou até mim”. 22
Partindo dali, os homens
se dirigiram a Sodoma,
enquanto Abraão ficou ali
na
presença do Senhor. 23
Então, aproximando-se,
Abraão disse: “Vais
realmente exterminar o
justo com
o ímpio? 24 Se houvesse
cinqüenta justos na
cidade, acaso os
exterminarias? Não
perdoarias o lugar
por causa dos cinqüenta
justos que ali vivem? 25
Longe de ti proceder
assim, fazendo morrer o
justo
com o ímpio, como se o
justo fosse igual ao ímpio!
Longe de ti! O juiz de
toda a terra não faria
justiça?” 26 O Senhor
respondeu: “Se eu
encontrar em Sodoma
cinqüenta justos,
perdoarei por causa
deles a cidade inteira”. 27
Abraão prosseguiu e
disse: “Sou bem atrevido
em falar a meu Senhor, eu
que sou pó e cinza. 28 Se
dos cinqüenta justos
faltarem cinco, destruirás
por causa dos cinco a
cidade
inteira?” O Senhor
respondeu-lhe: “Não a
destruirei se achar ali
quarenta e cinco justos”.
29 Insistiu
ainda Abraão e disse: “E
se forem só quarenta?”
Ele respondeu: “Por causa
dos quarenta, não a
destruirei”. 30 Abraão
tornou a insistir: “Não se
irrite o meu Senhor, se
ainda falo. E se não
houver
mais do que trinta
justos?” Ele respondeu:
“Também não o farei se
encontrar somente trinta”.
31
Tornou Abraão a insistir:
“Já que me atrevi a falar a
meu Senhor: e se houver
apenas vinte justos?” Ele
respondeu: “Não a
destruirei, por causa dos
vinte”. 32 E Abraão disse:
“Que meu Senhor não se
irrite,
se falar só mais uma vez:
e se houver apenas dez?”
E ele respondeu: “Por
causa dos dez, não a
destruirei”. 33 Tendo
acabado de falar a
Abraão, o Senhor partiu, e
Abraão voltou para sua
tenda.
Destruição de Sodoma e
Gomorra
19
1 De tarde, os dois anjos
chegaram a Sodoma. Ló
estava sentado à porta da
cidade. Ao vê-los, Ló se
levantou, saiu-lhes ao
encontro, prostrou-se com
o rosto em terra 2 e disse:
“Meus Senhores, rogo-
vos
que venhais à casa de
vosso servo para lavardes
os pés e pernoitardes.
Amanhã cedo, ao
despertar,
seguireis vosso caminho”.
Mas eles responderam:
“Não, nós vamos passar a
noite na praça”. 3 Ló
insistiu muito com eles,
de modo que foram com
ele para casa, onde lhes
preparou um jantar e
alguns
pães, e eles comeram. 4
Ainda não foram dormir,
quando os homens da
cidade, os habitantes de
Sodoma, cercaram a casa;
moços e velhos, vieram
todos sem exceção. 5
Chamaram Ló e lhe
disseram:
“Onde estão os homens
que vieram à tua casa esta
noite? Traze-os cá até nós,
para termos relações
com eles”. 6 Ló saiu à
porta, fechou-a atrás de si
7e lhes disse: “Por favor,
meus irmãos, não façais
semelhante maldade. 8
Vede, tenho duas filhas
ainda virgens. Vou trazê-
las para fora. Podeis fazer
com elas o que bem
entenderdes; mas nada
façais a estes homens,
pois vieram acolher-se
sob o meu
teto”. 9 Eles lhe disseram:
“Fora daqui! Este
indivíduo veio como
imigrante e pretende ser
juiz? Pois
bem. Vamos te fazer algo
pior do que a eles”.
Avançaram violentamente
sobre Ló e já estavam
para
arrombar a porta. 10 Mas
os hóspedes intervieram,
puxaram Ló para dentro
de casa e fecharam a
porta.
11 Feriram de cegueira os
homens que estavam fora,
desde o menor até o
maior, de modo que não
podiam mais encontrar a
porta. 12 Os dois homens
disseram a Ló: “Se tens
aqui ainda algum parente,
genro, filho ou filha, tudo
o que tens na cidade, tira-
o daqui. 13 Vamos
destruir este lugar, pois
grande
é o clamor contra ele
diante do Senhor. Ele nos
enviou para destruir a
cidade. 14 Ló foi então
falar
com os genros que
estavam para casar-se
com suas filhas e lhes
disse: “Levantai-vos e saí
deste lugar,
porque o Senhor vai
destruir a cidade”. Mas os
genros julgaram que
estivesse brincando. 15
Ao raiar
da aurora, os anjos
insistiram com Ló,
dizendo: “Levanta-te,
toma tua mulher e as duas
filhas que tens,
para não morreres
também tu por causa do
castigo da cidade”. 16
Como ele hesitasse, os
homens
tomaram-no pela mão, a
ele, à mulher e às duas
filhas – pois o Senhor
tinha compaixão dele –,
fizeram-nos sair e
deixaram-nos fora da
cidade. 17 Uma vez fora,
disseram: “Trata de salvar
tua vida.
Não olhes para trás, nem
pares em parte alguma
desta região, mas foge
para a montanha, se não
quiseres morrer”. 18 Ló
respondeu: “Não, meu
Senhor, eu te peço! 19 O
teu servo encontrou teu
favor,
e foi grande tua bondade
comigo, conservando-me
a vida. Mas receio não
poder salvar-me na
montanha, antes que a
calamidade me atinja e eu
morra. 20 Eis aqui perto
uma cidade onde poderei
refugiar-me. É um
povoado. Permite que me
salve ali. É bem pequena,
mas salvaria minha vida”.
21 E
ele lhe disse: “Pois bem,
concedo-te também este
favor: não destruirei a
cidade de que falas. 22
Refugia-te lá depressa,
pois nada posso fazer
enquanto não tiveres
entrado na cidade”. Por
isso foi
dado àquela cidade o
nome de Segor, Pequena.
23 O sol estava nascendo
quando Ló entrou em
Segor.
24 O Senhor fez então
chover do céu enxofre e
fogo sobre Sodoma e
Gomorra. 25 Destruiu as
cidades
e toda a região, junto com
os habitantes das cidades
e até a vegetação do solo.
26 Ora, a mulher de Ló
olhou para trás e tornou-
se uma estátua de sal. 27
Abraão levantou-se bem
cedo e foi até o lugar onde
antes tinha estado com o
Senhor. 28 Deixando
pairar seu olhar na direção
de Sodoma e Gomorra e
da
região toda, viu levantar-
se do chão uma densa
fumaça, como a fumaça
de uma fornalha. 29 Mas
Deus, ao destruir as
cidades da região,
lembrou-se de Abraão e
salvou Ló da catástrofe
que arrasou as
cidades onde Ló havia
morado.
As filhas de Ló. Origem
de Moab e Amon
30 Ló subiu de Segor e foi
morar nas montanhas com
as duas filhas, pois tinha
medo de ficar em Segor.
Instalou-se numa gruta
com as duas filhas. 31 A
mais velha disse à mais
nova: “Nosso pai já está
velho e aqui não há
homens
com quem possamos
casar-nos, como faz todo
mundo. 32 Vamos
embriagar nosso pai com
vinho e
dormir com ele, para ter
filhos dele”. 33
Embriagaram o pai,
naquela noite, e a mais
velha foi dormir
com ele sem que ele nada
percebesse, nem quando
ela se deitou nem quando
se levantou. 34 No dia
seguinte a mais velha
disse à mais nova:
“Ontem à noite dormi
com o pai. Vamos
embriagá-lo também
esta noite, e tu vais dormir
com ele para gerar
descendência de nosso
pai”. 35 Também naquela
noite
embriagaram o pai, e a
mais nova dormiu com
ele. Ele, porém, nada
percebeu, nem quando ela
se
deitou, nem quando se
levantou. 36 Assim as
duas filhas de Ló ficaram
grávidas do próprio pai.
37 A
mais velha deu à luz um
filho a quem chamou
Moab, que é o
antepassado dos atuais
moabitas. 38
Também a mais nova deu
à luz um filho a quem
chamou Ben-Ami, que é o
antepassado dos atuais
amonitas.
Abraão em Gerara
20
1 Abraão partiu dali para
a região do deserto do
Negueb e habitou entre
Cades e Sur, vivendo
como
migrante em Gerara. 2
Abraão dizia de Sara, sua
mulher: “Ela é minha
irmã”. Então Abimelec,
rei de
Gerara, mandou que lhe
trouxessem Sara. 3 Mas,
durante a noite, Deus
apareceu a Abimelec num
sonho e lhe disse: “Vais
morrer por causa da
mulher que tomaste, pois
ela tem marido”. 4
Abimelec,
que não se havia
aproximado dela,
respondeu: “Meu Senhor,
matarias mesmo gente
inocente? 5 Acaso
não foi ele que me disse:
‘Ela é minha irmã’? E não
foi ela que me disse: ‘Ele
é meu irmão’? Agi com
consciência reta e mãos
inocentes”. 6 E Deus lhe
disse no sonho: “Bem sei
que fizeste isto de boa fé.
Por isso te impedi de
pecares contra mim e não
consenti que a tocasses. 7
Portanto devolve a mulher
a
seu marido, pois sendo ele
um profeta, rogará por ti e
viverás. Mas se não a
devolveres, fica sabendo
que deverás morrer, tu
com todos os teus”. 8 De
manhã, ao despertar,
Abimelec chamou todos
os seus
servidores e contou tudo o
que acontecera, e os
homens ficaram com
muito medo. 9 Depois
chamou
Abraão e lhe disse: “Que
foi que nos fizeste? E que
fiz de errado contra ti para
atraíres sobre mim e
meu reino um tão grande
pecado? Fizeste comigo o
que não se deve fazer”. 10
E Abimelec perguntou
a Abraão: “O que
pretendias ao fazer isso?”
11 Abraão lhe respondeu:
“Eu pensei comigo:
‘Certamente não há temor
de Deus neste lugar e vão
matar-me por causa de
minha mulher’. 12 Além
do mais, ela é realmente
minha irmã, filha de meu
pai mas não de minha
mãe, e se tornou minha
mulher. 13 Desde que
Deus me fez emigrar da
casa de meu pai, eu pedi a
ela: ‘Faze-me o favor de
dizer em todos os lugares
aonde chegarmos que sou
teu irmão’”. 14 Abimelec
tomou então ovelhas e
bois, escravos e escravas
e os deu a Abraão.
Devolveu a Abraão a sua
mulher Sara 15 e lhe
disse:
“Tens minha terra à tua
disposição; mora onde
bem entenderes”. 16 E
para Sara disse: “Olha,
dei a teu
irmão mil moedas de
prata. Sirvam-te elas
como reparação moral
diante de toda gente, e
assim estarás
justificada”. 17 Abraão
intercedeu por Abimelec,
e Deus curou Abimelec,
sua mulher e suas servas,
para poderem ter filhos.
18 (Pois o Senhor tinha
tornado estéreis todas as
mulheres na casa de
Abimelec, por causa de
Sara, mulher de Abraão.)
O nascimento de Isaac
21
1 O Senhor deu atenção a
Sara, como havia
prometido, e cumpriu o
que lhe dissera. 2 Sara
concebeu e
deu a Abraão um filho na
velhice, no tempo que
Deus lhe havia predito.
Abraão deu o nome de
Isaac
ao filho que lhe nascera
de Sara. 4 Abraão
circuncidou o filho Isaac
no oitavo dia, como Deus
lhe
havia ordenado. 5 Abraão
tinha cem anos quando
lhe nasceu o filho Isaac. 6
E Sara disse: “Deus me
fez sorrir, e todos os que
souberem vão sorrir
comigo”. 7 E acrescentou:
“Quem teria dito a Abraão
que Sara haveria de
amamentar filhos? Pois eu
lhe dei um filho na
velhice”.
Expulsão de Agar e
Ismael
8 Entretanto, o menino
cresceu e foi desmamado.
Abraão fez um grande
banquete no dia em que
Isaac
foi desmamado. 9 Mas
Sara viu o filho que a
egípcia Agar dera a
Abraão brincando com
seu filho
Isaac. 10 E disse a
Abraão: “Manda embora
essa escrava e seu filho,
pois o filho de uma
escrava não
pode ser herdeiro com o
meu filho Isaac”. 11
Abraão ficou muito
desgostoso com isso, por
se tratar de
um filho seu. 12 Mas
Deus lhe disse: “Não te
aflijas a propósito do
menino e da escrava.
Atende a tudo
o que Sara te pedir, pois é
por Isaac que terás uma
descendência que levará
teu nome. 13 Mas
também
do filho da escrava farei
uma nação, por ser
descendência tua”. 14
Abraão levantou-se de
manhã,
tomou pão e um odre de
água, que deu a Agar e lhe
pôs aos ombros. Depois
entregou-lhe o menino e
despediu-a. Ela foi-se
embora e andou
vagueando pelo deserto
de Bersabéia. 15 Quando
acabou a água
do odre, largou o menino
debaixo de um arbusto 16
e foi sentar-se em frente
dele, à distância de um
tiro de arco. Pois dizia
consigo: “Não quero ver o
menino morrer”. Assim
ficou sentada em frente do
menino e chorava em alta
voz. 17 Deus ouviu o
choro do menino e, de lá
dos céus, o anjo de Deus
chamou Agar, dizendo:
“Que tens, Agar? Não
tenhas medo, pois Deus
ouviu o choro do menino
do
lugar onde está. 18
Levanta-te, toma o
menino e segura-o pela
mão, porque farei dele
uma grande
nação”. 19 Deus abriu os
olhos de Agar, e ela viu
um poço d’água. Encheu
então o odre de água e
deu
de beber ao menino. 20
Deus estava com o
menino, que cresceu e
ficou morando no deserto,
tornando-
se um jovem arqueiro. 21
Morou no deserto de Farã,
e sua mãe escolheu para
ele uma mulher egípcia.
Abraão aliado de
Abimelec
22 Por aquele tempo,
Abimelec e Ficol, chefe
do exército, vieram dizer
a Abraão: “Deus está
contigo
em tudo o que fazes. 23
Portanto, jura-me por
Deus, aqui mesmo, que
não me enganarás, nem a
meus
filhos, nem a meus
descendentes, e que terás
comigo e com a terra na
qual estás andando a
mesma
lealdade que eu tive
contigo”. 24 E Abraão
disse: “Eu juro”. 25 Ora,
Abraão queixou-se a
Abimelec
por causa de um poço de
água de que se haviam
apoderado os servos de
Abimelec. 26 “Não sei
quem
fez isso”, respondeu
Abimelec. “Como não me
informaste de nada, só
hoje fiquei sabendo”. 27
Abraão
tomou, então, ovelhas e
bois e os deu a Abimelec,
e assim firmaram aliança
entre si. 28 Abraão
separou sete ovelhinhas
do rebanho, 29 e
Abimelec perguntou-lhe:
“Para que servem essas
sete
ovelhinhas que
separaste?” 30 Abraão
respondeu: “Para que as
recebas de minha mão e
elas me sirvam
de prova de que eu cavei
este poço”. 31 Por isso o
lugar foi chamado
Bersabéia, porque ali os
dois
fizeram juramento. 32
Tendo feito aliança em
Bersabéia, Abimelec e
Ficol, chefe do exército,
partiram
de volta à terra dos
filisteus. 33 Abraão
plantou em Bersabéia um
tamarindeiro e ali invocou
o nome
do Senhor, o Deus Eterno.
34 Abraão residiu muito
tempo na terra dos
filisteus.
O sacrifício de Isaac
22
1 Depois desses
acontecimentos, Deus pôs
Abraão à prova.
Chamando-o, disse:
“Abraão!” E ele
respondeu: “Aqui estou”.
2 E Deus disse: “Toma teu
filho único, Isaac, a quem
tanto amas, dirige-te à
terra de Moriá e oferece-o
ali em holocausto sobre o
monte que eu te indicar”.
3 Abraão levantou-se
bem cedo, encilhou o
jumento, tomou consigo
dois criados e o seu filho
Isaac. Depois de ter
rachado
lenha para o holocausto,
pôs-se a caminho para o
lugar que Deus lhe havia
ordenado. 4 No terceiro
dia,
Abraão levantou os olhos
e viu de longe o lugar. 5
Disse então aos criados:
“Esperai aqui com o
jumento, enquanto eu e o
menino vamos até lá.
Depois de adorarmos a
Deus, voltaremos a vós”.
6
Abraão tomou a lenha
para o holocausto e a pôs
às costas do seu filho
Isaac, enquanto ele levava
o
fogo e a faca. Os dois
continuaram caminhando
juntos. 7 Isaac falou para
seu pai Abraão e disse:
“Pai!” – “O que queres,
meu filho?” respondeu
ele. O menino disse:
“Temos o fogo e a lenha,
mas
onde está o cordeiro para
o holocausto?” 8 Abraão
respondeu: “Deus
providenciará o cordeiro
para o
holocausto, meu filho”.
Os dois continuaram
caminhando juntos. 9
Quando chegaram ao
lugar
indicado por Deus,
Abraão ergueu ali o altar,
colocou a lenha em cima,
amarrou o filho e o pôs
sobre a
lenha do altar. 10 Depois
estendeu a mão e tomou a
faca a fim de matar o filho
para o sacrifício. 11
Mas o anjo do Senhor
gritou-lhe do céu:
“Abraão! Abraão!” Ele
respondeu: “Aqui estou!”
12 E o anjo
disse: “Não estendas a
mão contra o menino e
não lhe faças mal algum.
Agora sei que temes a
Deus,
pois não me recusaste teu
único filho”. 13 Abraão
ergueu os olhos e viu um
carneiro preso pelos
chifres num espinheiro.
Pegou o carneiro e
ofereceu-o em holocausto
no lugar do seu filho. 14
Abraão
passou a chamar aquele
lugar “O Senhor
providenciará”. Hoje se
diz: “No monte em que o
Senhor
aparece”. 15 O anjo do
Senhor chamou Abraão
pela segunda vez, do céu
16 e lhe falou: Juro por
mim
mesmo – oráculo do
Senhor – já que agiste
deste modo e não me
recusaste teu único filho,
17 eu te
abençoarei e tornarei tua
descendência tão
numerosa como as
estrelas do céu e como as
areias da praia
do mar. Teus descendentes
conquistarão as cidades
dos inimigos. 18 Por tua
descendência serão
abençoadas todas as
nações da terra, porque
me obedeceste”. 19
Abraão retornou até aos
criados e,
juntos, puseram-se a
caminho de Bersabéia,
onde Abraão passou a
residir.
Descendência de Nacor
20 Depois desses
acontecimentos, Abraão
recebeu uma notícia
nestes termos: “Também
Melca deu
filhos a Nacor, teu irmão.
21 Hus é o primogênito e
os irmãos são Buz,
Camuel, pai dos arameus,
22 Cased, Azau,
Feldas,Jedlaf e Batuel”.
23 Batuel foi o pai de
Rebeca. São esses os oito
filhos que
Melca deu a Nacor, irmão
de Abraão. 24 Também
sua concubina, de nome
Roma, deu à luz Tabé,
Gaam, Taás e Maaca.
A propriedade funerária
de Abraão
23
1 Sara viveu cento e vinte
e sete anos 2e morreu em
Cariat Arbe, que é
Hebron, na terra de
Canaã.
Abraão veio fazerluto por
Sara e chorá-la. 3 Depois
levantou-se de junto da
falecida e assim falou aos
heteus: 4 “Sou estrangeiro
e hóspede no vosso meio.
Cedei-me em propriedade
entre vós um lugar de
sepultura onde possa
sepultar minha esposa que
morreu”. 5 Os heteus
responderam a Abraão: 6
“Por
favor, escuta-nos, Senhor!
Tu, que és um chefe
poderoso entre nós,
sepulta a falecida no
melhor dos
nossos sepulcros.
Ninguém de nós te negará
uma sepultura para tua
falecida”. 7 Abraão
levantou-se,
prostrou-se diante dos
donos daquela terra, os
heteus, 8 e disse-lhes: “Se
deveras quereis que
sepulte
minha falecida esposa,
atendei-me e pedi por
mim junto a Efron filho
de Seor, 9 para que me
ceda a
gruta de Macpela, que lhe
pertence e que está nos
fundos de seu terreno.
