RELATOS HISTÓRICOS decorrentes dos eventos da Fé em NOSSA SENHORA APARECIDA
As gravações que você vai ouvir agora foram extraídas do LP nº 1002 , um disco de vinil da empresa CRC GRAVAÇÕES, intitulado "OS MILAGRES DE NOSSA SENHORA APARECIDA". E foi encenado pelo Elenco da Rádio Teatro da Rádio Aparecida, em 1981.
Sumário, ou títulos das faixas:
(1) OS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS
(2) O PRIMEIRO MILAGRE, O ACENDIMENTO DAS VELAS
(3) O MILAGRE COM O ESCRAVO ACORRENTADO
(4) O MILAGRE DE MARCELINO QUE CAIU NO RIO E NÃO SE AFOGOU
(5) O CAÇADOR QUE FOI SALVO DE UMA ONÇA
(6) ROMEIRA CEGA DE NASCENÇA QUE FICOU CURADA
(7) O FAZENDEIRO QUE NÃO ACREDITAVA EM MILAGRES
(8) O SANTUÁRIO DA APARECIDA
(9) A PADROEIRA DO BRASIL
(10) A MÃE DA PÁTRIA BRASILEIRA
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(OS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS)
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No ano de 1717, Dom Pedro de Almeida Portugal, o Conde de Asumar, passando pela vila de Guaratinguetá em demanda às gerais, foram notificados pela Câmara os pescadores para apresentarem todo o peixe que pudessem ao governador.
Entre muitos foram a pescar Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Vejamos como tudo se passou.
O Senhor é João Alves? Sim, senhor. Em que pode um humilde piracora servir a tão... Deixe de cerimônias inúteis, homem, e escute. Pois não, pois não, senhor.
Entre, entre. Entre para conversarmos. Não é preciso. Venho da parte de meu nobre senhor, o Conde de Assumar. O Conde? Aqui, em Guará? Faça uma reverência quando tocar no nome de meu senhor. Lembre-se de que ele é um nobre. Sim, senhor. Mil desculpas. Mil desculpas. Então, o nobre Conde de Asumar, digno governador de São Paulo e das Minas, senhor de todos nós, está de passagem pela nossa humilde vila de Guará. Sim, e trago importante incumbência para você e seus companheiros de pesca. O senhor está se referindo a Domingos Garcia e Felipe Pedroso. Justamente. O nobre Conde acaba de chegar e está cansado e faminto. Trago ordens no sentido de que você e seus companheiros tragam do Paraíba todo o peixe que for possível. Isso terá que ser feito enquanto meu senhor descansa. Porque logo após, ele e seu secto, poderão ver a mesa com toda a variedade de peixes. Entendido? Mas, senhor, nós estamos em uma má época para pescar. Já faz algum tempo que as nossas redes não sentem o peso de peixe. O senhor... será difícil. Isso é com você. Ordens são ordens. E devem ser obedecidas, cumpridas, portanto... Mas... Não tem mas nem meio mas. Aliás, eu ia me esquecendo de algo muito importante. E é mais propriamente uma advertência, João Alves. Divertência? Entenda como quiser, o que eu vou dizer. Você e seus companheiros têm que trazer peixe para o Conde de Assumar. Senão serão enforcados. Mas, não é possível. Entre em entendimentos com seus companheiros. E faça com que a mesa de meu senhor esteja hoje bastante variada. Não é você o mais respeitado piracuara desta redondeza? Pois então, traga muito peixe. Se não quiserem morrer enforcados.
Oh, meu Deus. Oh, meu Deus. O que é que eu vou fazer? Eu tenho que dar um jeito.
O que diz você, João Alves? Estou boquiaberto com essa ordem. Somos bons pescadores. Mas não podemos fazer milagres. Pois foi o que o mensageiro do Sr. Conde disse. Se não houver peixe para o banquete, seremos enforcados. Sabe lá o que é isso? Sentir um laço apertando, apertando o pescoço. Ah, meu Deus. Estou achando que esta ameaça talvez seja apenas por parte do mensageiro. O governador não ia dar ordem assim, sem pé, sem cabeça? Não sei. Mas acho que devemos cumprir a ordem. Seja ela falsa ou verdadeira. É, tem razão. Eu também penso da mesma forma. Ah, bem. E seja tudo pelo amor de Deus. Esta noite, então, vamos pescar.