Que a venda a mim pelo
seu
preço, como propriedade
funerária em vosso meio”.
10 Efron estava sentado
entre os heteus. Efron, o
heteu, respondeu a Abraão
em presença dos heteus e
de todos os ue vieram até
a porta da cidade: 11
“Por favor, escuta-me,
Senhor! Eu te dou de
presente o campo, com a
gruta que nele se
encontra. Dou-
o na presença de meus
compatriotas. Sepulta a
tua falecida”. 12 Abraão
tornou a prostrar-se diante
dos
donos daquela terra 13 e
assim falou a Efron, para
que todos ouvissem:
“Faze o favor de escutar-
me:
eu te pagarei o preço do
terreno.Aceita-o para que
possa sepultar ali minha
falecida”. 14 Efron
respondeu a Abraão: 15
“Escuta-me, Senhor! O
que é para mim e para ti
um terreno no valor de
quatrocentos siclos
(quatro quilos) de prata,
para sepultar tua
falecida?” 16 Abraão
concordou com
Efron e pesou diante dos
heteus a prata que este
havia pedido:
quatrocentos siclos de
prata, segundo
seu peso no mercado. 17
E assim o campo de Efron
em Macpela, em frente de
Mambré, tanto o terreno
como a gruta que se
encontra nele e todas as
árvores dentro dos limites
do terreno, 18 tornaram-se
propriedade de Abraão, na
presença dos heteus e dos
que vieram até a porta da
cidade. 19 Depois,
Abraão sepultou sua
mulher Sara na gruta do
campo de Macpela, em
frente de Mambré, que é
Hebron,
na terra de Canaã. 20
Assim o terreno com a
gruta passaram dos heteus
para Abraão, como
propriedade funerária.
Isaac casa com Rebeca
24
1 Abraão já era velho,
avançado em anos, e o
Senhor o havia abençoado
em tudo. 2 Abraão disse
ao
mais antigo dos criados da
casa, administrador de
todos os seus bens: “Põe a
mão debaixo de minha
coxa 3 e jura-me pelo
Senhor, Deus do céu e da
terra, que não escolherás
para meu filho uma
mulher
entre as filhas dos
cananeus, no meio dos
quais eu moro. 4 Pelo
contrário, irás à minha
terra natal
buscar entre os meus
parentes uma mulher para
meu filho Isaac”. 5 E o
criado lhe disse: “E se a
mulher não quiser vir
comigo para cá, deverei
levar teu filho para a terra
donde saíste?” 6 Abraão
respondeu: “Guarda-te de
levar meu filho de volta
para lá. 7 O Senhor, Deus
do céu, tirou-me da casa
de meu pai e de minha
terra natal e me jurou: ‘À
tua descendência darei
esta terra’. Ele mesmo
enviará
seu anjo diante de ti e tu
vais trazer de lá uma
mulher para meu filho. 8
Ora, se a mulher não
quiser vir
contigo, ficarás livre deste
juramento. Mas de
maneira alguma levarás
meu filho de volta para
lá”.
9Então o criado pôs a
mão sob a coxa de seu
Senhor Abraão e prestou-
lhe juramento nos termos
propostos. 10 O criado
tomou dez camelos de seu
Senhor e se pôs a
caminho, levando consigo
tudo o
que seu Senhor tinha de
melhor, e dirigiu-se à
Mesopotâmia, à cidade de
Nacor. 11 Fez descansar
os
camelos fora da cidade,
junto a um poço d’água,
já de tarde, à hora em que
as mulheres costumam ir
apanhar água. 12 E disse:
“Senhor, Deus de meu
Senhor Abraão, que o dia
de hoje me seja favorável.
Mostra-te benigno com
meu Senhor Abraão. 13
Vou ficar junto à fonte,
enquanto as moças da
cidade
vêm buscar água. 14 Para
eu saber que te mostras
benigno com meu Senhor,
vamos combinar o
seguinte: se eu disser a
determinada moça:
‘Inclina o cântaro, por
favor, para eu beber’ e ela
responder: ‘Bebe, que vou
dar de beber também aos
camelos’, será esta que
destinas a teu servo
Isaac”.
15 Ora, ainda não tinha
acabado de falar, quando
chegou Rebeca filha de
Batuel, filho de Melca, a
mulher de Nacor, irmão
de Abraão. Ela trazia o
cântaro no ombro.16 A
jovem era muito bela,
virgem,
e nenhum homem a tinha
conhecido. Desceu à
fonte, encheu o cântaro e
tornou a subir. 17 O
criado
lhe correu ao encontro e
disse: “Por favor, dá-me
de beber um pouco de
água do teu cântaro”. – 18
“Bebe, meu Senhor”,
respondeu ela, e logo
abaixou o cântaro,
apoiando-o sobre a mão,
para dar-lhe de
beber. 19 Depois de lhe
ter dado de beber, ela
disse: “Vou tirar água
também para os camelos,
a fim de
beberem à vontade”. 20
Esvaziou depressa o
cântaro no bebedouro,
correu de novo ao poço
para
apanhar mais e tirou água
para todos os camelos. 21
O homem a observava em
silêncio e se
perguntava se o Senhor
tinha tornado bem
sucedida sua viagem ou
não. 22 Quando os
camelos
acabaram de beber, o
homem pegou para ela um
anel de cinco gramas de
ouro, dois braceletes de
cem
gramas de ouro 23 e lhe
perguntou: “De quem és
filha? Dize-me, por favor:
não haveria em casa de
teu
pai um lugar para eu
pernoitar?” 24 Ela
respondeu: “Sou filha de
Batuel, o filho que Melca
deu a
Nacor”. 25 E acrescentou:
“Em nossa casa há palha
em abundância e lugar
para pernoitar”. 26 Então
o
homem ajoelhou-se e
adorou o Senhor, 27
dizendo: “Bendito seja o
Senhor, Deus de meu
Senhor
Abraão, que não negou
sua amizade e fidelidade a
meu Senhor, conduzindo-
me à casa do irmão de
meu Senhor”. 28 A jovem
correu para casa e contou
à mãe o que acontecera.
29 Rebeca tinha um
irmão, de nome Labão.
Ele saiu correndo até à
fonte em busca do
homem, 30 pois tinha
visto o anel e
os braceletes na mão da
irmã e tinha ouvido
quando ela dizia: “Assim
me falou o homem”.
Encontrou
o homem com os
camelos, parado junto à
fonte 31 e disse-lhe:
“Vem, abençoado do
Senhor! Por que
continuas parado aí fora?
Já preparei a casa e um
lugar para os camelos”.
32 Enquanto o homem
entrou em casa, Labão
descarregou os camelos e
deulhes palha e forragem;
e ao homem, bem como a
seus companheiros, deu-
lhes água para lavarem os
pés. 33 Depois serviram-
lhe comida, mas o homem
disse: “Não comerei
enquanto não falar de meu
assunto”. Labão
respondeu: “Fala, pois”.
34 Então ele
falou: “Sou um criado de
Abraão. 35 O Senhor tem
abençoado muito meu
Senhor, e ele se tornou
rico.
Deu-lhe ovelhas e bois,
prata e ouro, escravos e
escravas, camelos e
jumentos. 36 Sara, a
mulher de
meu Senhor, depois de
velha, deu-lhe ainda um
filho, que recebeu todos
os seus bens. 37 O meu
Senhor fez-me jurar e
ordenou: ‘Não escolhas
para o meu filho uma
mulher entre as filhas dos
cananeus, em cuja terra eu
moro. 38 Ao contrário, vai
à casa de meu pai e dos
meus parentes, para
trazer uma mulher para
meu filho’. 39 Eu disse a
meu Senhor: ‘E se a
mulher não quiser vir
comigo?’
40 Ele me respondeu: ‘O
Senhor, em cuja presença
eu ando, enviará contigo
seu anjo e dará feliz êxito
à viagem: tu escolherás
dentre meus parentes e da
casa de meu pai uma
mulher para meu filho. 41
Ficarás livre do juramento
quando fores até os meus
parentes; se eles te
negarem a mulher, estarás
livre do juramento’. 42 o
chegar hoje à fonte, eu
disse: ‘Senhor, Deus de
meu Senhor Abraão,
peço-te
que eu tenha êxito na
viagem que estou
fazendo. 43 Vou colocar-
me junto à fonte de água.
A jovem
que vier buscar água e a
quem eu disser: Dá-me de
beber, por favor, um
pouco de água de teu
cântaro,
44 e que responder: Bebe,
não somente tu, mas
tirarei água também para
os camelos, essa deverá
ser a
mulher que o Senhor
destinou para o filho do
meu Senhor’. 45 Não
havia ainda acabado de
dizê-lo
para mim mesmo, quando
vi Rebeca vindo com o
cântaro ao ombro. Ela
desceu à fonte e tirou
água.
Então eu lhe falei: ‘Dá-me
de beber, por favor’. 46
Ela logo baixou o cântaro
de cima do ombro e
disse: ‘Bebe, que eu vou
dar de beber aos
camelos’. Eu bebi e ela
deu de beber também aos
camelos.
47 Perguntei-lhe: ‘De
quem és filha?’ Ela
respondeu: ‘Sou filha de
Batuel filho de Nacor,
nascido de
Melca’. Então pus-lhe o
anel no nariz e os
braceletes nas mãos, 48
ajoelhei-me para adorar o
Senhor,
bendizendo o Senhor,
Deus de meu Senhor
Abraão, que me tinha
guiado pelo caminho
certo a fim de
escolher a filha de seu
irmão para esposa do seu
filho.49 Portanto, dizei-
me se estais dispostos ou
não
a demonstrar amizade e
fidelidade a meu Senhor,
a fim de que eu saiba o
que fazer”. 50 Labão e
Batuel responderam: “Isso
vem do Senhor; nós não
podemos dizer-te nada
que não seja de sua
vontade. 51 Aí tens
Rebeca, leva-a contigo,
para que seja a esposa do
filho de teu amo,
conforme a
palavra do Senhor”. 52
Quando o criado de
Abraão ouviu estas
palavras, prostrou-se em
terra diante do
Senhor. 53 Tirou da
bagagem os objetos de
prata e ouro e os vestidos
e os deu a Rebeca.
Ofereceu
também presentes ao
irmão e à mãe. 54 Então
com os companheiros se
pôs a comer e beber e foi
dormir. Pela manhã, ao
levantar, disse o criado:
“Deixai-me voltar para
junto de meu Senhor”. 55
O
irmão e a mãe de Rebeca
disseram: “Fique a jovem
conosco ainda uns dez
dias, depois partirá”. 56
Ele
respondeu: “Não retardeis
minha volta, já que o
Senhor deu feliz êxito à
minha viagem. Deixai-me
partir para que volte a
meu Senhor”. 57
Disseram-lhe: “Vamos
chamar a jovem e
perguntar sua
opinião”. 58 chamaram
Rebeca e lhe
perguntaram: “Queres ir
com este homem?” E ela
respondeu:
“Quero”. 59 Deixaram,
pois, partir sua irmã
Rebeca, juntamente com
sua ama de leite, o criado
de
Abraão e seus homens. 60
Abençoaram Rebeca,
dizendo:“Tu, irmã nossa,
multiplica-te aos milhares
e
os teus descendentes
conquistem as cidades
inimigas”. 61 Rebeca
levantou-se com suas
criadas,
montaram nos camelos e
acompanharam o homem.
E assim o criado levou
Rebeca e partiu. 62 Isaac
andava perto do poço de
Laai-Roí; ele morava,
então, na região do
Negueb.63 Assim, ao cair
da tarde,
saiu para passear pelo
campo e, erguendo os
olhos, viu camelos
chegando. 64 Rebeca
também,
erguendo os olhos, viu
Isaac. Ela desceu do
camelo 65 e perguntou ao
criado: “Quem é aquele
homem
que vem caminhando pelo
campo ao nosso
encontro?” O criado
respondeu: “É o meu
Senhor”. Ela
puxou o véu e se cobriu.
66 Então o criado contou
a Isaac tudo o que havia
feito. 67 E Isaac
introduziu
Rebeca na tenda de Sara,
sua mãe, e recebeu-a por
esposa. Isaac amou-a,
consolando-se assim da
morte da mãe.
Descendentes de Abraão e
Cetura
25
1 Abraão tomou outra
mulher, de nome Cetura. 2
Dela nasceram Zanrã,
Jecsã, Madã, Madiã,
Jesboc e
Sué. 3 Jecsã gerou Sabá e
Dadã. Filhos de Dadã são
os assuritas, os latusitas e
os loomitas. 4 Os filhos
de Madiã foram Efa, Ofer,
Henoc, Abida e Eldaá.
Todos esses são filhos de
Cetura. 5 Abraão, porém,
deu todos os seus bens a
Isaac. 6 Aos filhos das
concubinas fez doações,
mas ainda em vida
afastou-os
do filho Isaac, mandando-
os rumo às terras do
oriente.
Morte de Abraão
7 Estes são os anos de
vida de Abraão: viveu
cento e setenta e cinco
anos 8 e expirou. Morreu
numa
feliz velhice, idoso e
cumulado de anos, e foi
reunir-se a seus
antepassados. 9 Os filhos
Isaac e Ismael
sepultaram-no na gruta de
Macpela, no campo do
heteu Efron, filho de Seor,
em frente de Mambré. 10
Neste campo, comprado
por Abraão aos heteus,
foram sepultados Abraão
e a mulher Sara. 11
Depois
da morte de Abraão, Deus
abençoou o filho Isaac,
que ficou morando junto
ao poço de Laai-Roí.
Descendência de Ismael
12 Estes são os
descendentes de Ismael, o
filho que Agar, a escrava
egípcia de Sara, dera a
Abraão. 13
Estes são os nomes dos
filhos de Ismael, em
ordem de nascimento. O
primogênito de Ismael foi
Nabaiot, depois Cedar,
Adbeel, Mabsam, 14
Masma, Duma, Massa, 15
Hadad, Tema, Jetur, Nafis
e
Cedma. 16 São esses os
filhos de Ismael e os seus
nomes, de acordo com as
aldeias e acampamentos:
foram doze chefes de
doze tribos. 17 Ismael
viveu cento e trinta e sete
anos e expirou. Morreu e
foi
reunir-se a seus
antepassados. 18 Seus
filhos habitavam desde
Hévila até Sur, em frente
ao Egito na
direçãode Assur. Assim,
Ismael estabeleceu-se em
frente de todos os seus
irmãos.
ISAAC E JACÓ
Nascem Esaú e Jacó
19 Eis a história dos
descendentes de Isaac,
filho de Abraão. Abraão
gerou Isaac. 20 Isaac
tinha
quarenta anos quando se
casou com Rebeca, filha
do arameu Batuel e irmã
do arameu Labão. Ela
veio
de Padã-Aram. 21 Isaac
suplicou ao Senhor por
sua mulher, que era
estéril. Foi atendido pelo
Senhor,
e Rebeca concebeu. 22
Mas os meninos
chocavam-se no ventre.
Ela disse: “Se é assim, o
que adianta
viver?” E foi consultar o
Senhor, 23 que lhe
respondeu: “Duas nações
trazes no ventre, em tuas
entranhas dois povos se
dividirão. Um povo será
mais forte que o outro, e o
mais velho servirá ao
mais
novo”. 24 Quando chegou
o tempo de dar à luz, ela
tinha gêmeos no ventre.
25 O primeiro saiu todo
ruivo, peludo como um
manto de pele, e foi
chamado Esaú. 26 Depois
saiu o irmão, segurando
com a
mão o calcanhar de Esaú,
e foi chamado Jacó. Isaac
tinha sessenta anos
quando eles nasceram.
Esaú vende a
primogenitura
27 Quando os meninos
cresceram, Esaú tornou-se
um hábil caçador e
homem rude, ao passo
que Jacó
era pacífico e morava em
tendas. 28 Isaac gostava
mais de Esaú porque
comia da caça, mas
Rebeca
preferia Jacó. 29 Certo
dia, Jacó preparou uma
sopa de lentilhas. Esaú
chegou do campo, muito
cansado 30 e disse a Jacó:
“Dá-me de comer desse
negócio vermelho, pois
estou exausto”. Foi por
isso
que Esaú recebeu o nome
de Edom. 31 Jacó
respondeu-lhe: “Vende-
me agora mesmo o teu
direito de
primogênito”. 32 Esaú
ponderou: “Estou
morrendo de fome, e de
que me serve a
primogenitura?” 33
Jacó insistiu: “Jura-me
agora mesmo!” E Esaú
jurou e vendeu o direito
de primogênito a Jacó. 34
Então Jacó deu-lhe pão
com a sopa de lentilhas.
Esaú comeu e bebeu,
levantou-se e foi embora.
Desprezou assim a sua
primogenitura.
Isaac e Abimelec
26
1 Ocorreu novamente
uma fome no país, depois
daquela primeira no
tempo de Abraão. Isaac
foi até
Gerara, junto a Abimelec,
rei dos filisteus, 2 pois o
Senhor lhe aparecera e
tinha dito: “Não desças ao
Egito. Vai morar na terra
que eu te indico. 3 Nesta
terra fica migrando, e eu
estarei contigo e te
abençoarei. Pois a ti e à
tua descendência darei
todas estas terras,
cumprindo o juramento
que fiz a teu
pai Abraão. 4
Multiplicarei tua
descendência como as
estrelas do céu e lhe darei
todas estas terras. Por
tua descendência serão
abençoadas todas as
nações da terra. 5 Isso, em
consideração a Abraão,
que
obedeceu à minha voz e
observou meu
mandamento, os meus
preceitos, as minhas
prescrições e leis”.
6 Assim Isaac foi morar
em Gerara. 7 Quando os
homens do lugar lhe
perguntavam por sua
mulher,
ele dizia: “É minha irmã”.
Temia dizer que era sua
mulher, para que os
homens do lugar não o
matassem por causa de
Rebeca, pois era muito
bonita. 8 Como se
prolongasse sua
permanência em
Gerara, certo dia,
Abimelec, rei dos
filisteus, olhava pela
janela e viu Isaac
acariciando Rebeca, sua
mulher. 9 Abimelec
mandou chamar Isaac e
lhe disse: “Não há dúvida
que é tua mulher. Por que
então
dizes: ‘É minha irmã’?”
Isaac respondeu: “Pensei
comigo: vou ser morto
por causa dela”. 10
Abimelec
respondeu: “Por que nos
fizeste isso? Faltou pouco
para que alguém de nossa
gente dormisse com tua
mulher, e assim tu terias
atraído sobre nós uma
culpa”. 11 Então
Abimelec decretou para
todo o povo:
“Aquele que tocar neste
homem, ou em sua
mulher, morrerá”. 12
Isaac fez naquela terra sua
semeadura e colheu
naquele ano cem vezes o
que semeou, pois o
Senhor o abençoou. 13
Foi
enriquecendo sempre
mais, até tornar-se um
homem muito rico. 14
Possuía rebanhos de
ovelhas e bois
e numerosa criadagem, de
modo que os filisteus
ficaram com inveja dele.
15 Os filisteus entupiram
todos os poços abertos
pelos criados do pai
Abraão, enchendo-os de
terra. 16 E Abimelec disse
a Isaac:
“Vai-te embora daqui,
porque chegaste a ser
muito mais poderoso do
que nós”. 17 Isaac partiu e
acampou junto à torrente
de Gerara, onde se
estabeleceu. 18 Reabriu
os poços cavados no
tempo do
pai Abraão e entupidos
pelos filisteus depois da
morte de Abraão, dando-
lhes os mesmos nomes
que
seu pai lhes havia dado.
19 Os criados de Isaac
cavaram um poço junto à
torrente e descobriram um
veio de água. 20 Mas os
pastores de Gerara
começaram a discutir com
os de Isaac, afirmando
que a
água era deles. O poço
recebeu o nome de Esec
(Desafio), porque causa
da contenda que suscitou.
21
Escavaram outro poço,
que também causou
discussão, e recebeu o
nome de Sitna
(Inimizade). 22 Indo
mais longe, cavou mais
um poço, pelo qual já não
houve rixas, e pôs-lhe o
nome de Reobot (Espaço),
dizendo: “Agora o Senhor
já nos deu espaço, e
podemos prosperar nesta
terra”. 23 Dali subiu para
Bersabéia. 24 Naquela
noite apareceu-lhe o
Senhor e disse: “Eu sou o
Deus de teu pai Abraão;
nada
temas, pois estou contigo.