É, nada. Nada, Garcia. Nada. Lançar sua frente, Pedro. Lá vai. Nem sombra de peixe, João Alves. Nada, nada. É, pessoal. É duro o nosso encargo de uma fraca pescaria. Ah, sim. Como é doloroso o nosso ofício, meu Deus. Como é doloroso. Pelo que eu estou vendo, amigos, talvez esta seja a nossa última noite de vida. Se amanhã não entregarmos farta pescaria ao nobre conde, seremos enforcados. Tantas horas que lutamos e nada, nada de peixe. E o pior é que eles não acreditarão em nós. Mesmo que digamos que não fomos felizes na pescaria, eles lançarão sua ira contra nós. Lançar sua frente, Domingos. Sim. Eu e o João Alves já estamos exaustos. Ah, está bem, está bem, está bem. Eu vou tentar mais uma vez. Lá vai.
João, João Alves. O que foi, o que foi? Eu, eu acho que... Será, meu Deus? Eu acho que consegui pegar alguma coisa. A rede está pesada. Pelo jeito, estamos com sorte hoje. É, sim. É bem capaz de sua rede trazer um enrosco qualquer em vez de peixe. Ajude-me. Alumine aqui com seu facho, Alves. Eu, eu acho que, eu acho que não é enrosco, não. Será? Não. João. Olha aqui, João. O que é? O que é, Garcia? É peixe, é. Não, não. Será que, será que vocês não estão vendo? Não, mas... É o corpo de uma imagem. Uma imagem? Uma imagem. Olha aí. Uma imagem da Conceição. Mas está escuro. Veja, veja. Está faltando a cabeça. Olha aí, gente. O que será que aconteceu com a cabeça dela? Eu também não sei, Pedro. Eu também não sei. Nossa. Eu estou achando que alguma coisa está para acontecer, pessoal. Pois, tomara que aconteça uma boa pescaria. Não há dúvida, não há dúvida. Eu acho que cada um de nós deve pedir à Nossa Senhora da Conceição uma boa pescaria. Senão, estaremos em maus lençóis com o Conde de Assumar. Cada um deve fazer uma prece em silêncio. Depois vamos descer até o por do Itaguaçu. Talvez lá consigamos algum peixe.
E os três pescadores desceram rio abaixo, rumo ao porto do Itaguaçu. Iam confiantes, cheios de esperança. O tempo para a entrega dos peixes já estava quase consumado. No porto do Itaguaçu, João Alves lançou sua rede na água.
O que é isso? Ei, pessoal! Venham ver o que a minha rede trouxe. É a cabeça da Senhora Conceição. A cabeça da imagem que encontramos lá em cima? Sim, Garcia. Mas vamos tirar a dúvida. Dê-me a imagem. Vamos ver se a cabeça encaixa direitinho no corpo. Um momento. Aí está, João. Dê-me sim. Vejam. Vejam que imagem linda. Vejam. Parece que é feita de barro cozido. É sim, Garcia. Quem será que jogou essa imagem no Paraíba? Eu não sei, Pedro. E duvido que alguém saiba. Nossa, pessoal, o tempo está quase esgotando e nós não pescamos nada. Vamos fazer mais umas tentativas. Depressa. Lá vai a minha rede.
Venham! Venham, amigos! Venham me ajudar! A minha rede está pesada. Acho que desta vez é peixe no duro. Venham, amigos! Pega aquela ponta, Pedro. A rede está quase rompida. Depressa! Vamos lá! Amigos! Que coisa mais linda! Que coisa mais extraordinária! Há poucos instantes não tínhamos pescado nada. Nem só peixe. E agora vejam. Vejam! Vai sobrar peixe na mesa do conde. Vai sobrar peixe para nós. E não mais seremos enforcados.
Estava cumprida a ordem. Os pescadores traziam peixes para o conde de Assumar. Mas traziam também um símbolo de fé encontrado nas águas. Na vila, o povo esperava ansioso pelo pescado que não era para eles, mas para quem muito respeitava.
E João Alves, ansioso da imagenzinha, abre ansiosamente o pano e mostra o que tinha trazido com todo respeito. Vejam, amigos! Quem pescou mais fui eu. Olhem aqui! É a imagem da Conceição. Vejam! É a imagem da Conceição. Vejam! Vejam! Podem não acreditar, mas é verdade. Antes de encontrarmos essa imagem, a nossa pescaria tinha dado em nada. Mas depois, quando Garcia encontrou o corpo e no porto de Itaguaçu, eu encontrei a cabeça, vocês precisavam ver quantos peixes as nossas redes trouxeram. Parecia que ia romper de tanto peixe. E nossa confiança aumentou dali em diante. Não resta a menor dúvida de que foi um milagre, um grande milagre. É, e eu que durante toda a pescaria senti a corda no pescoço. Bem, amigos, nada mais justo do que agradecermos de todo o coração esse sucesso. Vamos rezar um terço? Vamos!