Eu te abençoarei e
multiplicarei tua
descendência por causa de
meu servo
Abraão”.25 Ergueu ali um
altar, invocou o nome do
Senhor e armou o
acampamento. Os criados
de
Isaac puseram-se a cavar
ali um poço. 26 bimelec
veio visitá-lo de Gerara
com seu amigo Ocozat e
com Ficol, general do
exército. 27 Isaac disse-
lhes: “Por que viestes a
mim, vós que me odiais e
me
expulsastes do vosso
meio?” 28 Eles disseram:
“Porque vimos claramente
que o Senhor está contigo
e
achamos que deveria
haver um juramento entre
nós. Queremos fazer
aliança contigo. 29 Jura
que
nunca nos farás mal
algum, como nós nunca te
atacamos mas te fizemos
somente o bem, deixando-
te
partir em paz. Pois tu és o
abençoado pelo Senhor”.
30 Isaac preparou-lhes um
banquete, e eles
comeram e beberam. 31
Na manhã seguinte
levantaram-se e fizeram
um juramento mútuo.
Isaac os
despediu, e eles partiram
em paz. 32 Naquele
mesmo dia vieram os
servos de Isaac informá-lo
acerca
do poço que estavam
cavando e disseram:
“Achamos água”. 33 Isaac
chamou o poço de Siba.
Por isso
a cidade se chama
Bersabéia até hoje. 34
Quando Esaú completou
quarenta anos, casou-se
com Judite,
filha do heteu Beeri, e
com Basemat, filha do
heteu Elon. 35 Elas
causaram muitos
aborrecimentos a
Isaac e Rebeca.
Isaac abençoa Jacó
27
1 Quando Isaac ficou
velho, seus olhos se
enfraqueceram e já não
podia ver. Chamou, então,
o filho
mais velho Esaú: “Meu
filho!” Este respondeu:
“Aqui estou!” 2 Isaac lhe
disse: “Como vês, já estou
velho e não sei qual será o
dia de minha morte. 3
Pega tuas armas, flechas e
arco e sai para o campo.
Se apanhares alguma
caça, 4 prepara-me um
saboroso assado, como
sabes que eu gosto, e
traze-o para
que eu o coma e te dê a
bênção antes de morrer”.
5 Rebeca escutava o que
Isaac dizia a seu filho
Esaú.
Esaú saiu para o campo à
procura de caça para o
pai. 6 Rebeca disse a seu
filho Jacó: “Olha, ouvi teu
pai falar com teu irmão
Esaú e dizer-lhe: 7 ‘Traze-
me uma caça e prepara-
me um saboroso assado
para
que eu o coma e te
abençoe diante do Senhor,
antes de minha morte’. 8
Agora, meu filho, escuta
bem o
que te mando: 9 vai até ao
rebanho e traze-me dois
cabritos gordos. Com eles
farei para teu pai um
assado saboroso como ele
gosta. 10 Depois, leva-o a
teu pai para que ele coma
e te dê a bênção antes
da sua morte”. 11 Jacó
respondeu a Rebeca, sua
mãe: “Mas meu irmão
Esaú é um homem
peludo,
enquanto minha pele é
lisa! 12 Se o pai me tocar,
vai me considerar um
impostor, e atrairei sobre
mim
a maldição em vez da
bênção”.13 A mãe lhe
disse: “Caia sobre mim
tua maldição, meu filho,
mas
obedece-me. Vai pegar os
cabritos para mim”. 14
Ele foi pegar os cabritos
para a mãe, e ela preparou
um assado saboroso como
o pai gostava. 15 Rebeca
tomou as melhores vestes
que o filho mais velho,
Esaú, tinha em casa e
vestiu com elas o filho
mais novo, Jacó. 16 Com
as peles dos cabritos
cobriu-lhe
as mãos e a parte lisa do
pescoço. 17 Pôs nas mãos
do filho Jacó o assado e o
pão que havia preparado.
18 Este os levou ao pai e
disse: “Meu pai!” Isaac
respondeu: “Estou
ouvindo! Quem és tu,
meu filho?”
19 E Jacó respondeu ao
pai: “Eu sou Esaú, teu
filho primogênito. Fiz
como me ordenaste.
Levanta-te,
senta-te e come de minha
caça, para me
abençoares”. 20 Isaac
disse ao filho: “Como
conseguiste achar
a caça tão depressa, meu
filho?” Ele respondeu: “O
Senhor teu Deus me deu
sorte”. 21 Isaac disse a
Jacó: “Vem cá, meu filho,
para que eu te apalpe e
veja se és ou não meu
filho Esaú”. 22 Jacó
achegou-
se ao pai Isaac, que o
apalpou e disse: “A voz é
a voz de Jacó, mas as
mãos são as de Esaú”. 23
E não
o reconheceu, pois as
mãos estavam peludas
como as do irmão Esaú.
Então decidiu abençoá-lo.
24
Perguntou-lhe ainda: “Tu
és, de fato, meu filho
Esaú?” Ele respondeu:
“Sou”. 25 Isaac
continuou:
“Meu filho, serve-me da
tua caça para eu comer e
te abençoar”. Jacó o
serviu e ele comeu.
Trouxe-lhe
também vinho e ele
bebeu. 26 Disse-lhe então
seu pai Isaac: “Aproxima-
te, meu filho, e beija-me”.
27
Jacó se aproximou e o
beijou. Quando sentiu o
cheiro das suas roupas,
abençoou-o dizendo:
“Este é o
cheiro do meu filho: é
como o aroma de um
campo que o Senhor
abençoou! 28 Que Deus te
conceda o
orvalho do céu e a
fertilidade da terra, trigo e
vinho em abundância.29
Que os povos te sirvam e
as
nações se prostrem diante
de ti; sê o Senhor de teus
irmãos, e diante de ti
inclinem-se os filhos de
tua
mãe. Maldito seja quem te
amaldiçoar e bendito,
quem te abençoar”. 30
Apenas Isaac tinha
acabado de
abençoar Jacó, que logo
saíra da presença do pai,
quando seu irmão Esaú
voltou da caça. 31
Também
ele preparou um assado
saboroso,levou-o ao pai e
disse: “Que meu pai se
levante e coma da caça de
seu filho para abençoá-
lo”. 32 Isaac, seu pai,
perguntou-lhe: “Quem és
tu?” E ele respondeu:
“Sou teu
filho primogênito Esaú”.
33 Isaac ficou
profundamente
perturbado e disse: “E
quem, então, foi caçar e
me trouxe a caça? Eu
comi de tudo isso antes
que viesses. Eu o
abençoei, e abençoado
ficará”. 34 Ao
ouvir as palavras do pai,
Esaú pôs-se a gritar e
chorar amargamente e lhe
disse: “Abençoa-me
também
a mim, meu pai”. 35 Mas
Isaac respondeu: “Teu
irmão veio com disfarce e
usurpou tua bênção”. 36
Esaú lhe disse: “É com
razão que se chama Jacó,
pois com esta já são duas
vezes que levou vantagem
sobre mim; primeiro
tirou-me a primogenitura
e agora usurpou a minha
bênção”. E acrescentou:
“Não
reservaste nenhuma
bênção para mim?” 37
Respondeu Isaac e disse a
Esaú: “Olha, eu fiz de
Jacó o teu
Senhor, e todos os
parentes o servirão. Eu
lhe garanti o trigo e o
vinho. Que poderia eu
fazer por ti,
meu filho?” 38 E Esaú
disse ao pai: “Não tens
mais do que uma bênção,
meu pai? Abençoa-me
também a mim, meu pai”.
E chorou em voz alta. 39
Então Isaac o atendeu e
disse: “Longe da terra
fértil será a tua morada e
sem o orvalho que desce
do céu. 40 Viverás da tua
espada e servirás a teu
irmão; mas logo que te
soltares, sacudirás o jugo
de teu pescoço”.
Jacó na Mesopotâmia
41 Esaú começou a nutrir
ódio contra Jacó por causa
da bênção que o pai lhe
dera, e dizia a si mesmo:
“Estão perto os dias de
luto por meu pai. Depois
vou matar meu irmão
Jacó”. 42 Rebeca soube o
que
seu filho mais velho Esaú
havia dito e mandou
chamar Jacó, o filho mais
novo. Disse-lhe: “Olha,
teu
irmão Esaú planeja uma
vingança mortal contra ti.
43 Escuta o que vou te
dizer, meu filho: foge para
Harã, para junto de meu
irmão Labão. 44 Fica
alguns anos com ele, até
que passe a fúria de teu
irmão,
45 a sua ira se amaine e
ele se esqueça do que lhe
fizeste. Depois mandarei
buscar-te. Por que haveria
eu de perder os dois num
só dia?” 46 Rebeca
queixou-se junto a Isaac:
“Essas moças hetéias
estão
aborrecendo minha vida.
Se Jacó se casar com uma
dessas hetéias da região,
que me adianta viver?”
28
1 Isaac chamou Jacó, deu-
lhe a bênção e ordenou:
“Não cases com nenhuma
das moças de Canaã. 2
Vai a Padã-Aram, à casa
de Batuel, teu avô
materno. Casa-te lá com
uma das filhas de Labão,
irmão de
tua mãe. 3 Que o Deus
Poderoso te abençoe, te
faça fecundo e te
multiplique, para te
tornares uma
comunidade de povos. 4
Conceda-te a bênção de
Abraão, a ti e à tua
descendência, a fim de
possuíres a
terra em que agora vives
como migrante, e que
Deus deu a Abraão”. 5
Isaac se despediu de Jacó,
e este
partiu para Padã-Aram,
para junto de Labão, filho
do arameu Batuel, irmão
de Rebeca, mãe de Jacó e
de Esaú. 6 Esaú viu que
Isaac tinha abençoado
Jacó, mandando-o a Padã-
Aram para escolher ali
uma
mulher, e que, ao lhe dar a
bênção, havia dito: “Não
te cases com uma
cananéia”. 7 E Jacó,
obedecendo aos pais,
tinha ido a Padã-Aram. 8
Esaú percebeu então que
o pai não gostava das
moças
de Canaã. 9 Foi para junto
de Ismael, filho de
Abraão, e tomou para
mulher Maelet filha de
Ismael e
irmã de Nabaiot, além das
mulheres que já tinha.
Sonho e voto de Jacó em
Betel
10 Jacó saiu de Bersabéia
e dirigiu-se a Harã. 11
Chegou a um lugar onde
resolveu passar a noite,
pois
o sol já se havia posto.
Serviu-se de uma das
pedras do lugar como
travesseiro e dormiu ali.
12 Em
sonho, viu uma escada
apoiada no chão e com a
outra ponta tocando o céu.
Por ela subiam e desciam
os anjos de Deus. 13 No
alto da escada estava o
Senhor, que lhe dizia: “Eu
sou o Senhor, Deus de teu
pai Abraão, o Deus de
Isaac. A ti e à tua
descendência darei a terra
em que estás dormindo.
14 Tua
descendência será como a
poeira da terra. Tu te
expandirás para o
ocidente e para o oriente,
para o
norte e para o sul. Em ti e
em tua descendência
serão abençoadas todas as
famílias da terra. 15 Estou
contigo e te guardarei
aonde quer que vás, e te
reconduzirei a esta terra.
Nunca te abandonarei até
cumprir o que te
prometi”. 16 Ao despertar,
Jacó disse: “Sem dúvida o
Senhor está neste lugar, e
eu
não sabia”. 17 Cheio de
pavor, acrescentou:
“Como é terrível este
lugar! Isto aqui só pode
ser a casa de
Deus e a porta do céu”. 18
Jacó levantou-se bem
cedo, tomou a pedra que
lhe servira de travesseiro,
colocou-a de pé para
servir de coluna sagrada e
derramou óleo sobre ela.
19 Ele chamou aquele
lugar
Betel, \Casa de Deus.
Anteriormente, a cidade
chamava-se Luza. 20 Jacó
fez, então, este voto: “Se
Deus estiver comigo e me
proteger nesta viagem, se
ele me der pão para comer
e roupa para vestir, 21
se eu voltar são e salvo
para a casa de meu pai,
então o Senhor será meu
Deus. 22 Esta pedra que
ergui
como coluna sagrada será
transformada em casa de
Deus, e eu te darei o
dízimo de tudo o que me
deres”.
Jacó encontra Raquel
29
1 Jacó continuou a
viagem e chegou às terras
do oriente. 2 Viu no
campo um poço junto ao
qual
descansavam três
rebanhos, pois era desse
poço que os rebanhos
bebiam água. Havia uma
grande
pedra na boca do poço. 3
Só quando todos os
rebanhos estavam
reunidos é que rolavam a
pedra da
boca do poço e davam de
beber às ovelhas. Depois
recolocavam a pedra em
seu devido lugar. 4 Jacó
perguntou-lhes: “De onde
sois, irmãos?” – “Somos
de Harã”, responderam. 5
E Jacó continuou:
“Conheceis Labão filho
de Nacor?” –
“Conhecemos”,
responderam. 6 “Ele está
bem?”, perguntou
Jacó. E disseram: “Sim,
está bem. Olha, aí vem
sua filha Raquel com as
ovelhas”. 7 E ele lhes
disse:
“Ainda é cedo para reunir
os rebanhos. Por que não
dais de beber às ovelhas e
não as levais de novo a
pastar?” 8 Eles
responderam: “Não
podemos fazê-lo enquanto
não se reunirem todos os
rebanhos. Só
então removeremos a
pedra da boca do poço e
daremos de beber às
ovelhas”. 9 Jacó ainda
conversava
com eles quando chegou
Raquel com o rebanho do
pai, pois era pastora. 10
Ao ver Raquel filha da
Labão, irmão de sua mãe,
e as ovelhas de Labão,
irmão de sua mãe, Jacó
aproximou-se, removeu a
pedra de cima do poço e
deu de beber às ovelhas
de Labão, irmão de sua
mãe. 11 Em seguida
beijou
Raquel e chorou em voz
alta. 12 Contou a Raquel
que era sobrinho de seu
pai e filho de Rebeca, e
ela
foi correndo contar ao pai.
13 Logo que Labão soube
das notícias de Jacó, filho
de sua irmã, correu ao
encontro dele, abraçouo,
beijou-o e o levou para
casa. Jacó contou a Labão
o que havia acontecido e
14 Labão lhe disse:
“Realmente tu és meu
osso e minha carne”. E
Jacó ficou com Labão
durante um
mês.
Casamento com Lia e
Raquel
15 Depois Labão disse a
Jacó: “Será que me vais
servir de graça por seres
meu sobrinho? Dize-me
qual deve ser o salário”.
16 Ora, Labão tinha duas
filhas. A mais velha se
chamava Lia e a mais
nova
Raquel. 17 Lia tinha um
olhar apagado, mas
Raquel era bonita de
corpo e de rosto. 18 Jacó
ficou
enamorado de Raquel e
disse a Labão: “Eu te
servirei sete anos por
Raquel, tua filha mais
nova”. 19
Labão respondeu: “É
melhor confiá-la a ti do
que entregá-la a um
estranho. Fica comigo”.
20 Jacó
serviu por Raquel sete
anos, que lhe pareceram
dias, tanto era o amor por
ela. 21 Jacó disse a
Labão:
“Dá-me minha mulher,
pois completou-se o
tempo e quero viver com
ela”. 22 Labão reuniu
todos os
homens do lugar e deu um
banquete. 23 Chegada a
noite, porém, tomou a
filha Lia e levou-a a Jacó,
que dormiu com ela.24
(Labão dera à filha Lia a
escrava Zelfa, para lhe
servir de criada.) 25 Ao
amanhecer, Jacó viu que
era Lia e disse a Labão:
“Por que fizeste isso
comigo? Não te servi por
Raquel? Por que me
enganaste?” 26 E Labão
respondeu: “Não é
costume em nosso lugar
dar a filha
mais nova antes da mais
velha. 27 Termina esta
semana de festa e depois
te será dada também a
outra
pelo serviço que me
prestarás durante outros
sete anos”. 28 Assim o fez
Jacó. Completada a
semana,
Labão deu-lhe por mulher
sua filha Raquel, 29 e
com ela a escrava Bala
para servi-la como criada.
30
Jacó se uniu também a
Raquel e amou Raquel
mais do que Lia. Por ela
serviu mais sete anos.
Deus dá
filhos a Jacó
31 Quando o Senhor viu
que Lia era desprezada,
tornou-a fecunda, ao
passo que Raquel
permaneceu estéril. 32 Lia
concebeu e deu à luz um
filho, a quem chamou
Rúben, pois dizia: “Agora
que o Senhor olhou para
minha aflição, meu
marido me amará”.33
Concebeu de novo e deu à
luz outro
filho, dizendo: “O Senhor
ouviu que eu era
desprezada e deu-me mais
este”. E deu-lhe o nome
de
Simeão. 34 Concebeu
outra vez e deu à luz um
filho e disse: “Desta vez
meu marido se apegará a
mim,
pois lhe dei três filhos”.
Por isso o chamou Levi.
35 Concebeu novamente e
deu à luz um filho,
dizendo: “Agora sim
posso louvar o Senhor”.
Por isso o chamou Judá. E
parou de ter filhos.
30
1 Vendo que não
conseguia dar filhos a
Jacó, Raquel ficou com
ciúmes da irmã e disse a
Jacó: “Dá-me
filhos, senão eu morro!” 2
Jacó irritou-se com
Raquel e lhe disse: “Por
acaso estou no lugar de
Deus
que te fez estéril?” 3 Ela
respondeu: “Aí tens
minha escrava Bala. Une-
te a ela para dar à luz
sobre os
meus joelhos. Assim terei
filhos também eu por
meio dela”. 4 Deu-lhe,
pois, a escrava por mulher
e
Jacó se uniu a ela. 5 Bala
concebeu e deu a Jacó um
filho. 6 Raquel disse:
“Deus me fez justiça,
atendeu meu pedido e
deu-me um filho”. Por
isso, chamou-o Dã. 7
Bala, escrava de Raquel,
concebeu
outra vez e deu um
segundo filho a Jacó. 8 E
Raquel disse: “Batalhas
sobre-humanas travei com
minha
irmã e a venci”. Por isso o
chamou Neftali. 9
Percebendo que tinha
parado de ter filhos, Lia
tomou a
escrava Zelfa e a deu a
Jacó por mulher. 10 Zelfa,
escrava de Lia, deu a Jacó
um filho. 11 E Lia disse:
“Que sorte!” e chamou-o
Gad. 12 Zelfa, escrava de
Lia, deu um segundo filho
a Jacó. 13 Lia disse:
“Para felicidade minha,
pois as mulheres me
felicitarão”; e chamou-o
Aser. 14 Certo dia, na
época da
colheita do trigo, Rúben
saiu e achou no campo
umas mandrágoras. Ele as
trouxe para Lia, sua mãe.
Raquel disse a Lia: “Dá-
me por favor algumas
mandrágoras de teu
filho”. 15 Lia respondeu:
“Ainda te
parece pouco tirar-me o
marido, para quereres
tirar-me também as
mandrágoras que meu
filho me
deu?” – “Pois bem”, disse
Raquel, “que Jacó durma
esta noite contigo em
troca das mandrágoras de
teu filho”. 16 Quando
Jacó voltou do campo
pela tarde, Lia saiu-lhe ao
encontro e disse: “Dorme
comigo, pois comprei este
direito em troca de
algumas mandrágoras de
meu filho”. E Jacó dormiu
aquela noite com ela. 17
Deus atendeu Lia, que
concebeu e deu a Jacó o
quinto filho. 18 Lia disse:
“Deus me recompensou
por ter dado minha
escrava a meu marido”. E
deu ao filho o nome de
Issacar.
19 Lia concebeu de novo
e deu a Jacó o sexto filho
20 e disse: “Deus me fez
um belo presente. Agora
meu marido me honrará,
pois dei-lhe seis filhos”. E
chamou-o Zabulon. 21
Depois deu à luz uma
filha, que ela chamou
Dina. 22 Então Deus se
lembrou de Raquel. Deus
a atendeu, tornando-a
fecunda.
23 Ela concebeu e deu à
luz um filho e disse:
“Deus retirou a minha
desonra”. 24 Ela lhe deu o
nome
de José, pois disse: “Que
o Senhor me dê mais um
filho”.