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(O PRIMEIRO MILAGRE, O ACENDIMENTO DAS VELAS)
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A primeira igreja erguida em outra imagenzinha que apareceu no Paraíba era uma choça improvisada em capela. E foi ali que a senhora aparecida nas águas se apossou dos seus primeiros peixes. Estavam alguns devotos reunidos dentro da igreja. Rezando o Deus pela luz das velas. Juntos estavam também João Alves, Domingos Garcia e Felipe Pedroso.
Quem apagou as velas? Silvana, vá buscar os fósforos para acendê-las. Onde estão? Está tão escuro. Vou procurar. As velas acenderam! Como? As velas acenderam! Devotos! Devotos! Devotos! Isso foi um sinal de Maria. Com esse sinal mostrou-nos que nos amam.
Foi o primeiro milagre de Nossa Senhora Aparecida.
As velas se acenderam sem que ninguém as tocasse. Daí por diante o povo foi juntando. De quando em quando a Senhora Aparecida mostrava-se bondosa àquela gente piedosa. O povo logo acorreu. No Morro dos Coqueiros levantava-se o primeiro santuário à Mãe de Deus. E a Senhora Aparecida, Uma imagem da Conceição feita de argila cozida, Formou uma grande legião de devotos. Todos queriam vê-la.
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(O MILAGRE COM O ESCRAVO ACORRENTADO)
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Um dia, em agosto de 1850, mais ou menos, houve um reboliço na vila de Aparecida. Um negro escravo entrou correndo vila adentro. Ganhou o interior da igrejinha da vila e prostrou-se aos pés da virgem. Senhora! Senhora! Senhora, que até me magoa de quem está aqui prostrado aos seus pés para implorar. Tenha pena de mim, Senhora! Eu vim até aqui arrastando, arrastando as minhas correntes. Eu não sei explicar porquê, mas de repente, a fé tomou conta de mim. E eu resolvi vir aqui também, Senhora. Eu fiquei sabendo das suas maravilhas, Senhora. Então, eu acreditei. Portanto, faz, Senhora. Faz, faz com as correntes que me prendem se sortem. Anima minha fé, porque o feitor está a minha procura. Me ajuda, Senhora.
Até que vê o encontro, é negro sem vergonha. Vai pagar dos cinquenta chivatadas no novo tempo que fez perder a de procurar. Vai ver quanto custa sua fuga, negro rebelde. Senhora, anima a fé do negro, porque o feitor já me encontrou, Senhora. Meu Deus do Céu! Meu Deus do Céu!
Foi só o que o feitor pôde falar. Meu Deus do Céu! Sentiu-se aturdido ao presenciar tamanho prodígio. Todo o povo da vila estava presente. Como o feitor perdeu a fala, chamaram o capelão, que era então o padre Antônio Luís dos Reis França. Que chegando, trançou os braços com o homem e o levou para a sua casa, acompanhado pelo preto. Ao capelão, o feitor contou toda a história do acontecimento. Dizendo que o escravo tinha fugido de uma fazenda em Curitiba e foi residir em Pananal. Aconteceu que o delegado descobriu que o tal negro era um escravo fugido e o mandou prender. Preso, o escravo declarou que pertencia a um fazendeiro de Curitiba e contou o motivo pelo qual tinha fugido. O fazendeiro, dono do escravo, sendo comunicado pelo delegado, mandou buscá-lo. Ao passarem pela vila de Aparecida, indo de volta para Curitiba, tendo o escravo visto a capela de Nossa Senhora, para lá se dirigiu. Visto ter-se dado este grande milagre, o feitor pediu que o capelão lhe desse um atestado sobre o acontecimento. Assim que o fazendeiro em Curitiba leu o atestado, ficou tão surpreendido que mandou preparar uma condução. Escolheu dois escravos de sua confiança, um por nome de João de Belim e outra por nome de Lúcia Belim. E fez presente dos dois, Isacarias, o escravo a quem a imagem da Conceição havia atendido, a Nossa Senhora Aparecida, cujos escravos viveram por muito tempo. Este foi outro grande milagre de Nossa Senhora Aparecida. A corrente que se acha na sala dos milagres é de 7 quilos e de 3 metros e 20 de comprimento.
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(O MILAGRE DE MARCELINO QUE CAIU NO RIO E NÃO SE AFOGOU)
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Crrio o ano de 1862, morava nesse tempo a margem esquerda do Rio Paraíba, em frente ao porto da Ponte Alta, uma família cujo chefe se chamava Francisco Gonçalves da Silva, com seus 80 anos de idade. Casado com Dona Angélica Maria de Jesus, deixou, entre outros, os seguintes filhos. Marcelino, que nasceu a 2 de março de 1859. Antônio José e Antônia Maria de Jesus.
Um dia, o pequeno Marcelino, com 3 anos de idade, saindo de casa, chegou à beira do rio, onde estava uma grande canoa amarrada a um tronco de árvore, na qual Francisco passava pessoas ou lenha para vender do outro lado do rio. O pequeno Marcelino, trepando, entrou na canoa e, ao subir ao piloto, cai de ponta cabeça na água. Marcolino Mariano de Vargos e Manuel Pedroso, que pescavam do outro lado do rio, ao presenciarem esta cena, gritaram pelos pais do menino.
Socorro! Socorro! Uma criança caiu no rio! Ajuda, seu guardião! Meu Deus! Estão pedindo socorro! Vamos de pressa, mãe! Vamos para a beira do rio! É Marcelino, meu filho! Oh, Senhora Aparecida! Não deixe afundar meu filho, que as águas arrebataram! Nossa Senhora! Francisco! Francisco, corra! Corra para salvar...
Quando o pai da criança chegou, muito aflito, pegou um pedaço de pau e, como remo, entrou no rio. A criança, porém, que já tinha virado uma volta do rio, sempre gatona d'água, deixando aparecer somente seus cabelos. A beira e filha choravam, suplicando a Nossa Senhora que salvasse o menino. Enquanto o pai tocava a canoa o mais depressa possível, em busca do filho, também pedindo a Nossa Senhora que o ajudasse. Só por milagre conseguiu alcançar o filho boiando e parecia sem vida.
Chegando, arrancou-o do seio das águas, agarrando o pequeno pelos cabelos e o pôs na canoa. Verificou-se que o menino não tinha bebido sequer uma gota de água, voltou-o por três dias sem comer e, depois disso, sarou completamente. Graças à bondosa Senhora Aparecida!
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(O CAÇADOR QUE FOI SALVO DE UMA ONÇA)
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Você vai mesmo caçar, Manuel Barreto? É, vou sim. Vou para o sertão para caçar catetos. Mas catetos é um animal muito perseguido por onça. É, eu sei disso, mas como eu tenho ido sempre e nada me tem acontecido, não vejo mal nenhum ir outra vez. Vamos também? Não, não posso. Mas desejo-lhe boa caçada.
É, agora eu estou perto do grotão. É, agora é mirar bem. Olha que bando de catetos. É pra já. Bem certeiro. Meu Deus! Uma onça! Nossa Senhora Aparecida! Mãe! Socorro!
O caçador aflito gritou por Nossa Senhora Aparecida. Com o auxílio desta milagrosa santa, a onça, como que espantada, vendo o extraordinário espetáculo de um atrevido caçador, de joelhos e de mãos postas pedindo salvação, foi embora, deixando Manuel Barreto livre do perigo. O caçador, tendo obtido tamanha graça, encaminhou-se para a Aparecida, mandou tirar seu retrato, depositou-o sobre o altar e pôs no cofre uma boa quantia de dinheiro, como prova de profundo reconhecimento e sincera gratidão. Este milagre se deu, talvez, no ano de 1874.
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(ROMEIRA CEGA DE NASCENÇA QUE FICOU CURADA)
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Morava nos sertões de Jaboticabal uma mulher de nome Gertrudes Vaz. Tinha uma filha cega de nascimento. Seu irmão de nome Malaquias vinha todos os anos visitar Nossa Senhora Aparecida.
Você esteve mesmo na Aparecida? Ah, vou contar uma coisa, estive mais uma vez, mais uma vez. Oh, Gertrudes, mas que beleza sou, que santinha maravilhosa. Contar pro'cê, ela faz mesmo milagre, viu? É. Faz, ajuda todos que recorrem para ela. É uma santa, vou te dizer uma coisa, Gertrudes, poderosa mesmo. Mãe, eu queria tanto ir ver Nossa Senhora. Quem sabe se ela cura minha vista, faz eu me enxergar. É difícil, filha, você é cega e nós somos muito pobres. Verdade. Nós não temos recursos para fazer uma viagem tão longa assim. Vamos ter que gastar três meses para chegar na Aparecida. Por aí, por aí. Ah, vamos mãe, eu não enxergo, mas quero pelo menos botar minha mão na santa milagrosa. Mas nós nem temos dinheiro, filha. Nós pedimos esmola, mãe, até nós chegar lá. É, se seu tio emprestasse apenas cinco mil réis, eu resolvia ir, né? O senhor empresta, tio Malaquias? É, vem da verdade, vou falar para você, eu não empresto, não. Eu lhe dou dez mil réis. Ah, Deus lhe pague, tio. Nós vamos, né mãe? Nós vamos na Aparecida. Aparecida.