Deus dá prosperidade a
Jacó
25 Quando Raquel deu à
luz José, Jacó disse a
Labão: “Deixa-me ir para
meu lugar, para minha
terra.
26 Dá-me as mulheres,
pelas quais te servi, e os
meus filhos, pois vou
partir. Bem sabes o
quanto
trabalhei para ti”. 27
Labão respondeu: “Sem
dúvida fui favorecido com
a tua presença: fiquei
sabendo, por adivinhação,
que o Senhor me
abençoou por causa de ti.
28 Fixa o teu salário, e eu
te
pagarei”. 29 Jacó
respondeu: “Sabes muito
bem como te servi e como
os rebanhos se
desenvolveram
sob os meus cuidados. 30
Era pouco o que possuías
antes de minha chegada.
Mas tudo aumentou
consideravelmente, e o
Senhor te abençoou por
minha causa. Agora já é
tempo de eu fazer algo
também para minha
família”. 31 Labão lhe
disse: “Dize-me o que te
devo dar”. “Não tens de
me dar
nada – respondeu Jacó –
senão fazer o que vou
dizer-te. Voltarei a
apascentar e guardar teu
rebanho.
32 Hoje vou passar por
toda a criação e separar
todo animal escuro entre
os cordeiros e todo animal
malhado ou listrado entre
as cabras. Eles serão meu
salário. 33 A minha
honestidade ficará
comprovada quando
chegar o dia de receber o
salário: todo animal meu
que não for malhado ou
listrado entre as cabras,
ou escuro entre os
cordeiros, seja
considerado roubo”. 34 E
Labão respondeu:
“Pois bem, seja como
dizes”. 35 Naquele
mesmo dia Labão separou
todos os bodes com
malhas ou
listras, todas as cabras
malhadas ou com
manchas brancas e os
cordeiros de tonalidade
escura e os
entregou a seus filhos. 36
Colocou-os à distância de
uns três dias de onde
estava Jacó, o qual
continuou
a apascentar o resto do
rebanho de Labão. 37
Jacó colheu varas verdes
de álamo, de amendoeira
e de
plátano. Fez nelas
algumas incisões e as
descascou, deixando o
branco das varas a
descoberto. 38
Colocou depois as varas
assim descascadas nos
bebedouros, no lugar onde
os animais iam beber e
onde se acasalavam. 39
Assim, as fêmeas que
eram cobertas diante das
varas davam crias
listradas,
raiadas ou malhadas. 40
Jacó separava então esses
cordeiros e dirigia as
ovelhas para o que havia
de
listrado e escuro no
rebanho de Labão. Assim
constituiu um rebanho
separado, que ele não
deixava
misturar-se com as
ovelhas de Labão. 41 E
sempre que as fêmeas
vigorosas entravam em
cio, Jacó
punha as varas à vista, nos
bebedouros,para que se
acasalassem diante das
varas. 42 Diante das
fracas,
porém, não as punha, e
assim as crias fracas eram
de Labão e as fortes de
Jacó. 43 Deste modo Jacó
tornou-se muito rico,
dono de numerosos
rebanhos, de escravos e
escravas, de camelos e
jumentos.
Jacó deixa Labão
31
1 Jacó ouviu os filhos de
Labão dizerem: “Jacó
tomou tudo o que era de
nosso pai e com isso
construiu
toda esta riqueza”. 2
Notou também pelo rosto
de Labão que este já não o
tratava com os mesmos
sentimentos de antes. 3 E
o Senhor disse a Jacó:
“Volta para a terra de teu
pai, para tua terra natal,
que
eu estarei contigo”. 4
Então Jacó mandou
chamar Raquel e Lia para
que fossem ao campo
onde estava
com o rebanho 5 e disse:
“Eu noto no semblante de
vosso pai que ele já não
me trata com os mesmos
sentimentos de antes. Mas
o Deus de meu pai está
comigo. 6 Vós mesmas
sabeis que servi vosso pai
com todas as minhas
forças 7 e que ele me
explorou, mudando dez
vezes meu salário. Mas
Deus não
permitiu que ele me
prejudicasse. 8 Quando
ele dizia: ‘Teu salário
serão os animais
malhados’, todos
os animais davam à luz
malhados; e quando dizia:
‘Os animais listrados
serão teu salário’, todas as
ovelhas davam à luz
listrados. 9 Deus tirou
assim o rebanho de vosso
pai e o deu a mim. 10 Pois
no
tempo em que as ovelhas
estão em cio, vi em
sonhos que os carneiros,
que cobriam as ovelhas,
eram
listrados, malhados ou
pintados. 11 E o anjo de
Deus me chamou no
sonho: ‘Jacó’! E eu lhe
respondi:
‘Eis-me aqui’. 12 E ele
disse: Levanta os olhos e
vê: todos os carneiros que
cobrem as ovelhas são
listrados, malhados ou
pintados, porque vi tudo o
que Labão está fazendo
contigo. 13 Eu sou o Deus
que te apareceu em Betel,
onde ungiste a coluna
sagrada e me fizeste o
voto. Levanta-te, sai desta
terra
e volta para tua terra
natal’”. 14 Raquel e Lia
responderam: “Não temos
direito a um dote ou
herança
na casa de nosso pai? 15
Acaso não nos trata como
estrangeiras? Ele vendeu-
nos e devorou o nosso
dinheiro! 16 Não há
dúvida, toda a riqueza que
Deus tirou de nosso pai
pertence a nós e a nossos
filhos. Faze já o que Deus
te mandou”. 17 Jacó
levantou-se e fez montar
as mulheres e os filhos
nos
camelos. 18 Foi levando
consigo todo o gado e
tudo o que havia
adquirido em Padã-Aram,
rumo à
casa de seu pai Isaac, para
a terra de Canaã. 19
Como Labão tinha ido à
tosquia das ovelhas,
Raquel
roubou as estatuetas dos
ídolos de seu pai. 20
Assim Jacó iludiu Labão,
o arameu, fugindo sem
que ele
o soubesse. 21 Fugiu
levando tudo o que tinha,
atravessou o rio Eufrates e
dirigiu-se ao monte
Galaad.
Labão e Jacó: perseguição
e aliança
22 Três dias depois
informaram a Labão que
Jacó tinha fugido. 23
Levou, então, consigo sua
gente e o
perseguiu durante sete
dias até alcançá-lo no
monte Galaad. 24 De
noite Deus apareceu em
sonho a
Labão, o arameu, e lhe
disse: “Cuida-te de não
fazer qualquer ameaça a
Jacó”. 25 Quando Labão
alcançou Jacó, este havia
armado sua tenda no
monte, e Labão fez o
mesmo com sua gente no
monte
Galaad. 26 Labão disse a
Jacó: “Que foi que
fizeste? Enganaste-me e
levaste contigo minhas
filhas,
como se fossem
prisioneiras de guerra! 27
Por que fugiste
secretamente e me
enganaste, em vez de me
avisares para te fazer uma
despedida com festa,
cantos, tímpanos e
cítaras? 28 Nem sequer
me deixaste
beijar minhas filhas e
meus netos. Agiste
estupidamente. 29 Teria
poder para vos fazer mal,
mas o
Deus de teu pai falou-me,
na noite passada, dizendo:
‘Cuida-te de não fazer
qualquer ameaça a Jacó’.
30 E se foi por sentires
saudade da casa de teu pai
que decidiste ir embora,
por que então roubaste
meus deuses?” 31 Jacó
respondeu a Labão: “Eu
receava que talvez me
tirasses tuas filhas. 32
Ora,
quanto aos deuses, morra
aquele com quem os
encontrares. Na presença
de nossa gente, busca
tudo o
que seja teu e leva-o”.
Jacó não sabia que Raquel
os tinha roubado. 33
Labão entrou para
examinar as
tendas de Jacó, de Lia e
das duas servas, mas não
achou nada. Enquanto
saía da tenda de Lia e
entrava
na de Raquel, 34 Raquel
pegou os ídolos,
escondeu-os nos arreios
do camelo e sentou-se em
cima.
Labão revirou toda a
tenda, sem achar nada. 35
Raquel disse ao pai: “Não
te irrites, meu Senhor, por
não poder levantar-me em
tua presença, uma vez que
estou menstruada”.
Assim, por mais que
procurasse em toda parte,
Labão não pôde achar os
ídolos. 36 Jacó irritou-se e
discutiu com Labão,
dizendo-lhe: “Qual é o
meu crime? Que pecado
cometi, para assim me
perseguires? 37 Depois de
revirares todas as minhas
coisas, que achaste de
teu? Apresenta-o aqui
diante de minha gente e
da tua,
para que eles julguem
entre nós dois. 38 Nesses
vinte anos que passei em
tua casa, tuas ovelhas e
tuas
cabras não abortaram,
nem comi os cordeiros de
teus rebanhos. 39 Nem te
apresentava os animais
estraçalhados: a perda
corria por minha conta.
Reclamavas de mim o que
me roubavam de dia e o
que
me roubavam de noite. 40
De dia me consumia o
calor, de noite, o frio, e o
sono me fugia dos olhos.
41 Assim passei vinte
anos em tua casa. Catorze
anos te servi por tuas
filhas, seis por teu gado, e
dez
vezes mudaste o salário.
42 Se o Deus de meu pai,
o Deus de Abraão e o
Deus Terrível de Isaac,
não
estivesse comigo, agora
me terias despachado de
mãos vazias. Deus viu a
minha aflição, o trabalho
de
minhas mãos, e deu a
sentença na noite
passada”. 43 Labão
respondeu e disse a Jacó:
“Estas filhas são
minhas, estas crianças são
meus filhos, estes
rebanhos são meus
rebanhos e tudo quanto
vês é meu.
Que poderia eu fazer hoje
por estas minhas filhas e
pelos filhos que elas
deram à luz? 44 Vamos,
portanto, fazer uma
aliança nós dois para que
sirva de garantia entre
mim e ti”. 45 Tomou Jacó
então
uma pedra e a ergueu
como coluna sagrada. 46
Depois deu ordem à sua
gente para apanhar pedras
e
reuni-las num monte,
junto ao qual comeram.
47 Labão lhe deu o nome
de Jegar-Saaduta, Monte
do
Testemunho, ao passo que
Jacó o chamou de Galed.
48 Labão disse: “Hoje
este monte é um
testemunho entre mim e
ti”. Por isso chamaram-no
Galed, 49 e também
Masfa, Espreita, pois
tinha
dito: “O Senhor vigie a
nós dois quando nos
separarmos um do outro.
50 Se maltratares minhas
filhas
ou tomares outras
mulheres além delas,
mesmo que não haja
ninguém que presencie
nossa conversa,
Deus será testemunha
entre nós”. 51 E Labão
disse ainda a Jacó: “Veja
este monte e esta coluna
sagrada que levantei entre
mim e ti. 52 Este monte e
esta coluna sagrada são
testemunhas de que não
os ultrapassarei com
intenção hostil, nem tu os
ultrapassarás para me
fazeres mal. 53 O Deus de
Abraão e o Deus de Nacor
julguem entre nós”. Jacó
jurou pelo Deus Terrível
de Isaac, seu pai. 54
Depois ofereceu
sacrifícios no monte e
convidou sua gente para
comer. Comeram e
passaram a noite
no monte.
32
1 Labão levantou-se cedo,
beijou os netos e as filhas
e os abençoou. Depois foi
embora, de volta para
seu lugar.
Jacó em Maanaim.
Mensagem a Esaú
2 Jacó prosseguiu a
viagem e encontrou-se
com alguns anjos de
Deus. 3 Ao vê-los, Jacó
disse: “Este é
o acampamento de Deus”.
Por isso deu ao lugar o
nome de Maanaim, 4 Jacó
mandou adiante de si
mensageiros a Esaú, seu
irmão, na terra de Seir,
nos campos de Edom. 4
Deu-lhes estas instruções:
“Assim direis a meu
Senhor Esaú: Assim fala
teu servo Jacó: ‘Estive
com Labão e morei com
ele até
agora. 5 Tenho bois,
jumentos, ovelhas,
escravos e escravas.
Quero dar a notícia a meu
Senhor, para
alcançar seu favor’”. 6 Os
mensageiros voltaram e
disseram a Jacó:
“Estivemos com teu
irmão Esaú, e
ele vem ao teu encontro
com quatrocentos
homens”. 7 Jacó ficou
com muito medo e
angustiado;
dividiu em dois
acampamentos sua gente,
as ovelhas, o gado e os
camelos. 8 Ele pensou
assim: “Se
Esaú atacar um
acampamento e o
destroçar, talvez o outro
fique a salvo”. 9 E Jacó
orou: “Deus de meu
pai Abraão, Deus de meu
pai Isaac, Senhor que me
disseste: ‘Volta para tua
terra natal e serei bom
para contigo’. 10 Não
mereço tantos favores e
toda essa fidelidade com
que trataste teu servo. De
fato
passei este rio Jordão
trazendo apenas o bastão
e volto agora com dois
acampamentos. 11 Livra-
me
das mãos de meu irmão
Esaú, pois tenho medo
que ele venha a
exterminar-me, as mães
com os filhos.
12 Foste tu que me
garantiste: ‘Eu serei bom
para contigo e tornarei a
tua descendência como as
areias
do mar, tão numerosas
que não se podem
contar’”. 13 Jacó passou
ali a noite. Depois
escolheu, do que
tinha, presentes para o
irmão Esaú: 14 duzentas
cabras e vinte bodes;
duzentas ovelhas e vinte
carneiros; 15 trinta
camelas com as crias;
quarenta vacas e dez
touros; vinte jumentas e
dez jumentos.
16 Confiou cada rebanho
a um servo separadamente
e lhes disse: “Ide à minha
frente, deixando um
espaço entre os
rebanhos”. 17 Ao
primeiro deu esta ordem:
“Se meu irmão Esaú te
encontrar e te
perguntar: ‘De quem és,
aonde vais e de quem é o
que levas aí?’, 18 tu lhe
responderás: ‘De teu
servo
Jacó: é um presente que
ele envia a meu Senhor
Esaú; ele vem também
atrás de nós’”. 19 A
mesma
ordem deu ao segundo, ao
terceiro e a todos quantos
levavam o gado, dizendo-
lhes: “Assim devereis
falar a Esaú quando o
encontrardes. 20 E direis:
‘Olha, teu servo Jacó vem
atrás de nós’”. Pois Jacó
dizia consigo: “Vou
aplacá-lo com os
presentes que me
precedem e depois o verei
pessoalmente.
Talvez assim ele me
receba bem”. 21 Os
presentes passaram
adiante e ele ficou ali
naquela noite no
acampamento.
Jacó luta com Deus
22 Levantou-se, ainda de
noite, tomou suas duas
mulheres, as duas
escravas e os onze filhos e
passou o
vau do Jaboc. 23 Jacó
ajudou todos a passar a
torrente e fez atravessar
tudo o que tinha. 24
Quando
depois ficou sozinho, um
homem se pôs a lutar com
ele até o raiar da aurora.
25 Vendo que não podia
vencê-lo, atingiu a coxa
de Jacó, de modo que o
tendão se deslocou
enquanto lutava com ele.
26 O
homem disse a Jacó:
“Larga-me, pois já surge a
aurora”. Mas Jacó
respondeu: “Não te
largarei, se não
me abençoares”. 27 E o
homem lhe perguntou:
“Qual é o teu nome?” –
“Jacó”, respondeu. 28 E
ele lhe
disse: “Doravante não te
chamarás Jacó, mas
Israel, porque lutaste com
Deus e com homens, e
venceste”. 29 E Jacó lhe
pediu: “Dize-me, por
favor, teu nome”. Mas ele
respondeu: “Para que
perguntas por meu
nome?” E ali mesmo o
abençoou. 30 Jacó deu
àquele lugar o nome de
Fanuel, pois
disse: “Vi Deus face a
face e minha vida foi
poupada”. 31 O sol surgia
quando ele atravessava
Fanuel;
e ia mancando por causa
da coxa. 32 Por isso os
israelitas não comem até
hoje o nervo da
articulação
da coxa, pois Jacó foi
ferido nesse nervo.
Jacó se reconcilia com
Esaú
33
1 Jacó ergueu os olhos e
viu Esaú que vinha com
quatrocentos homens.
Então repartiu os filhos
entre
Lia, Raquel e as duas
escravas, 2 pondo na
frente estas duas com os
filhos, depois Lia com os
seus e
por último Raquel com
José. 3 Ele mesmo se pôs
na frente de todos e se
prostrou sete vezes em
terra
antes de se aproximar do
irmão. 4 Esaú correu ao
seu encontro, abraçou-o,
lançou-se-lhe ao pescoço
e
o beijou. E ambos
puseram-se a chorar. 5
Depois, levantando os
olhos, Esaú viu as
mulheres e as
crianças; e perguntou:
“Quem são estes que
trazes contigo?” Jacó
respondeu: “São os filhos
com que
Deus presenteou teu
servo”. 6 Aproximaram-se
as escravas com os filhos
e se prostraram. 7
Aproximou-se também
Lia com os seus e se
prostraram. Depois
acercaram-se José e
Raquel e se
prostraram. 8 Esaú lhe
perguntou: “O que
pretendes com todos esses
rebanhos que vim
encontrando?”
Ele disse: “Conseguir o
favor de meu Senhor”. 9
Esaú respondeu: “Já tenho
bastante, meu irmão. Fica
com o que é teu”. 10 “Oh,
não!”, respondeu Jacó.
“Se alcancei teu favor,
então aceita de minha
mão o
presente, pois vim à tua
presença como se vem à
presença de Deus, e tu me
acolheste favoravelmente.
11 Aceita o presente que
te mandei levar, pois Deus
me ajudou, e não me falta
nada”. Tanto insistiu
que Esaú aceitou. 12 Este
lhe disse: “Vamos
andando. Eu te farei
escolta”. 13 Mas Jacó lhe
respondeu:
“O meu Senhor sabe
muito bem que há aqui
crianças franzinas e que
trago ovelhas e vacas com
crias.
Bastaria um dia de
marcha forçada e todo o
rebanho morreria. 14
Passe meu Senhor na
frente de seu
servo, e eu seguirei
lentamente, ao passo dos
rebanhos que vão na
frente e ao passo das
crianças, até
alcançar meu Senhor em
Seir”. 15 Esaú disse:
“Deixarei contigo uma
parte da gente que trago”.
Mas
Jacó respondeu: “E para
quê, se alcancei o favor de
meu Senhor?” 16 Assim
Esaú voltou a Seir por seu
caminho naquele mesmo
dia. 17 Jacó partiu para
Sucot e ali fez para si uma
casa e abrigos para o
rebanho. Por isso
chamou-se aquele lugar
Sucot, as Tendas.
Jacó em Siquém
18 De volta de Padã-
Aram, Jacó chegou são e
salvo à cidade de Siquém,
na terra de Canaã, e
acampou em frente à
cidade.
19 Por cem moedas de
prata ele comprou aos
filhos de Hemor, pai de
Siquém, o terreno onde
armou as
tendas. 20 Levantou ali
um altar que chamou “El,
Deus de Israel”.
Dina é vingada por
Simeão e Levi
34
1 Dina, a filha que Lia
deu a Jacó, saiu um dia
para visitar as moças
daquela terra. 2 Siquém,
filho de
Hemor, o heveu, chefe
daquela terra, viu-a,
agarrou-a e deitou-se com
ela, violentando-a. 3
Sentiu-se
então apaixonado por
Dina, a filha de Jacó, e,
enamorado como estava,
falou-lhe de modo amigo.
4
Siquém disse a seu pai
Hemor: “Dá-me essa
jovem em casamento”. 5
Jacó soube que Siquém
tinha
desonrado sua filha Dina.
Mas, como seus filhos
estavam no campo com o
rebanho, calou-se até à
volta deles. 6 Hemor, pai
de Siquém, veio falar com
Jacó. 7 Ao voltarem do
campo, os filhos de Jacó
ouviram a notícia e
encheram-se de
indignação e furor, pois
Siquém havia cometido
uma infâmia em
Israel por ter dormido
com a filha de Jacó, coisa
que não se devia fazer. 8
Hemor lhes falou,
dizendo:
“Meu filho Siquém está
apaixonado por vossa
filha. Peço-vos que lhe
seja dada em casamento.
9
Assim nos tornaremos
parentes; poderíeis dar-
nos vossas filhas e tomar
para vós as nossas 10 e
habitar
conosco. A terra estará à
vossa disposição: habitai-
a, percorrei-a e adquiri
nela propriedades”. 11
Siquém disse ao pai e aos
irmãos de Dina:
“Encontre eu favor a
vossos olhos, e vos darei
o que me
pedirdes. 12 Podeis
aumentar o dote e as
dádivas que devo dar.
Tudo o que me pedirdes
vo-lo darei,
mas dai-me a moça em
casamento”. 13 Ora, por
causa do estupro de sua
irmã Dina, os filhos de
Jacó
deram a Siquém e a seu
pai Hemor uma resposta
enganosa; 14 disseram-
lhes: “Não podemos fazer
uma coisa dessas, dar
nossa irmã a um
incircunciso. Seria para
nós uma afronta. 15
Daremos nosso
consentimento só com a
condição de que vos
torneis como nós,
circuncidando todos os
vossos
homens. 16 Então
poderemos dar nossas
filhas e tomar as vossas,
habitar juntos e formar
um só povo.
17 Mas se não
consentirdes em vos
circuncidar, levaremos
nossa filha conosco”. 18
Estas palavras
agradaram a Hemor e a
Siquém filho de Hemor.
19 O jovem não tardou
em cumprir a exigência,
tão
enamorado estava da filha
de Jacó, e por ser o mais
respeitado da família do
pai. 20 Hemor e Siquém
foram até às portas da
cidade e falaram com os
concidadãos: 21 “Essa
gente está em paz
conosco. Que
se estabeleçam no país e o
percorram livremente.
Sem dúvida a terra é
bastante espaçosa.
Tomaremos
as suas filhas para
mulheres e lhes daremos
as nossas. 22 Mas eles só
consentem em morar
conosco e
formar um só povo sob a
condição de todos os
homens se circuncidarem,
assim como eles são
circuncidados. 23 Os
rebanhos, os bens e todos
os animais domésticos
serão assim nossos. Basta
lhes
darmos o consentimento e
eles habitarão conosco”.
24 Todos os que
freqüentavam a
assembléia da
cidade atenderam a
Hemor e Siquém, e todos
foram circuncidados. 25
No terceiro dia, quando
ainda
sofriam as dores, os dois
filhos de Jacó, Simeão e
Levi, que eram irmãos de
Dina, penetraram
tranqüilamente na cidade
de espada em punho e
mataram todos os
homens. 26 Passaram a
fio de
espada Hemor e Siquém,
tiraram Dina da casa de
Siquém e saíram. 27
Então os outros filhos de
Jacó
lançaram-se sobre os
cadáveres e saquearam a
cidade por terem
desonrado a irmã. 28
Levaram consigo
as ovelhas, os bois, os
jumentos, tudo o que
havia na cidade e nos
campos. 29 Levaram
cativas todas
as crianças e mulheres e
pilharam todas as
riquezas, tudo o que havia
nas casas. 30 Jacó disse a
Simeão
e a Levi: “Tornastes
minha vida difícil,
fazendo-me odiado dos
cananeus e dos fereseus,
que habitam
esta terra. Tenho poucos
homens. Quando se
unirem contra mim para
atacar, acabarão comigo e
com
minha família”. 31 Eles
responderam: “Acaso
nossa irmã devia ser
tratada como uma
prostituta?”
Jacó cumpre o voto em
Betel
35
1 Deus disse a Jacó:
“Levanta-te, sobe a Betel
para morar ali. Ergue ali
um altar ao Deus que te
apareceu quando estavas
fugindo de teu irmão
Esaú”. 2 Jacó disseà sua
família e a todos os que
estavam com ele:
“Eliminai todos os deuses
estranhos que houver
entre vós. Purificai-vos,
trocai
vossas roupas. 3 Vamos
subir a Betel e erguer ali
um altar ao Deus que me
ouviu no dia de minha
angústia e esteve comigo
durante a viagem que fiz”.
4 Eles entregaram a Jacó
todos os deuses
estranhos que tinham em
seu poder e os brincos que
levavam nas orelhas, e
Jacó enterrou tudo
debaixo
do carvalho que fica perto
da cidade de Siquém. 5
Quando partiram, Deus
espalhou o terror sobre as
cidades da redondeza, de
modo que não se
atreveram a perseguir os
filhos de Jacó. 6 Assim,
com toda
sua gente, Jacó chegou a
Luza (que é Betel), na
terra de Canaã. 7 Ergueu
ali um altar e deu ao lugar
o
nome de “Deus de Betel”,
porque ali Deus lhe
aparecera quando estava
fugindo de seu irmão. 8
Por
aquele tempo morreu
Débora, a ama de Rebeca,
e foi enterrada ao sopé de
Betel, à sombra de um
carvalho que foi chamado
Carvalho do Pranto. 9
Depois que Jacó voltou de
Padã-Aram, Deus
apareceu-lhe de novo e o
abençoou, 10 dizendo:
“Teu nome é Jacó, mas já
não serás chamado Jacó;
teu nome será Israel”. E
deu-lhe o nome de Israel.
11 E Deus lhe falou:“ Eu
sou o Deus Poderoso: sê
fecundo e multiplica- te.
De ti sairá uma nação,
uma comunidade de
nações, e de tuas
entranhas sairão
reis. 12 A terra que dei a
Abraão e a Isaac darei a ti
e a tua descendência”. 13
Deus se retirou de junto
dele, do lugar onde lhe
tinha falado. 14 Então
Jacó levantou uma coluna
sagrada no lugar onde
Deus
lhe havia falado, uma
coluna de pedra sobre a
qual fez uma libação e
derramou óleo. 15 Ao
lugar onde
Deus tinha falado com ele
deu o nome de Betel.
Nasce Benjamim,
morrem Raquel e Isaac
16 Em
seguida partiram de Betel.
Faltava pouco para
chegarem a Éfrata,
quando Raquel deu à luz,
num parto
muito difícil. 17 Entre as
angústias do parto disse-
lhe a parteira: “Coragem,
que este também é um
menino!” 18 Estando
prestes a morrer, já
agonizante, ela deu-lhe o
nome de Benoni, filho da
dor, mas
o pai o chamou
Benjamim, filho da mão
direita. 19 Raquel morreu
e foi sepultada no
caminho de
Éfrata (que é Belém). 20
Jacó levantou sobre a
tumba de Raquel uma
coluna sagrada. É a
coluna
sagrada da tumba de
Raquel, que existe até
hoje. 21 Israel partiu e
armou as tendas para além
de
Migdal-Eder, Torre do
Rebanho.22 Foi quando
Israel morava nessa
região, que Rúben dormiu
com
Bala, a concubina de seu
pai, e Israel ficou
sabendo. Os filhos de
Jacó eram doze: 23 Filhos
de Lia:
Rúben, o primogênito de
Jacó, Simeão, Levi, Judá,
Issacar e Zabulon. 24 Os
filhos de Raquel: José e
Benjamim. 25 Filhos de
Bala, a escrava de Raquel:
Dã e Neftali. 26 Filhos de
Zelfa, a escrava de Lia:
Gad e Aser. São esses os
filhos de Jacó que
nasceram em Padã-
Aram.27 Jacó foi para
junto de seu pai
Isaac, para Mambré, em
Cariat-Arbe (que é
Hebron), onde haviam
morado Abraão e Isaac.
28 Isaac
viveu cento e oitenta anos
29 e faleceu. Morreu e foi
reunir-se aos
antepassados, velho e com
muitos
anos. Os filhos Esaú e
Jacó o sepultaram.
Os edomitas,
descendentes de Esaú
36
1 Estes são os
descendentes de Esaú
(que é Edom). 2 Esaú
casou-se com mulheres
cananéias: Ada,
filha de Elon o heteu, e
Oolibama, filha de Ana,
filha de Sebeon, o heveu.
3 Além dessas, tomou
Basemat, filha de Ismael,
irmã de Nabaiot. 4 Ada
deu um filho a Esaú,
Elifaz, e Basemat lhe deu
Rauel. 5 Oolibama lhe
deu Jeús, Jalam e Coré.
São esses os filhos de
Esaú que nasceram na
terra de
Canaã. 6 Esaú levou as
mulheres, os filhos, as
filhas e todas as pessoas
de sua casa, o gado, todos
os
animais e os bens que
havia adquirido na terra
de Canaã, e foi para Seir,
longe do irmão Jacó. 7
Como
tivessem muitos bens, não
podiam habitar juntos,e a
terra em que estavam
migrando não bastava
para
os rebanhos. 8 Assim,
Esaú estabeleceu-se na
montanha de Seir. (Esaú é
Edom.) 9 Estes são os
descendentes de Esaú,
antepassado dos edomitas,
na montanha de Seir. 10
Eis os nomes dos filhos
de
Esaú: Elifaz filho de Ada,
mulher de Esaú, e Rauel
filho de Basemat, mulher
de Esaú. 11 Os filhos de
Elifaz foram: Temã,
Omar, Sefo, Gatam e
Cenez. 12 Tamna foi
concubina de Elifaz
filhode Esaú, e lhe
deu Amalec. Eles são
netos de Ada, mulher de
Esaú. 13 Filhos de Rauel:
Naat, Zara, Sama e Meza.
Eles são netos de
Basemat, mulher de Esaú.
14 Os filhos de Oolibama,
mulher de Esaú, filha de
Ana
filho de Sebeon, foram
Jeús,Jalam e Coré. 15
Estes são os chefes de
tribo dos filhos de Esaú.
Filhos de
Elifaz, primogênito de
Esaú: o chefe Temã, o
chefe Omar, o chefe Sefo,
o chefe Cenez, 16 chefe
Coré,
o chefe Gatam, o chefe
Amalec. São esses os
chefes de Elifaz na terra
de Edom; são netos de
Ada. 17
Filhos de Rauel filho de
Esaú: o chefe Naat, o
chefe Zara, o chefe Sama
e o chefe Meza. São esses
os
chefes de Rauel na terra
de Edom; são netos de
Basemat, mulher de Esaú.
18 Filhos de Oolibama,
mulher de Esaú: o chefe
Jeús, o chefe Jalam e o
chefe Coré. São esses os
chefes de Oolibama, filha
de
Aná e mulher de Esaú. 19
Todos esses são
descendentes de Esaú e
chefes de sua gente,isto é,
de Edom.
20 Estes são os filhos de
Seir, o hurrita, que
habitava o país: Lotã,
Sobal, Sebeon, Ana, 21
Dison, Eser,
Disã; eles são os chefes
dos hurritas, descendentes
de Seir, na terra de Edom.
22 Os filhos de Lotã são
Hori e Hemã, e a irmã de
Lotã é Tamna. 23 SEstes
são os filhos de Sobal:
Alvã, Manaat, Ebal, Sefo
e
Onam. 24 Estes são os
filhos de Sebeon: Aia e
Ana. Foi este Aná que
achou no deserto os
mananciais
de água quente enquanto
apascentava os jumentos
de seu pai Sebeon. 25
Estes são os filhos de
Ana:
Dison e Oolibama filha de
Ana. 26 Estes são os
filhos de Dison: Hamdã,
Esebã, Jetrã e Carã. 27
Estes
são os filhos de Eser:
Balaã, Zavã e Acã. 28
Estes são os filhos de
Disã: Hus e Aran. 29 São
esses os
chefes dos hurritas: o
chefe Lotã, o chefe Sobal,
o chefe Sebeon, o chefe
Ana, 30 O chefe Dison, o
chefe Eser, o chefe Disã.
Todos esses são chefes
dos hurritas, segundo as
tribos, na terra de Seir. 31
Estes são os reis que
reinaram na terra de
Edom antes que os
israelitas tivessem um rei.
32 Em Edom
reinou Bela, filho de Beor,
e o nome de sua cidade
era Danaba. 33 Bela
morreu, e Jobab, filho de
Zara,
de Bosra, sucedeu-lhe no
trono. 34 Morreu Jobab e
sucedeu-lhe no trono
Husam, da terra dos
temanitas. 35 Morreu
Husam e sucedeu-lhe no
trono Adad filho de
Badad, que derrotou
Madiã no
campo de Moab; o nome
de sua cidade era Avit. 36
Morreu Adad e
sucedeulhe Semla, de
Masreca. 37
Morreu Semla e sucedeu-
lhe Saul, de Reobot, perto
do rio. 38 Morreu Saul e
sucedeu-lhe Baalanã,
filho de Acobor. 39
Morreu Baalanã, filho de
Acobor, e sucedeu-lhe no
trono Adad; o nome de
sua
cidade era Fau, e sua
mulher se chamava
Meetabel filha de Matred,
a filha de Mezaab. 40
Estes são os
nomes dos chefes de Esaú
segundo suas famílias,
seus territórios e nomes: o
chefe Tamna, o chefe
Alva, o chefe Jetet, 41 o
chefe Oolibama, o chefe
Ela, o chefe Finon, 42 o
chefe Cenez, o chefe
Temã,
o chefe Mabsar, 43 o
chefe Magdiel, o chefe
Iram. São esses os chefes
de Edom segundo as
regiões
que ocupam na terra que
lhes pertence. Esse, pois,
é Esaú, o antepassado de
Edom.
JOSÉ E SEUS IRMÃOS
Os sonhos de José
37
1 Jacó foi morar na terra
de Canaã, onde seu pai
tinha vivido como
migrante. 2 Segue aqui a
história
dos descendentes de Jacó.
Quando tinha dezessete
anos, José apascentava as
ovelhas com os irmãos,
como ajudante dos filhos
de Bala e Zelfa, mulheres
de seu pai. E José falou ao
pai da péssima fama
deles. 3 Ora, Israel amava
mais a José do que a todos
os outros filhos, porque
lhe tinha nascido na
velhice; e por isso
mandou fazer para ele
uma túnica de mangas
compridas. 4 Os irmãos,
percebendo
que o pai o amava mais
do que a todos eles,
odiavam-no e já não
podiam falar-lhe
pacificamente. 5
Ora, José teve um sonho e
contou-o aos irmãos, que
o ficaram odiando ainda
mais. 6 Disse-lhes ele:
“Escutai o sonho que tive:
7 Estávamos no campo
atando feixes de trigo.De
repente o meu feixe se
levantou e ficou de pé,
enquanto os vossos o
cercaram e se prostraram
diante do meu”. 8 Os
irmãos lhe
disseram: “Será que irás
mesmo reinar sobre nós e
dominar-nos?” E
odiavam-no mais ainda
por causa
de seus sonhos e de suas
palavras. 9 José teve
ainda outro sonho, que
contou aos irmãos. “Tive
outro
sonho”, disse, “e vi que o
sol, a lua e onze estrelas
se inclinavam diante de
mim”. 10 Quando contou
o
sonho ao pai e aos irmãos,
o pai o repreendeu,
dizendo:“ Que sonho é
esse que sonhaste? Acaso
vamos
prostrar-nos por terra
diante de ti, eu, tua mãe e
teus irmãos?” 11 Os
irmãos o invejavam, mas
o pai
guardou o assunto.
José vendido pelos irmãos
12 Ora, como os irmãos
de José tinham ido
apascentar
os rebanhos do pai em
Siquém, 13 Israel disse a
José: “Teus irmãos devem
estar com os rebanhos em
Siquém. Vem! Vou enviar-
te a eles”. Ele respondeu-
lhe: “Aqui estou”. 14
Disse-lhe Israel: “Vai ver
se
teus irmãos e os rebanhos
estão passando bem e
traze-me notícias”. Assim
o enviou do vale de
Hebron, e José chegou a
Siquém. 15 Um homem o
encontrou vagando pelo
campo e perguntou: “Que
procuras?” 16 Ele
respondeu: “Estou
procurando meus irmãos.
Dize-me, por favor, onde
estão
apascentando”. 17 O
homem respondeu: “Eles
foram embora daqui, pois
os ouvi dizer:‘ Vamos
para
Dotain’”. José foi à
procura dos irmãos e
encontrou-os em Dotain.
18 Eles, porém, tendo-o o
visto de
longe, antes que se
aproximasse, tramaram a
sua morte. 19 Disseram
uns aos outros: “Aí vem o
sonhador! 20 Vamos
matá-lo e lançá-lo numa
cisterna. Depois diremos
que um animal feroz o
devorou. Assim veremos
de que lhe servem os
sonhos”. 21 Rúben,
porém, ouvindo isto,
tentou livrá-lo
de suas mãos e disse:
“Não lhe tiremos a vida!”
22 E acrescentou: “Não
derrameis sangue. Lançai-
o
naquela cisterna no
deserto, mas não levanteis
a mão contra ele”. Dizia
isso porque queria livrá-lo
das
mãos deles e devolvê-lo
ao pai. 23 Assim que José
se aproximou dos irmãos,
estes o despojaram da
túnica, a túnica de mangas
compridas que trazia, 24
agarraram-no e o
lançaram numa cisterna
que
estava sem água. 25
Depois sentaram-se para
comer. Levantando os
olhos, avistaram uma
caravana de
ismaelitas, que se
aproximava, proveniente
de Galaad. Os camelos
iam carregados de
especiarias,
bálsamo e resina, que
transportavam para o
Egito. 26 E Judá disse aos
irmãos: “Que proveito
teríamos
em matar nosso irmão e
ocultar o crime? 27 É
melhor vendê-lo a esses
ismaelitas. Não
levantemos
contra ele nossa mão, pois
ele é nosso irmão, nossa
carne”. E os irmãos
concordaram. 28 Ao
passarem
os comerciantes
madianitas, os irmãos
tiraram José da cisterna e
por vinte moedas de prata
o venderam
aos ismaelitas, que o
levaram para o Egito. 29
Quando Rúben voltou à
cisterna e não encontrou
José,
rasgou as vestes de dor.
30 Voltando para junto
dos irmãos disse: “O
menino sumiu! E eu, para
onde
irei agora?” 31 Então os
irmãos tomaram a túnica
de mangas compridas de
José, mataram um cabrito
e, embebendo-a de
sangue, 32 mandaram
levar a túnica para o pai,
dizendo: “Encontramos
isso.
Examina para ver se é ou
não a túnica de teu filho”.
33 Jacó reconheceu-a e
disse: “É a túnica de meu
filho. Um animal feroz
devorou José,
estraçalhou-o por inteiro”.
34 Jacó rasgou as vestes
de dor,
vestiu-se de luto e chorou
a morte do filho por
muitos dias. 35 Todos os
filhos e filhas vinham
consolá-
lo, mas ele recusava
qualquer consolo,
dizendo: “Em prantos
descerei até meu filho no
reino dos
mortos”. Assim o chorava
o pai. 36 Entretanto, os
madianitas venderam José
no Egito a Putifar,
ministro do faraó e chefe
da guarda.
Tamar mais honesta do
que Judá
38
1 Por esse tempo, Judá
desceu da montanha e,
afastando-se dos irmãos,
foi parar junto a um
homem de
Odolam, de nome Hira. 2
Ao ver ali a filha de um
cananeu chamado Sué,
casou-se e viveu com ela.
3
Ela concebeu e deu à luz
um filho a quem chamou
Her . 4 Concebeu de novo
e deu à luz outro filho, a
quem chamou Onã. 5
Tornou a conceber e deu à
luz outro filho, a quem
chamou Sela. Quando lhe
nasceu este último,
achava-se em Casib. 6
Judá escolheu para Her, o
primogênito, uma mulher
chamada Tamar. 7 Mas
Her, primogênito de Judá,
desagradou ao Senhor, e o
Senhor o fez morrer. 8
Então Judá disse a Onã:
“Unete à mulher de teu
irmão para cumprir a
obrigação de cunhado e
assegurar uma
descendência para teu
irmão”. 9 Mas Onã sabia
que o filho não seria seu;
por isso,
quando se juntava com a
mulher do irmão,
derramava o sêmen na
terra, para não dar
descendência ao
irmão. 10o proceder de
Onã desagradou ao
Senhor, que o fez morrer
também. 11 Judá disse,
então, à
sua nora Tamar: “Fica
como viúva em casa de
teu pai até que meu filho
Sela se torne adulto”.
Dizia
isso pensando: “Não vá
também ele morrer como
os irmãos”. E assim,
Tamar foi morar na casa
do pai.