Já estamos no bairro das pedras, no arco da Boa Vista. Falta só mais meia légua para nós chegar, filha. Mãe, mãe. O que é, filha? Olha aquilo lá. O que, filha? Não será a capela de Nossa Senhora Aparecida? Mas, então, você já enxerga? Tá enxergando, filha? Perfeitamente, mãe. De repente, vem uma luz que me clarinhou à vista. E eu tô enxergando sim. Eu tô curada, mãe. Eu tô curada, mãe. Eu tô enxergando, mãe. Eu tô vendo, mãe. Eu tô vendo, mãe.
Cheias de contentamento... Chegaram as duas romeiras de tão longínquas terras à capela... Onde viam pela primeira vez a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
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(O FAZENDEIRO QUE NÃO ACREDITAVA EM MILAGRES)
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Em 1886, um fazendeiro residente em Cuiabá, capital de Mato Grosso, não acreditava em milagres nem em castigos, por isso zombava dos caboclos que vinham de vez em quando visitar Nossa Senhora Aparecida, dizendo que aquilo era bobagem. Isso é bobagem, tolice, pertence somente aos ignorantes. Eu é que não vou acreditar em milagre e acreditar em castigo. Querem saber de uma coisa? Eu sou bem capaz de entrar a cavalo naquela igreja e só quero ver o que acontece. Vou à Aparecida, entro na igreja a cavalo para mostrar a vocês, idiotas. Vocês verão só.
E o fazendeiro veio à Aparecida. Entro na igreja com o cavalo e tudo. E eu vou mostrar àqueles caboclos, idiotas, quem sou eu. Mas... Mas, meu Deus. As patas do cavalo cravaram-se no chão. Mas, o que aconteceu? Meu Deus. Agora entendo. Perdoa-me, Senhora Aparecida. Perdoa-me, meu sacrilégio. É um castigo, é o meu mereço. Perdoa-me, Senhora. Perdoa-me.
Reconhecendo o grande castigo, o fazendeiro desceu do cavalo e entrou na igreja de mãos postas e em fervorosas preces pedindo à Nossa Senhora Aparecida que o perdoasse. Desde, então, tornou-se um verdadeiro devoto de Nossa Senhora crendo em seus milagres e em seu grande poder.
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(O SANTUÁRIO DA APARECIDA)
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E durante anos e anos, até nossos dias, aí está em seu nicho a grande padroeira do Brasil. O movimento dos romeiros vindo de todas as partes do país aumenta dia a dia. Na Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, os sacerdotes, na sua luta imensa, atendem a todos os que procuram pela poderosa Santinha.
Batizados, casamentos, missas de hora em hora, bênçam dos objetos de piedade, bênçam das crianças. O movimento tornou-se muito grande e a Basílica de Nossa Senhora, o grande templo da rainha do Brasil, que, sendo espaçosa, poderá comportar sempre a multidão de romeiros que visitam a cidade de Aparecida e vêm pedir bênçãos e graças à padroeira da nação.
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(A PADROEIRA DO BRASIL)
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(canto) Viva Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida...
E a Senhora Aparecida, atende a todos que lhe suplicam entre lágrimas, atende a todos sem distinção de raça e cor. Ela, a Santa Padroeira, na sua humildade, na sua grandeza. Como mãe carinhosa, atende a todos os que a acordem de braços abertos, aconchegando todos a ternura do seu coração, cobrindo a todos com seu manto azul. Por seus pés, desfilam fiéis das mais longínquas partes do país, pedindo-lhe proteção. E Nossa Senhora Aparecida, aí está, norteando os navegantes perdidos no oceano da vida, iluminando os que não têm fé, convertendo os pecadores. 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, dia da imagenzinha humilde, que quis ser morena para demonstrar a todos que no Brasil não há preconceito de raça e cor. A imagenzinha modesta que pescada pela rede de três pescadores tornou-se a grande pescadora de almas. Salve Nossa Senhora Aparecida! Salve Rainha e Padroeira do Brasil!
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Fonte: disco de vinil intitulado: OS MILAGRES DE NOSSA SENHORA APARECIDA | LP 1002 - CRC GRAVAÇÕES - 1981 | Elenco da Rádio Teatro da Rádio Aparecida
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FIM
(Transcrito por TurboScribe.ai.)
Fim
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