12 Tempos depois morreu
a filha de Sué, mulher de
Judá. Passado o luto, Judá
subiu com o amigo Hira
de Odolam, para a
tosquiadas ovelhas em
Tamna. 13 Comunicaram-
no a Tamar, dizendo-lhe:
“Olha,
teu sogro foi a Tamna
para tosquiar as ovelhas”.
14 Ela trocou suas vestes
de viúva, cobriu-se com
um
véu e, assim disfarçada,
sentou-se à entrada de
Enaim, no caminho de
Tamna, pois percebeu que
Sela,
apesar de já adulto, não
lhe tinha sido dado por
marido 15 Judá a viu e a
tomou por uma prostituta,
pois estava com o rosto
coberto. 16 Dirigiu-se até
ela e disse-lhe: “Deixa-me
ir contigo”, pois não
percebeu que era a nora.
Ela perguntou: “Que me
darás para te unires
comigo?” 17 Ele
respondeu:
“Vou mandar-te um
cabrito do rebanho”. Ela
lhe disse: “Só se me deres
alguma coisa como
garantia de
que o mandarás”. – 18
“Que garantia queres que
te dê?” perguntou ele. Ela
respondeu: “O teu sinete,
o
cordão e o bastão que
trazes na mão”. Ele os deu
e uniu-se com ela, que
ficou grávida. 19 Depois
ela
se levantou e foi embora,
tirouo véu e retomou as
vestes de viúva. 20 Mais
tarde, Judá mandou o
cabrito por intermédio do
amigo, o odolamita, para
que retirasse a garantia
das mãos da mulher. Mas
ele não a encontrou. 21
Perguntou aos homens do
lugar: “Onde está a
prostituta que ficava
esperando à
beira do caminho em
Enaim?” Mas eles
responderam: “Nunca
houve prostituta nesse
lugar”. 22 Hira
voltou e disse a Judá:
“Não a encontrei, e os
homens do lugar me
disseram que ali nunca
houve
prostituta alguma”. 23
Judá respondeu: “Pois que
fique por isso, para não
cairmos no ridículo, eu
mandando o cabrito
prometido e tu não
encontrando a prostituta”.
24 Passados uns três
meses,
comunicaram a Judá:
“Tua nora Tamar
prostituiu-se e, em
conseqüência, está
grávida”. Judá
respondeu: “Trazei-a para
fora para que seja
queimada”.25 Quando a
levavam para fora, Tamar
mandou dizer ao sogro:
“O homem a quem
pertencem estas coisas
deixou-me grávida.
Verifica de
quem são o sinete, o
cordão e o bastão”. 26
Judá os reconheceu e
disse: “Ela foi mais
honesta do que
eu. É que não lhe dei meu
filho Sela para marido”. E
não tornou a conhecê-la.
27 Quando chegou a
hora do parto, viram que
ela teria gêmeos. 28
Durante o parto, um deles
pôs uma das mãos para
fora, e
a parteira pegou-a e atou-
lhe um fio vermelho,
dizendo: “Este foi o
primeiro a sair”. 29 Mas
ele
recolheu a mão, e saiu o
irmão: “Que brecha
abriste para ti!” disse ela,
e lhe deu o nome de
Farés. 30
Depois saiu o irmão, com
o fio atado à mão, e ela o
chamou Zara.
A mulher de Putifar
39
1 José foi levado para o
Egito. Putifar, um egípcio,
ministro do faraó e chefe
da guarda do palácio,
comprou-o dos ismaelitas
que o tinham levado para
lá. 2 Mas o Senhor estava
com José, e ele se
tornou um homem bem
sucedido, morando na
casa de seu Senhor
egípcio. 3 O patrão notou
que o
Senhor estava com ele e
fazia prosperar tudo o que
empreendia. 4 José
conquistou as boas graças
do
patrão e ficou a seu
serviço. O patrão o
nomeou administrador de
sua casa, confiando-lhe
todos os seus
bens. 5 E a partir desse
momento, o Senhor
abençoou, em atenção a
José, a casa do egípcio e
derramou
sua bênção sobre tudo o
que possuía em casa e no
campo. 6 O patrão
entregou tudo nas mãos
de José e
não se preocupava com
coisa alguma, a não ser
com o que comia. Ora,
José tinha um belo porte e
era
bonito de rosto. 7
Aconteceu, depois, que a
mulher de seu patrão pôs
nele os olhos e lhe disse:
“Dorme
comigo”. 8 Ele recusou,
dizendo à mulher de seu
patrão: “Em verdade, meu
Senhor não me pede
contas do que há na casa,
confiando-me todos os
bens. 9 Ele próprio não é
mais importante do que eu
nesta casa. Nada me
proibiu senão a ti, por
seres sua mulher. Como
poderia eu fazer tamanha
maldade
pecando contra Deus!” 10
E embora ela insistisse
diariamente com José, ele
se recusou a dormir ou
ficar com ela. 11 Certo
dia, José entrou na casa
para seus afazeres, e
nenhum dos domésticos
estava
em casa. 12 A mulher
agarrou-o pelo manto e
disse: “Dorme comigo”.
Mas ele largou-lhe nas
mãos o
manto e fugiu correndo
para fora. 13 Vendo que
lhe tinha deixado nas
mãos o manto e escapado
para
fora, 14 ela se pôs a gritar
e a chamar os
empregados, dizendo:
“Vede! Trouxeram-nos
esse hebreu
para abusar de nós. Ele
me abordou para dormir
comigo, mas eu comecei a
gritar em alta voz. 15
Quando percebeu que
levantei a voz e gritei,
largou o manto aqui
comigo e fugiu correndo
para fora”.
16 A mulher ficou com o
manto de José até o
marido voltar para casa.
17 Então falou-lhe nos
mesmos
termos, dizendo: “Esse
escravo hebreu que nos
trouxeste abordou-me
querendo abusar de mim.
18
Quando levantei a voz e
comecei a gritar, largou o
manto aqui comigo e
fugiu para fora”. 19 Ao
ouvir
o que a mulher contava –
“Assim é que me tratou
teu escravo” – o marido
ficou furioso. 20 Mandou
prender José e lançou-o
no cárcere onde se
guardavam os presos do
rei. E José ficou no
cárcere. 21
Mas o Senhor estava com
José e concedeu-lhe seu
favor, atraindo-lhe a
simpatia do carcereiro-
chefe.
22 Este confiou a seus
cuidados todos os que se
achavam presos. Era ele
que organizava tudo
quanto
lá se fazia. 23 O
carcereiro-chefe não se
preocupava com coisa
alguma que lhe fora
confiada, porque o
Senhor estava com José e
fazia prosperar tudo o que
fazia.
Intérprete de sonhos no
cárcere
40
1 Sucedeu, depois, que o
copeiro e o padeiro do rei
do Egito ofenderam seu
Senhor, o rei do Egito. 2
O
faraó encolerizou-se
contra os dois ministros, o
chefe dos copeiros e o
chefe dos padeiros, 3 e os
lançou no cárcere da casa
do chefe da guarda – o
cárcere onde José estava
preso. 4 O chefe da
guarda
indicou-lhes José para
servi-los. Passaram algum
tempo no cárcere. 5 Certa
noite, o chefe dos
copeiros
e o chefe dos padeiros do
rei do Egito, que estavam
presos no cárcere, tiveram
um sonho, cada qual
com significado diferente.
6 Ao entrar, pela manhã,
José os encontrou com o
rosto abatido. 7
Perguntou então aos
ministros do faraó, que
com ele estavam presos
na casa de seu Senhor:
“Por que
estais hoje com o rosto
mais triste?” 8 Eles
responderam: “Tivemos
um sonho e não há quem
o
interprete”. José disse:
“Por acaso não cabe a
Deus a interpretação dos
sonhos? Contai-me os
sonhos”.
9 O chefe dos copeiros
contou o sonho a José,
dizendo: “No meu sonho,
vi diante de mim uma
videira
10 com três ramos, e, logo
que as folhas saíam,
florescia e as uvas
amadureciam.11 Como eu
segurava
em minhas mãos a taça do
faraó, colhi os cachos,
espremi as uvas na taça
do faraó e a pus em suas
mãos”. 12 José lhe disse:
“Este é o significado do
sonho: os três ramos são
três dias. 13 Dentro de
três
dias o faraó levantará tua
cabeça: ele te reconduzirá
a teu cargo, e porás a taça
do faraó em suas mãos,
como antes o fazias,
quando eras copeiro. 14
Mas, quando as coisas te
correrem bem, lembra-te
de
mim e faze-me o favor de
me recomendar ao faraó
para que me tire desta
prisão. 15 Com efeito, fui
seqüestrado da terra dos
hebreus e, mesmo aqui,
nada fiz para me
trancarem na prisão”. 16
Quando o
chefe dos padeiros viu
que José explicava bem o
sonho, disse-lhe: “Eu
também tive um sonho:
carregava sobre a cabeça
três balaios de pão
branco. 17 No balaio de
cima havia toda sorte de
guloseimas preparadas
pelos padeiros para o
faraó, e as aves comiam
do balaio que eu levava
sobre a
cabeça”. 18 José
respondeu: “Este é o
significado: os três
balaios são três dias. 19
Dentro de três dias o
faraó levantará tua
cabeça: ele te pendurará
numa árvore para as aves
comerem tua carne”. 20
Ora,
realmente, ao terceiro dia
o faraó celebrava o
aniversário e ofereceu um
banquete a todos os
servidores
e, de fato, “levantou a
cabeça” do chefe dos
copeiros e do chefe dos
padeiros entre os
servidores: 21
reconduziu o chefe dos
copeiros ao cargo de
servir a taça ao faraó; 22 e
quanto ao chefe dos
padeiros,
mandou enforcá-lo,
conforme a interpretação
que José lhe havia dado.
23 Mas o chefe dos
copeiros
não pensou mais em José;
esqueceu-o.
Os sonhos do faraó
41
1 Passados dois anos, o
faraó teve um sonho:
achava-se às margens do
rio Nilo 2 e viu subir dele
sete
vacas bonitas e gordas
para pastar na várzea. 3
Mas atrás delas subiam do
rio outras sete vacas feias
e
magras, que se colocaram
junto às sete que já
estavam à margem do rio.
4 As vacas feias e magras
devoraram as sete vacas
bonitas e gordas. Nisso o
faraó acordou. 5 Depois
adormeceu e sonhou pela
segunda vez: viu sete
espigas bem graúdas e
belas saindo do mesmo
caule. 6 Mas atrás delas
brotaram
sete espigas chochas,
ressequidas pelo vento
leste. 7 As sete espigas
chochas engoliram as sete
espigas
graúdas e cheias. Então o
faraó acordou e viu que
era um sonho. 8 Pela
manhã, com o espírito
perturbado, mandou
chamar todos os
adivinhos e sábios do
Egito. Contou-lhes os
sonhos, mas não
houve quem os
interpretasse ao faraó. 9
Então o copeiro-mor falou
ao faraó e disse: “Hoje
devo
recordar minha falta. 10 O
faraó esteve irritado
contra os servos e os
mandou encarcerar na
casa do
chefe da guarda, a mim e
ao chefe dos padeiros. 11
Na mesma noite, ambos
tivemos um sonho, cada
qual com um sentido
diferente. 12 Havia lá
conosco um jovem
hebreu, escravo do chefe
da guarda.
Contamos os sonhos, e ele
os interpretou, dando a
cada um a sua
interpretação. 13
Aconteceu tal como
nos interpretou: eu fui
reconduzido ao cargo e o
outro foi pendurado”.
José interpreta os sonhos
do faraó
14 O faraó mandou
chamar José, e depressa o
tiraram da prisão. José
barbeou-se, mudou de
roupa e
apresentou-se ao faraó. 15
O faraó disse a José:
“Tive um sonho, e não há
quem o interprete. Ouvi
dizer que, apenas ouves
um sonho, logo o
interpretas”. 16 José
respondeu ao faraó: “Não
eu, mas Deus
dará uma resposta
plausível ao faraó”. 17
Então o faraó contou a
José: “Em meu sonho
estava de pé, às
margens do rio, 18 e vi
subir do rio sete vacas
gordas, de bela
aparência,que se puseram
a pastar na
várzea. 19 E logo atrás
delas subiram outras sete
vacas miseráveis, de
aparência muito feia, tão
magras
e feias como nunca tinha
visto em todo o Egito.20
E as vacas magras e feias
devoraram as sete
primeiras vacas gordas,
21 mas entraram-lhes no
ventre sem que se notasse
diferença alguma, pois
seu
aspecto continuou tão
ruim como antes. Nisto
acordei. 22 Depois vi em
sonho que saíam do
mesmo
caule sete espigas cheias e
bonitas. 23 Atrás delas
surgiram sete espigas
mirradas, chochas e
ressequidas pelo vento
leste. 24 E as sete espigas
chochas engoliram as sete
espigas bonitas. Contei o
sonho aos adivinhos, mas
não há quem me revele o
sentido”. 25 José disse ao
faraó: “O sonho do faraó
constitui uma unidade.
Deus deu a conhecer ao
faraó o que vai fazer. 26
As sete vacas bonitas são
sete
anos e as sete espigas
bonitas são sete anos. Pois
o sonho constitui uma
unidade. 27 As sete vacas
magras e feias que subiam
atrás das outras são outros
sete anos, e as sete
espigas chochas e
ressequidas
pelo vento leste
correspondem a sete anos
de fome. 28 É como eu
disse ao faraó: Deus lhe
fez ver o
que vai fazer. 29 Virão
sete anos de grande
fartura em todo o Egito.
30 Depois virão sete anos
de
carestia, que farão
esquecer toda a fartura na
terra do Egito, e a fome
acabará com o país. 31
Esquecerão que houve
fartura no país, por causa
da fome que seguirá, pois
será terrível. 32 A
repetição
do sonho por duas vezes
significa que da parte de
Deus o fato já está
decretado e que ele se
apressará
em executá-lo. 33
Portanto, o faraó procure
um homem inteligente e
sábio e o ponha à frente
do Egito.
34 Nomeie o faraó fiscais
pelo país e recolha a
quinta parte das colheitas
do Egito durante os sete
anos
de fartura. 35 Reúnam
todos os víveres dos anos
bons que virão e, por
ordem do faraó,
armazenem o
trigo e o guardem como
provisão nas cidades. 36
Esses mantimentos
servirão de provisão ao
país para
os sete anos de fome que
virão sobre o Egito, a fim
de que o país não pereça
de fome”.
José, reabilitado, vice-rei
do Egito
37 Essas palavras
agradaram ao faraó e a
todos os seus servidores.
38 E o faraó disse aos
servidores:
“Poderíamos por acaso
encontrar outro homem
como este, dotado do
espírito de Deus?” 39 E
disse
para José: “Uma vez que
Deus te revelou essas
coisas, não há pessoa tão
inteligente e tão sábia
como
tu. 40 Serás tu quem
governará o meu palácio;
a teu comando, todo o
povo te obedecerá. Só
pelo trono
serei maior do que tu”. 41
E o faraó disse ainda a
José: “Olha, eu te ponho à
frente de todo o Egito”.
42
O faraó tirou o seu anel da
mão e o colocou na mão
de José. Mandou vesti-lo
com vestes de linho fino
e lhe pôs ao pescoço um
colar de ouro. 43 Depois o
fez subir no seu segundo
carro e proclamar à sua
frente: “De joelhos!”
Assim, José foi posto à
frente de todo o Egito. 44
O faraó disse a José: “Eu
sou o
faraó, mas sem ti ninguém
moverá a mão nem o pé
em todo o Egito”. 45 O
faraó deu a José o nome
de
Safenat Fanec e deu-lhe
em casamento Asenet,
filha de Putifar, sacerdote
de On. José viajou por
todo
a terra do Egito. 46 José
tinha trinta anos quando
se pôs a serviço do faraó,
rei do Egito. José saiu da
presença do faraó e
percorreu todo o Egito. 47
Durante os sete anos de
fartura o país conheceu
grande
fertilidade. 48 José
recolheu a produção dos
sete anos em que houve
fartura no Egito e
armazenou-a
nas cidades, depositando
em cada uma a produção
dos campos que a
rodeavam. 49 José chegou
a
reunir trigo em tamanha
quantidade como as areias
do mar, de maneira que
desistiu de contá-lo,
porque ultrapassava toda
medida. 50 Antes de
chegar o primeiro ano da
fome, José teve dois
filhos
com Asenet, filha de
Putifar, sacerdote de On.
51 Ao primeiro deu o
nome de Manassés, pois
dizia:
“Deus me fez esquecer
todos os meus
sofrimentos e a família de
meu pai”. 52 Ao segundo
chamou
Efraim, dizendo: “Deus
tornou-me fecundo na
terra de minha aflição”.
53 Terminados os sete
anos de
fartura no Egito, 54
começaram a vir os sete
anos de fome, como José
havia dito. Em todos os
países
grassava a fome, mas no
Egito inteiro havia o que
comer. 55 E quando
também todo o Egito
começou
a sentir fome, o povo se
pôs a clamar ao faraó,
pedindo pão. O faraó
disse à população:
“Dirigi-vos a
José e fazei o que ele vos
disser”. 56 Quando a
fome se estendeu a todo o
país, José abriu todos os
armazéns e começou a
vender o trigo aos
egípcios, pois a fome se
agravara também no
Egito. 57 De
toda a terra vinham ao
Egito comprar alimento
de José, pois a fome era
dura em toda a terra.
Jacó manda os filhos ao
Egito
42
1 Ao ver que havia cereais
no Egito, Jacó disse aos
filhos: “Por que ficais aí
parados olhando uns para
os outros? 2 Ouvi dizer
que no Egito há trigo.
Descei até lá e comprai
trigo para nós, a fim de
nos
mantermos vivos e não
morrermos”. 3 Assim, dez
dos irmãos de José
desceram para comprar
trigo no
Egito. 4 Jacó, porém, não
deixou Benjamim, irmão
de José, ir com os irmãos,
com medo que lhe
acontecesse alguma
desgraça. 5 Os filhos de
Israel chegaram com
outros que também
vinham comprar
cereais, pois havia fome
em Canaã. 6 José
governava o país e era ele
quem vendia cereais a
toda a
população. Quando
chegaram, os irmãos de
José prostraram-se diante
dele com o rosto em terra.
7 Ao
ver os irmãos, José os
reconheceu, mas
comportou-se com eles
como um estranho e lhes
falou com
rispidez. “De onde estais
vindo?”, perguntou. Eles
responderam: “De Canaã,
para comprar víveres”. 8
José reconheceu os
irmãos, mas eles não o
reconheceram.
José coloca os irmãos à
prova
9 José lembrou-se dos
sonhos que teve a respeito
deles e lhes falou: “Vós
sois uns espiões. Viestes
ver
os pontos fracos do país”.
10 Eles disseram: “Não,
Senhor! Teus servos
vieram comprar
mantimentos.
11 Todos nós somos filhos
do mesmo pai, somos
gente honesta; teus servos
não são espiões”. 12 Ele
lhes replicou: “Não é
verdade, viestes ver os
pontos fracos do país”. 13
Eles disseram: “Nós, teus
servos, éramos doze
irmãos, filhos do mesmo
pai na terra de Canaã. O
mais novo ficou com o
pai e um
\dos doze já não existe”.
14 José insistiu: “Sois
mesmo o que vos disse:
uns espiões. 15 Mas vou
pôr-
vos à prova quanto a isso.
Eu juro pela vida do
faraó, não saireis daqui
enquanto não vier vosso
irmão
menor. 16 Mandai um de
vós buscar vosso irmão, e
vós outros ficareis aqui
presos. Assim provareis se
o que dizeis é verdade.
Caso contrário, pela vida
do faraó, \juro, sois uns
espiões!” 17 E mandou
metê-
los na prisão durante três
dias. 18 No terceiro dia
José disse-lhes: “Deveis
fazer o seguinte para
salvardes a vida – pois eu
temo a Deus –: 19 se
realmente sois gente
honesta, fique um dos
irmãos aqui
no cárcere, e vós outros
ide levar o trigo que
comprastes para alimentar
vossas casas. 20 Mas
trazei-me
o vosso irmão mais novo,
para que eu possa provar
a verdade de vossas
palavra se vós não
preciseis
morrer”. Eles aceitaram
fazer assim 21 e diziam
uns aos outros: “É justo
sofrermos estas coisas,
pois
pecamos contra o nosso
irmão. Vimos sua angústia
quando nos pedia
compaixão e não o
atendemos. É
por isso que nos veio esta
desgraça”. 22 Rúben lhes
disse: “Não vos adverti
para que não pecásseis
contra o menino? Mas vós
não me escutastes, e agora
nos pedem contas do seu
sangue”. 23 Eles não
sabiam que José os
entendia, pois lhes falava
por meio de intérprete. 24
Então José se afastou
deles e
chorou. Pouco depois
voltou e falou com eles;
escolheu Simeão e
mandou amarrá-lo à vista
deles. 25
José mandou que lhes
enchessem de trigo os
sacos, colocassem neles o
respectivo dinheiro e lhes
dessem provisões para o
caminho. E assim se fez.
26 Eles carregaram o trigo
sobre os jumentos e
partiram. 27 Quando, no
lugar onde pernoitaram,
um deles abriu o saco
para dar ração ao
jumento, viu
que o dinheiro estava na
boca do saco. 28 Ele disse
aos irmãos: “Devolveram-
me o dinheiro, está aqui
no saco”. Então perderam
a coragem e muito
preocupados diziam uns
aos outros: “Que será isso
que
Deus está fazendo
conosco?” 29 Retornando
junto ao pai Jacó, na terra
de Canaã, contaram-lhe
tudo o
que havia acontecido e
disseram: 30 “O homem
que governa aquela terra
falou-nos com dureza e
nos
tratou como espiões do
país. 31 Nós lhe
dissemos: ‘Somos gente
honesta, não somos
espiões. 32
Éramos doze irmãos,
filhos do mesmo pai; um
desapareceu e o menor
está no momento com o
pai na
terra de Canaã’. 33 E nos
disse o homem que
governa o país: ‘Nisto
saberei se sois gente
honesta:
deixai comigo um de vós,
levai mantimentos para
matar a fome de vossas
famílias e parti. 34 Trazei-
me depois o irmão mais
novo. Assim saberei que
não sois espiões, mas
gente honesta. Então vos
devolverei o irmão e
podereis circular pelo
país’”. 35 Quando
esvaziaram os sacos,
encontraram a
bolsa de dinheiro em cada
saco. Vendo as bolsas com
o dinheiro, tanto eles
como o pai ficaram com
medo. 36 Jacó, o pai, lhes
disse: “Ides deixar-me
sem filhos! José
desapareceu, Simeão já
não está
aqui e quereis levar
Benjamim também? Tudo
se volta contra mim!” 37
Rúben disse ao pai:
“Poderás
matar meus dois filhos se
não te devolver
Benjamim. Confia-o a
mim, que eu o devolverei
a ti”. 38 Ele
lhe respondeu: “Meu filho
não descerá convosco.
Seu irmão morreu, só
resta ele. Se na viagem,
que
ides fazer, lhe acontecer
uma desgraça, de tanta
dor fareis descer este
velho de cabelos brancos
à
morada dos mortos”.
Segunda viagem ao Egito
43
1 Ora, a fome grassava
pela terra. 2 Acabadas as
provisões trazidas do
Egito, o pai lhes disse:
“Voltai
para comprar para nós
alguns mantimentos”. 3
Mas Judá respondeu-lhe:
“Aquele homem nos
jurou:
‘Não me apareçais sem
vosso irmão’. 4 Se deixas
ir conosco nosso irmão,
desceremos para te
comprar
as provisões. 5 Se não o
mandas, não vamos
descer, pois aquele
homem nos disse: ‘Não
apareçais sem
o vosso irmão’”. 6 E
Israel disse: “Por que me
fizestes esse mal,
contando àquele homem
que tínheis
outro irmão?” 7 E eles lhe
responderam: “Aquele
homem nos interrogou
insistentemente sobre nós
e
nossa família e nos
perguntou: ‘Vosso pai
ainda está vivo? Tendes
algum outro irmão?’ E
nós
respondemos segundo as
perguntas. Podíamos
acaso saber que ele ia nos
dizer: ‘Trazei vosso
irmão’?”
8 E Judá disse ao pai
Israel: “Deixa ir comigo o
menino para que
possamos pôr-nos a
caminho e
conservar-nos vivos; do
contrário, morreremos
nós, tu e nossos filhos. 9
Responsabilizo-me por
ele, de
mim tu o reclamarás. Se
não o trouxer de volta,
colocando-o em tua
presença, serei culpado
para
sempre diante de ti. 10 Se
não nos tivéssemos
atrasado tanto, já
estaríamos de volta pela
segunda vez”.
11 Disse-lhes o pai Israel:
“Sendo assim, fazei o
seguinte: escolhei para
bagagem alguns dos
melhores
produtos desta terra e
levai-os como presente a
esse homem: um pouco de
bálsamo, um pouco de
mel,
especiarias, resina,
terebinto e amêndoas. 12
Levai convosco o dobro
de dinheiro para devolver
o que
foi posto nos sacos, pois
talvez tenha sido um
engano. 13 Tomai vosso
irmão e retornai para
junto
desse homem. 14 E o
Deus Poderoso faça que
esse homem vos mostre
compaixão, para que
deixe
voltar convosco o irmão
que ficou ali e também
Benjamim. Quanto a
mim, se tiver de ser
privado de
meus filhos, que seja”. 15
Levaram consigo
presentes, o dobro de
dinheiro e Benjamim,
desceram para
o Egito e apresentaram-se
a José. 16 Assim que José
viu Benjamim com eles,
disse ao mordomo:
“Faze entrar estes homens
em casa; mata um animal
e prepara-o, pois estes
homens comerão comigo
ao meio-dia”. 17 O
mordomo fez o que José
lhe tinha ordenado e os
introduziu na casa de
José. 18
Enquanto entravam na
casa de José, cheios de
temor diziam entre si: “É
por causa do dinheiro da
outra
vez, colocado em nossos
sacos, que nos trazem
aqui. É um pretexto para
nos espoliar e cair sobre
nós,
fazendo-nos escravos com
nossos jumentos”.19
Aproximando-se do
mordomo, falaram-lhe à
entrada
da casa, 20 dizendo:
“Perdão, Senhor! Nós já
viemos aqui uma vez para
comprar mantimentos. 21
Ao
chegarmos ao lugar onde
na volta passamos a noite,
abrimos os sacos e vimos
que o dinheiro de cada
um estava na boca do
respectivo saco. Nós o
trouxemos de volta, 22
com outra quantia igual
para
comprar provisões. Não
sabemos quem pôs o
dinheiro no saco”. 23
“Ficai tranqüilos – disse-
lhes o
mordomo – não temais!
Foi vosso Deus, o Deus
de vosso pai quem vos
pôs este tesouro nos
sacos. Eu
recebi vosso dinheiro”. E
mandou trazer-lhes
Simeão. 24 Depois de
fazê-los entrar na
residência de
José, deu-lhes água para
lavarem os pés e deu
também ração aos
jumentos. 25 Eles
prepararam os
presentes, esperando que
José viesse ao meio-dia,
pois haviam sido avisados
de que comeriam ali. 26
Quando José chegou em
casa, eles lhe
apresentaram os presentes
que haviam trazido
consigo,
prostrando-se por terra
diante dele. 27 Perguntou-
lhes se estavam bem e
lhes disse:“ Vosso velho
pai,
de quem me falastes, está
bem? Ainda vive?” 28
Eles lhe responderam:
“Teu servo está bem,
nosso pai
ainda vive”, e inclinaram-
se profundamente. 29 José
ergueu os olhos e viu
Benjamim, seu irmão,
filho
de sua mãe, e disse: “É
este vosso irmão mais
novo do qual me
falastes?” E acrescentou:
“Deus te seja
favorável, meu filho”. 30
Ficou todo comovido por
causa do irmão e estava
prestes a chorar. Entrou
por isso apressadamente
nos aposentos, onde
desatou em prantos. 31
Depois de lavar o rosto,
reapareceu, fazendo
esforços para se conter e
disse: “Servi a comida”.
32 Serviram
separadamente a
José, aos irmãos e
também aos egípcios que
com ele comiam, pois os
egípcios não podem
comer com
os hebreus, por ser isso
coisa abominável para
eles. 33 Assentaram-se
diante dele por ordem de
idade,
desde o mais velho até o
mais novo, olhando
espantados uns para os
outros. 34 José mandou
servir-
lhes porções de sua mesa,
mas a porção de
Benjamim era cinco vezes
maior do que a dos outros.
Eles
beberam e ficaram muito
alegres em sua
companhia.
Última prova
44
1 José deu ao seu
administrador esta ordem:
“Enche os sacos destes
homens de víveres quanto
couber
e põe o dinheiro de cada
um na boca do saco. 2
Põe também minha taça, a
taça de prata, na boca do
saco do mais moço,
juntamente com o
dinheiro do trigo”. O
mordomo fez o que José
lhe havia
ordenado. 3 Ao
amanhecer, deixaram
partir os hebreus com seus
jumentos. 4 Estando eles
ainda não
muito longe, pois apenas
tinham saído da cidade,
José disse ao seu
administrador: “Sai em
perseguição
desses homens e dize-lhes
quando os alcançares:
‘Por que pagastes o bem
com o mal? 5 Não é por
acaso esta a taça em que
bebe meu patrão? É com
ela que ele se põe a
adivinhar. Fizestes mal
em agir
assim’”. 6 Quando os
alcançou, repetiu-lhes o
mordomo estas mesmas
palavras. 7 Eles
responderam:
“Por que fala assim o meu
Senhor? Longe de teus
servos fazer uma coisa
dessas! 8 Até o dinheiro
achado na boca de nossos
sacos te trouxemos de
volta da terra de Canaã,
como então iríamos furtar
ouro ou prata da casa de
teu Senhor? 9 Morra
aquele de teus servos em
cujo poder se encontrar a
taça,
e nós sejamos reduzidos a
escravos de teu Senhor”.
10 E ele respondeu:
“Quanto ao que dizeis,
fica
assim:aquele com quem
se encontrar a taça será
meu escravo, e vós outros
estareis livres”. 11 Cada
um
descarregou depressa o
saco em terra e o abriu. 12
Começando pelo mais
velho e acabando pelo
mais
novo, o mordomo os
examinou e a taça foi
encontrada no saco de
Benjamim. 13 Então, num
gesto de
dor, eles rasgaram as
vestes, carregaram de
novo os jumentos e
voltaram à cidade. 14
Quando Judá
chegou com os irmãos à
residência de José que
ainda ali estava,
prostraram-se com o rosto
em terra. 15
José lhes perguntou: “O
que foi que fizestes? Não
sabíeis que um homem
como eu é capaz de
adivinhar?” 16 Judá
respondeu: “O que
podemos dizer a meu
Senhor? Como falar,
como mostrar nossa
inocência? Deus
descobriu a culpa de teus
servos. Tanto nós como
aquele em cujo poder foi
encontrada a taça nos
tornamos agora teus
escravos”. 17 Ele, porém,
respondeu: “Longe de
mim fazer
isso! Aquele com quem se
encontrou a taça será meu
escravo. Quanto a vós,
voltai em paz junto de
vosso pai”. 18
Aproximou-se então Judá
e, com confiança, disse:
“Perdão, meu Senhor!
Permite ao
teu servo falar uma
palavra aos teus ouvidos,
sem que se acenda tua
cólera contra mim. Pois tu
és
como o próprio faraó. 19
Foi meu Senhor quem
perguntou a seus servos:
‘Ainda tendes pai e algum
outro irmão?’20 E nós
respondemos: ‘Temos um
pai já velho e temos o
irmão mais novo, nascido
em
sua velhice. Este tinha um
irmão, que morreu; ele é o
único filho que resta de
sua mãe, e seu pai o ama
com muita ternura. 21Tu
disseste a teus servos:
‘Trazei-o a mim para que
eu possa vê-lo’. 22 Nós te
dissemos: ‘O menino não
pode deixar o pai. Se o
deixar, o pai morrerá’. 23
Mas tu disseste a teus
servos: ‘Se não vier
convosco o irmão mais
novo, não me apareçais
aqui’. 24 Quando,pois,
voltamos
para junto de teu servo,
nosso pai, contamos-lhe
tudo o que meu Senhor
tinha dito. 25 Mais tarde
disse-nos o pai: ‘Voltai
para comprar alguns
mantimentos’, 26 e nós
lhe respondemos: ‘Não
podemos
ir, a não ser que o irmão
mais novo vá conosco. Se
o irmão não nos
acompanhar, não
poderemos
apresentar-nos àquele
homem’. 27 E o teu servo,
nosso pai, respondeu:
‘Bem sabeis que minha
mulher
me deu apenas dois filhos.
28 Um deles saiu de casa
e eu disse: um animal
feroz o devorou. Até
agora
não apareceu. 29 Se me
levardes também este e
lhe acontecer alguma
desgraça, fareis descer de
desgosto meus cabelos
brancos à morada dos
mortos’. 30 Se eu voltar
agora para teu servo meu
pai,
sem o menino, a quem
está intimamente
afeiçoado, 31 quando der
pela falta do menino,
morrerá. E nós
teremos feito descer, de
tristeza, à morada dos
mortos teu servo de
cabelos brancos, nosso
pai. 32 Eu,
teu servo, me tornei
responsável pelo menino
ao tirá-lo do pai e disse:
‘Se não o trouxer de volta,
serei
eternamente culpado
perante meu pai’. 33
Deixa, pois, que teu servo
fique como escravo de
meu
Senhor em lugar do
menino, para que ele
possa subir de volta com
os irmãos. 34 Do
contrário, como
poderei voltar para junto
de meu pai sem o
menino? Não gostaria de
ver meu pai atingido pela
desgraça”.
José dá-se a conhecer aos
irmãos
45
1 Então José não pôde
mais conter-se diante de
todos os que o rodeavam
e gritou: “Mandai sair
toda a
gente”. E assim, ninguém
mais ficou com ele
quando se deu a conhecer
aos irmãos. 2 José rompeu
num choro tão forte, que
os egípcios o ouviram e
até mesmo a casa do
faraó. 3 E José disse a
seus
irmãos: “Eu sou José!
Meu pai ainda vive?” Mas
os irmãos não conseguiam
responder nada, pois
ficaram estarrecidos
diante dele. 4 José, cheio
de clemência, disse aos
irmãos: “Aproximai-vos
de
mim”. Tendo eles se
aproximado, ele repetiu:
“Eu sou José, vosso
irmão, que vendestes para
o Egito. 5
Entretanto, não vos
aflijais, nem vos
atormenteis por me terdes
vendido a este país, pois
foi para
conservar-vos a vida que
Deus me enviou à vossa
frente. 6 De fato este é o
segundo ano de fome no
país, e durante outros
cinco não haverá
semeadura nem colheita.
7 Deus me enviou à vossa
frente para
assegurar-vos a
sobrevivência no país e
preservar-vos as vidas
para uma libertação
grandiosa. 8
Portanto não fostes vós
que me enviastes para cá,
mas Deus. Ele me
constituiu tutor do faraó,
administrador de todo o
palácio e governador de
todo o Egito.9 Voltai
depressa para dizer a meu
pai:
‘Assim diz teu filho José:
Deus me constituiu
administrador de todo o
Egito. Desce, pois, para
junto de
mim sem tardar. 10
Habitarás na terra de
Gessen e estarás perto de
mim com os filhos e
netos, com as
ovelhas e bois e tudo o
que tens. 11 Lá eu te
sustentarei, pois ainda
restam outros cinco anos
de fome,
para que não venhas a cair
na indigência com a
família e tudo o que tens’.
12 Com os vossos
próprios
lhos estais vendo, e meu
irmão Benjamim o vê
com os seus que sou eu
mesmo que vos falo. 13
Contai
a meu pai quanto é o meu
prestígio no Egito e tudo
o que vistes, e apressai-
vos em trazer para cá meu
pai”. 14 Então abraçou
seu irmão Benjamim e
pôs-se a chorar.
Benjamim também
chorava abraçado a
José. 15 Em seguida
beijou todos os irmãos,
chorando enquanto os
abraçava. Depois os
irmãos
conversaram com ele. 16
Correu pela casa do faraó
a notícia: “Chegaram os
irmãos de José”. Isto
trouxe satisfação ao faraó
e a seus servidores. 17 E o
faraó disse a José: “Dize a
teus irmãos: ‘Fazei o
seguinte: carregai os
animais e retornai à terra
de Canaã. 18 Buscai
vosso pai e vossas
famílias e voltai
a mim. Eu vos darei as
terras mais férteis do
Egito e comereis o que há
de melhor no país’. 19 Tu,
transmite a teus irmãos
esta ordem: “Levai do
Egito carros para
transportar os filhos e as
mulheres, e
voltai quanto antes para
cá, trazendo vosso pai. 20
Não tenhais pena de
deixar vossos bens, pois o
que
de melhor há no Egito
será para vós”. 21 Assim
fizeram os filhos de
Israel, e José lhes deu
carros,
segundo a ordem do
faraó, e provisões para a
viagem. 22 Deu-lhes
também a cada um mudas
de roupa
e a Benjamim trezentas
moedas de prata e cinco
vestes. 23 Enviou também
ao pai dez jumentos
carregados com o que de
melhor havia no Egito e
dez jumentas carregadas
de trigo, de pão e víveres
para a viagem do pai. 24
Depois, ao despedir-se
dos irmãos, quando iam
partir, disse-lhes: “Não
fiqueis perturbados pelo
caminho”. 25 Saíram,
pois, do Egito e chegaram
à terra de Canaã, para
junto
do pai, 26 e lhe
comunicaram a notícia:
“José ainda está vivo. Ele
é o governador de todo o
Egito”.
Mas Jacó ficou perplexo,
pois não podia acreditar
neles.27 Eles, então,
contaram tudo o que José
lhes
dissera. Depois, ao ver os
carros que José lhe
mandava para transportá-
lo, reanimou-se o espírito
de
seu pai Jacó. 28 E Israel
disse: “Basta! Meu filho
José ainda vive! Irei vê-lo
antes de morrer”.
Jacó emigra para o Egito
46
1Israel partiu com tudo o
que tinha. Ao chegar a
Bersabéia, ofereceu
sacrifícios ao Deus de seu
pai
Isaac. 2 Deus falou a
Israel em visão noturna,
dizendo-lhe: “Jacó! Jacó!”
E ele respondeu: “Aqui
estou!” 3 E Deus lhe
falou: “Eu sou Deus, o
Deus de teu pai. Não
tenhas medo de descer ao
Egito,pois
lá farei de ti uma grande
nação. 4 Eu mesmo
descerei contigo ao Egito
e de lá te farei subir, e é
José
que te fechará os olhos”. 5
Jacó levantou-se e deixou
Bersabéia. Os filhos de
Israel puseram o pai Jacó,
as crianças e as mulheres
sobre os carros que o
faraó enviara para os
transportar. 6 Levaram
também
consigo os rebanhos e os
bens que possuíam na
terra de Canaã, e Jacó se
encaminhou para o Egito
com
toda a descendência: 7 os
filhos e netos, as filhas e
netas, toda a
descendência, ele os levou
consigo
para o Egito.
Lista dos descendentes de
Israel
8 Eis aqui os nomes dos
israelitas, Jacó e os filhos,
que entraram no Egito. O
primogênito de Jacó,
Rúben. 9 Filhos de
Rúben: Henoc, Falu,
Hesron e Carmi. 10 Filhos
de Simeão: Jamuel,
Jamin, Aod,
Jaquin, Soar e Saul, filho
da cananéia. 11 Filhos de
Levi: Gérson, Caat e
Merari. 12 Filhos de Judá:
Her, Onã, Sela, Farés e
Zara; porém, Her e Onã
morreram na terra de
Canaã. Filhos de Farés:
Hesron e
Hamul. 13 Filhos de
Issacar: Tola, Fua, Jasub e
Semron. 14 Filhos de
Zabulon: Sared, Elon e
Jaelel. 15
São esses os filhos que
Lia deu a Jacó em Padã-
Aram, além da filha Dina.
Total de seus filhos e
filhas:
trinta e três pessoas. 16
Filhos de Gad: Safon,
Hagi, Suni, Esebon, Eri,
Arodi e Areli. 17 Filhos
de
Aser: Jamne, Jesua,
Jessui, Beria e a irmã
Sera. Filhos de Beria
eram Héber e Melquiel.
18 São esses
os filhos de Zelfa, a
escrava que Labão havia
dado à sua filha Lia, e que
ela deu a Jacó: dezesseis
pessoas. 19 Filhos de
Raquel, mulher de Jacó:
José e Benjamim. 20 No
Egito José teve Manassés
e
Efraim, nascidos de
Asenet, filha de Putifar,
sacerdote de On. 21
Filhos de Benjamim:
Bela, Bocor,
Asbel, Gera, Naamã,
Equi, Ros, Mofim, Ofim e
Ared. 22 São esses os
filhos de Raquel, os que
ela deu
a Jacó: catorze pessoas ao
todo. 23 Filhos de Dã:
Husim. 24 Filhos de
Neftali: Jasiel, Guni, Jeser
e
Salém. 25 São esses os
filhos de Bala, a escrava
que Labão deu à filha
Raquel. Ao todo, deu sete
pessoas a Jacó. 26 O total
das pessoas que
emigraram com Jacó para
o Egito, descendentes
dele, sem
contar as mulheres dos
filhos, era de sessenta e
seis pessoas. 27 Os filhos
de José nascidos no Egito
eram dois. A casa toda de
Jacó, que emigrou para o
Egito, constava de setenta
pessoas.
Encontro de Jacó com
José e o faraó
28 Jacó enviou Judá na
frente para avisar José e
fazê-lo vir ao seu
encontro em
Gessen. Quando
chegaram à terra de
Gessen, 29 José mandou
atrelar seu carro e
dirigiuse a Gessen ao
encontro de seu pai Israel.
Logo que o viu, lançou-se
ao seu pescoço e,
abraçado, chorou
longamente.
30 Israel disse a José:
“Agora que vi teu rosto,
posso morrer, pois ainda
estás vivo”. 31 José disse
aos
irmãos e à família do pai:
“Vou subir para informar
ao faraó e lhe dizer:
‘Vieram meus irmãos com
toda a família de meu pai,
que estavam na terra de
Canaã. 32 São pastores e
têm rebanhos de ovelhas e
bois, e vieram trazendo
tudo consigo’. 33 Por
isso, quando o faraó vos
chamar e vos perguntar
qual a
vossa profissão, 34
respondereis: ‘Nós, teus
servos, somos
proprietários de rebanhos
desde a infância
até agora, como o foram
nossos pais’. Assim
podereis habitar na região
de Gessen”. (Os egípcios,
de
fato, abominam todos os
pastores de ovelhas.)
47
1 José foi anunciar ao
faraó: “Meu pai e meus
irmãos vieram da terra de
Canaã, com as ovelhas e
bois
e tudo o que têm. Estão
agora na terra de Gessen”.
2 Tendolevado cinco dos
irmãos, apresentou-os ao
faraó.3 E o faraó lhes
perguntou: “Qual é vossa
profissão?” Eles
responderam ao faraó:
“Nós, teus
servos, somos pastores de
ovelhas,como já o foram
nossos pais”. 4 Disseram-
lhe também: “Viemos
para viver como
migrantes neste país, pois
não há mais pastagens
para os rebanhos, e a
fome é grande
na terra de Canaã.
Permite, pois, que teus
servos sejam assentados
na terra de Gessen”. 5 O
faraó disse
a José: “Teu pai e teus
irmãos vieram a ti. 6 Tens
à disposição a terra do
Egito. Instala teu pai e
irmãos
na melhor parte do país:
que habitem na terra de
Gessen. Se conheces
alguns homens
experimentados
entre eles, coloca-os como
responsáveis pelos meus
rebanhos”. 7 José mandou
vir seu pai Jacó e
apresentou-o ao faraó.
Jacó abençoou o faraó. 8
Então o faraó lhe
perguntou: “Quantos anos
tens?” 9
Jacó respondeu: “Cento e
trinta são os anos de
minha vida migrante pela
terra. Poucos e difíceis
foram
os anos de minha vida,
que não chegaram a
igualar os anos vividos
por meus pais em suas
migrações”.
10 Jacó tornou a abençoar
o faraó e retirou-se de sua
presença. 11 José instalou
o pai e os irmãos,
dando-lhes uma
propriedade no Egito, na
melhor parte do país, no
distrito de Ramsés, como
o faraó
havia determinado. 12
Forneceu também víveres
ao pai, aos irmãos e a toda
a família do pai segundo o
número dos filhos.
Política agrária de José
13 Faltava comida em
todo o país, pois a fome
se agravava. Tanto o Egito
como Canaã estavam
esgotados pela fome. 14
Com a vendado trigo,
José chegou a recolher
todo o dinheiro que havia
no
Egito e em Canaã, e
depositou-o no palácio do
faraó. 15 Esgotado o
dinheiro do Egito e de
Canaã, os
egípcios em peso
recorriam a José, pedindo:
“Dá-nos pão! Ou será que
teremos de morrer em tua
presença porque o
dinheiro acabou?”16 José
lhes respondia: “Já que
vos falta dinheiro, trazei-
me
vossos rebanhos, e eu vos
darei pão em troca”. 17
Eles trouxeram os
animais, e José lhes deu
pão em
troca de cavalos,ovelhas,
bois e jumentos. Naquele
ano forneceu-lhes pão em
troca de todos os
rebanhos. 18 Passado
aquele ano, vieram no ano
seguinte e lhe disseram:
“Não podemos esconder
ao
Senhor que nosso
dinheiro acabou. Ora, já te
demos nosso gado, não
resta outra coisa para
oferecer-te
senão nosso corpo e
nossas terras.19 Por que
haveríamos de perecer
diante de ti, nós e nossas
terras?
Compra-nos junto com as
terras em troca de pão, e
nós com as terras
serviremos ao faraó. Dá-
nos
sementes para que
possamos viver e não
morramos, e nossas terras
não fiquem
abandonadas”. 20
Então José adquiriu para o
faraó todas as terras do
Egito, porque os egípcios
eram obrigados, por causa
da fome, a vender cada
um seu campo. Assim a
terra veio a ser
propriedade do faraó, 21 e
José
submeteu o povo à
servidão do faraó, de um
extremo ao outro do
território do Egito. 22 Só
deixou de
comprar as terras dos
sacerdotes porque eles
recebiam do faraó uma
subvenção. Como
vivessem da
subvenção, não tiveram
de venderas terras. 23 E
José disse ao povo: “Hoje
vos comprei junto com as
terras para o faraó. Aqui
tendes as sementes com
que semeareis as terras.
24 No tempo da colheita
dareis a quinta parte ao
faraó. As outras quatro
partes servirão para
semear os campos e para
sustento
vosso, de vossas famílias
e de vossos filhos”. 25
Eles disseram:
“Devolveste-nos a vida.
Alcançamos
teu favor e nos
tornaremos escravos do
faraó”. 26 José fez disso
uma lei que existe ainda
hoje. Por esta
lei pertence ao faraó a
quinta parte do produto
das terras do Egito.
Somente as terras dos
sacerdotes
não passaram para o
faraó.
Últimas vontades de Jacó
27 Israel estabeleceu-se
no Egito, na região de
Gessen. Ali adquiriram
propriedades, tornando-se
fecundos e muito
numerosos. 28 Jacó viveu
dezessete anos no Egito, e
a duração de sua vida foi
de cento e quarenta e sete
anos. 29 Aproximando-
se o dia da morte de
Israel, ele chamou seu
filho José e lhe disse: “Se
realmente ganhei o teu
favor, põe
a mão debaixo de minha
coxa e promete tratar-me
com amor e fidelidade:
não me sepultes no Egito.
30 Quando eu descansar
com meus pais, leva-me
do Egito e enterra-me na
sepultura deles”. José
respondeu: “Farei o que
pediste”. 31 E seu pai
insistiu: “Jura-me!” E ele
jurou. Então Israel
inclinou-se
sobre a cabeceira do seu
leito.
Bênção de Efraim e
Manassés
48
1 Depois desses
acontecimentos
comunicaram a José: “Teu
pai está doente”. José
tomou consigo os
dois filhos, Manassés e
Efraim, 2 e mandou avisar
a Jacó: “Teu filho José
veio te visitar”. Então
Israel,
com muito esforço,
sentou-se no leito. 3
Depois Jacó disse a José:
“O Deus Poderoso me
apareceu em
Luza, na terra de Canaã,
abençoou-me 4 e me
disse: ‘Eu te farei fecundo
e numeroso,
transformando-te
numa comunidade de
povos; à tua descendência
darei esta terra como
propriedade perpétua’. 5
Quanto
aos dois filhos que tiveste
no Egito, antes de vir para
junto de ti, serão meus.
Efraim e Manasses serão
meus como Rúben e
Simeão. 6 Os que te
nascerem depois deles
serão teus e em nome de
seus irmãos
receberão a herança. 7 É
que, ao voltar de Padã-
Aram, morreu me Raquel
durante a viagem, na
terrade
Canaã, pouco antes de
chegar a Éfrata. Eu a
sepultei ali mesmo no
caminho de Éfrata, que é
Belém”. 8
Ao ver os filhos de José,
Israel perguntou:“ Quem
são estes?” 9 José
respondeu: “São meus
filhos que
Deus me deu aqui”.
“Faze-os aproximar-se de
mim para que os
abençoe”, disse Jacó. 10
Israel tinha os
olhos enfraquecidos pela
idade e enxergava mal.
José, então, os fez
aproximar-se, e Israel os
beijou e
abraçou, 11 dizendo a
José: “Não esperava ver
nem teu rosto e eis que
Deus ainda me fez ver
também
teus filhos”. 12 José os
tirou do colo do pai e
prostrou-se com o rosto
em terra. 13 Depois,
tomando os
dois, Efraim à direita e
Manasses à esquerda,
aproximou-se de Israel
para que Manassés ficasse
à
direita de Israel e Efraim
à esquerda. 14 Mas Israel
estendeu a mão direita e a
colocou sobre a cabeça
de Efraim, que era o mais
moço, e a esquerda sobre
a cabeça de Manassés,
cruzando as mãos, embora
Manasses fosse o
primogênito.15 Abençoou
a José dizendo: “O Deus
em cuja presença andaram
meus
pais Abraão e Isaac, o
Deus que foi meu pastor
desde que existo até hoje,
16 o Anjo que me livrou
de
todo mal, abençoe estes
meninos. Que por meio
deles seja recordado o
meu nome e o nome de
meus
pais, Abraão e Isaac, e
que eles se tornem uma
multidão na terra”. 17
José viu o pai colocando a
mão
direita sobre a cabeça de
Efraim e ficou
contrariado. Pegou a mão
do pai, removendo-a da
cabeça de
Efraim para a de
Manassés, 18 e lhe disse:
“Não é assim, meu pai! O
primogênitoé este! Põe a
mão
direita sobre a cabeça
dele”. 19 Mas o pai se
recusou, dizendo: “Eu sei,
meu filho,eu sei. Também
ele
se tornará um povo,
também ele será grande.
Não obstante, seu irmão
menor será maior do que
ele e
sua descendência se
tornará uma multidão de
nações”. 20 Abençoou-os
naquele dia, dizendo: “Por
vós
o povo de Israel
pronunciará bênçãos e
dirá: Deus te faça
semelhante a Efraim e
Manassés”. Assim
Jacó pôs Efraim à frente
de Manassés. 21 Depois
Israel disse a José: “Eu
vou morrer, mas Deus
estará
convosco e vos
reconduzirá à terra de
vossos pais. 22 Dou-te
uma parte a mais que teus
irmãos,
Siquém, que tomei aos
amorreus com minha
espada e arco”.
Testamento profético de
Jacó
49
1 Jacó chamou os filhos e
lhes disse: “Reuni-vos
para que eu vos anuncie o
que sucederá nos dias
vindouros:
2 Reuni-vos e escutai,
filhos de Jacó, escutai
Israel, vosso pai.
3 Rúben, tu és o meu
primogênito, minha força
e o primeiro fruto de meu
vigor, primeiro em
autoridade e primeiro em
poder.
4 Impetuoso como a água,
não manterás a primazia!
Pois subiste na cama de
teu pai, profanando então
o meu leito.
5 Simeão e Levi são
irmãos. Instrumentos de
violência são suas
espadas.
6 Jamais assistirei a seu
conselho, nem minha
honra será cúmplice de
suas tramas. Porque no
furor
degolaram homens, e por
capricho a touros
cortaram os tendões.
7 Maldita, cólera tão
violenta, maldito, furor
tão cruel. Vou reparti-los
em Jacó e dispersá-los em
Israel.
8 A ti, Judá, teus irmãos
renderão homenagem, tua
mão pesará sobre a nuca
de teus inimigos. Diante
de ti se prostrarão os
filhos de teu pai.
9 Judá, filhote de leão!
Voltaste, meu filho, da
pilhagem. Agacha-se e
deita-se, como leão e
como
leoa; quem o despertará?
10 O cetro não será tirado
de Judá nem o bastão de
comando de entre seus
pés, até que venha aquele
a
quem pertencem e a quem
obedecerão os povos.
11 Ele ata à videira o
jumentinho, à parreira
escolhida o filho da
jumenta; lava no vinho a
veste e no
sangue das uvas a roupa.
12 Seus olhos são mais
escuros que o vinho e os
dentes mais brancos que o
leite.
13 Zabulon habita na
costa do mar, serve de
porto aos navios, e sua
fronteira irá até Sidônia.
14 Issacar é um jumento
robusto deitado no meio
dos currais.
15 Vendo que o repouso
era bom e que a terra era
excelente, ofereceu o
lombo à carga, foi
submetido a
trabalho escravo.
16 Dã julgará seu povo,
como qualquer uma das
tribos de Israel.
17 Dã seja como serpente
no caminho, como víbora
no atalho, que morde os
calcanhares do cavalo e
faz cair para trás o
cavaleiro.
18 Tua salvação espero, ó
Senhor!
19 Gad: assaltado por
bandos de guerrilheiros,
ele também os ataca pelas
costas.
20 Aser: seu pão é
nutritivo, fornece
produtos deliciosos aos
reis.
21 Neftali é uma corça em
liberdade, que tem crias
graciosas.
22 José é como planta
nova, árvore frutífera
junto à fonte, seus galhos
sobem pelo muro.
23 Provocaram-no com
flechas, atacaram-no os
atiradores de setas.
24 Mas permanece
retesado seu arco, e ágeis
se mostram as mãos. Foi
pelas mãos do Soberano
de
Jacó, pelo nome do
Pastor, a Rocha de Israel.
25 Pelo Deus de teu pai,
que te ajude, pelo Deus
Poderoso, que te abençoe
com bênçãos que descem
do céu; bênçãos do
Abismo sob a terra,
bênçãos dos peitos e do
ventre;
26 bênçãos de teu pai,
superiores às bênçãos dos
montes antigos, às
delícias das colinas
eternas.
Desçam elas sobre a
cabeça de José, sobre a
fronte do consagrado
entre os irmãos.
27 Benjamim é lobo
voraz: pela manhã devora
a presa e à tarde reparte
despojos”.
28 São essas as doze
tribos de Israel, e isso foi
o que lhes falou o pai ao
abençoá-los, dando a cada
um
sua bênção.
Morte de Jacó
29 Depois, Jacó deu lhes
esta instrução: “Vou
reunir-me a meus
antepassados; sepultai-me
com meus
pais na gruta de Macpela,
no campo de Efron, o
heteu , 30 na gruta que
fica no campo de
Macpela, em
frente de Mambré, na
terra de Canaã. É a gruta
que Abraão comprou a
Efron, o heteu, junto com
o
campo, como propriedade
funerária. 31 Lá foram
sepultados Abraão e sua
mulher Sara, Isaac e sua
mulher Rebeca, e foi lá
que sepultei Lia”. 32
(Trata-se do campo com a
gruta comprados dos
heteus.)
33 Quando Jacó acabou
de dar essas instruções
aos filhos, recolheu os pés
sobre a cama e expirou. E
foi reunir-se aos se
us antepassados.
Funerais de Jacó
50
1 Então José lançou-se
sobre o rosto do pai,
chorando e beijando-o. 2
Mandou os médicos, que
tinha a
seu serviço, embalsamar o
pai. E os médicos
embalsamaram Israel. 3
Gastaram nisso quarenta
dias, o
tempo que se leva para
embalsamar. E os egípcios
guardaram luto durante
setenta dias. 4 Passados
os
dias do luto, José falou
assim ao pessoal da casa
do faraó: “Se me quereis
fazer um favor, fazei
chegar
aos ouvidos do faraó 5 o
juramento que meu pai
me pediu, dizendo:
‘Quando eu morrer, me
sepultarás
na sepultura que escavei
para mim em Canaã’.
Quero portanto, agora,
subir para sepultar meu
pai e
depois voltarei”. 6 E o
faraó lhe respondeu:
“Sobe e sepulta teu pai
conforme ele te fez jurar”.
7 José
subiu então para sepultar
o pai, acompanhado por
todos os anciãos a serviço
do faraó e todos os
anciãos do Egito, 8 toda a
família de José, seus
irmãos e a família do pai.
Deixaram na região de
Gessen apenas as
crianças, as ovelhas e os
bois. 9 Subiram também
com ele carros e
cavaleiros, de
modo que o cortejo era
muito imponente. 19
Situado no Além-Jordão,
Gad está muito exposto às
incursões dos nômades.
10 Quando chegaram à
eira de debulhar o trigo,
em Atad, do outro lado do
Jordão, organizaram ali
um grande e solene
funeral, e José fez um luto
de sete dias pelo pai. 11
Os
moradores da terra, os
cananeus, ao verem esse
luto na eira de Atad,
comentaram: “Este foi um
grande
luto para o Egito”. Por
isso se deu a esse lugar,
no Além-Jordão, o nome
de Abelmesraim, Luto do
Egito”.12 Os filhos de
Jacó fizeram com o pai
assim como ele os havia
instruído. 13 Levaram-no
a
Canaã e o sepultaram na
gruta do campo de
Macpela, que Abraão
tinha comprado ao heteu
Efron,
como propriedade
funerária diante de
Mambré. 14 Depois de
sepultar o pai, José voltou
para o Egito
com os irmãos e com
todos os que haviam
subido com ele para o
enterro do pai.
Perdão de José a seus
irmãos
15 Ao verem que o pai
tinha morrido, os irmãos
de José disseram entre si:
“Não aconteça que José se
lembre da injúria que
sofreu e nos faça pagar
todo o mal que lhe
fizemos”. 16 E mandaram
dizer a
José: “Teu pai, antes de
morrer, ordenou-nos 17
que te disséssemos estas
palavras: ‘Peço-te que
esqueças o crime de teus
irmãos, o pecado e a
maldade que usaram
contra ti’. Portanto,
perdoa o crime
dos servidores do Deus de
teu pai”. Ouvindo isso,
José pôs-se a chorar. 18
Vieram seus irmãos e
prostraram-se diante dele,
dizendo: “Somos teus
servos”. 19 José lhes
disse: “Não tenhais medo!
Estou
eu, por acaso, no lugar de
Deus? 20 Vós planejastes
fazer o mal contra mim.
Deus, porém, converteu-o
em bem: quis exaltar-me
para dar vida a um povo
numeroso, como hoje
estais vendo. 21 Não
temais,
pois. Continuarei
sustentando-vos junto
com os vossos filhos”.
Assim os confortou,
falando-lhes com
doçura e mansidão.
Morte de José
22 José ficou morando no
Egito junto com a família
de seu pai e viveu cento e
dez anos. 23 José viu os
filhos de Efraim até à
terceira geração, bem
como os filhos de Maquir
filho de Manassés. Ao
nascerem, adotou-os,
recebendo-os sobre os
joelhos. 24 Depois José
disse a seus irmãos: “Eu
vou
morrer, mas Deus
intervirá em vosso favor e
vos fará subir deste país
para a terra que ele jurou
dar a
Abraão, Isaac e Jacó”. 25
José fez os filhos de Israel
jurarem, dizendo-lhes:
“Quando Deus vos visitar,
levai daqui meus ossos
convosco”. 26 José
morreu no Egito aos cento
e dez anos; foi
embalsamado e
posto num sarcófago no
Egito.
FIM
Fonte: pdf da Bíblia
Sagrada – Tradução da
CNBB - 2007
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