Sistema de Crenças VIII
No tocante a conseguir resultados consistentes ao longo do tempo é
preciso considerar as crenças desde a infância. O que acreditamos cria a
nossa realidade independente de sabermos ou não, que programas estão
instalados em nós.
Se uma pessoa acredita desde a infância que não terá sucesso ela criará
todas as condições para não ter sucesso. As crenças são coisas que a
criança ouviu ou viu nos pais, parentes, etc. Ela introjeta o que vê. Se
os pais brigam qual a visão que a criança terá dos relacionamentos?
Qual a visão de mundo que é passada para a criança? Por exemplo: a de
que o único caminho é o sofrimento? Ou de que através do amor e alegria é
possível chegar no mesmo resultado?
Quando a passividade é colocada no sistema de crenças (paradigma) da
criança, esta não assumirá as responsabilidades pela própria existência.
Sentir-se-á impotente em relação ao mundo. E assumirá essa postura
sempre.
Não há como escapar do fato de que somos responsáveis pelo nosso destino
(em termos de eternidade). Só depende de nós assumirmos isso e tomarmos
as rédeas nas mãos. E isso implica em trocar as crenças. Crenças não
são a verdade. São apenas o que nos disseram ou fizeram com que
acreditássemos. Antes todo mundo acreditava que a Terra era plana. E
agora?
O quanto a pessoa gosta de si mesma? Esta é uma pergunta fundamental. É a
base do alicerce do edifício. Tudo o mais é criado em cima disso. Caso a
pessoa não goste de si mesma é praticamente impossível que ela acredite
que alguém possa gostar dela. É óbvio. Se nem ela mesma se gosta, como
alguém gostará. Qual a autoimagem que a pessoa tem? O que ela pensa de
si mesma? É forte, confiante, inteligente, atraente, culta, auto
determinada, proativa, auto motivada, alegre, equilibrada, centrada,
etc.? Se ela é tudo isso é evidente que outras pessoas também gostarão
dela. A pessoa fica bem sozinha com ela mesma? Sem necessidade de outros
artifícios para “matar” o tempo? Se ficasse sozinha consigo mesma
consideraria isso uma tortura?
Caso a pessoa não tenha um sentimento de se bastar como alguém poderá
gostar dela? Muito tempo atrás conheci uma pessoa que dizia: “eu me amo,
eu me basto”. Essa pessoa estava pronta para que outros gostassem dela e
tivesse sucesso em tudo na vida. Não é um egocentrismo. É a pessoa
saber que por si mesma tem todas as qualidades que admira e que outros
admirarão. Isso é fundamental para o sucesso em tudo o mais. É alguém
confiante nas próprias capacidades para viver. No fundo é a pessoa que
confia no Tao porque sabe que o Tao está dentro de si. Ela e o Tao são
uma coisa só. Isso é uma crença, mas também é um fato, que todos podem
comprovar fazendo a experiência.
Ninguém quer que se acredite em nada sem ter experiência própria. Teste
por si mesmo. Veja com os próprios olhos. Pegue com suas mãos. Sinta com
sua intuição. E comprove o que é real e o que não é.
Existe um episódio em DS9 em que por uma razão especifica todos passaram
a manifestar seus pensamentos imediatamente. Fosse o que fosse. Tudo
que imaginavam virava realidade imediatamente. Tanto os problemas como
as soluções. Excelente exemplo de como é importante a imaginação, pois
só podemos imaginar o que acreditamos que é possível. Só pensamos ser
possível o que acreditamos que é possível. E num universo de consciência
tudo que imaginamos é real, mas só para nós. Uma pessoa pode viver num
lugar ensolarado e florido e o vizinho num lugar pantanoso sem sol. Um
ao lado do outro e a realidade é completamente diferente. E os dois
julgarão que a realidade é aquela, quando na verdade é apenas uma
construção da própria mente dos dois. Isto é inteiramente verdadeiro.
Num mesmo local, numa mesma economia, alguns tem crise e outros tem
oportunidades. A Nona Regra de Aquisição dos Ferengis diz: “A
oportunidade mais a intuição gera lucro”. Essa é uma grande verdade e a
palavra chave aqui é: Intuição. Intuição é a Voz do Todo tentando falar
com a pessoa. Sutilmente. No fundo da mente. Entrando pelos microtúbulos
das sinapses. Mas, é preciso estar centrado, equilibrado, para ouvir
essa voz lá no fundo da sua mente ou do seu coração. Esta voz dá o
sentimento de que o negócio é bom ou mal. Essa voz não é racionalização.
Racionalização é quando torcemos a realidade para fazermos o que
queremos. Achamos que algo é o que não é. Exatamente como nos
investimentos. Uma moeda é lastreada em que? Em ouro? Onde ainda existe
isso? Numa economia? Que tipo de economia? A pessoa ou país está
endividado? Não produz? A despesa é maior que a receita? Qual o grau de
confiança que podemos ter nesta pessoa ou país? A intuição nos dirá que
um investimento nessa situação é arriscado. Por outro lado, se a pessoa
gosta de jogar achará que é um bom negócio correr esse risco. É o que se
chama especulação.
Portanto, o que a pessoa pensa de si mesma criará sua realidade, seu
presente e seu futuro. Ela atrairá as condições para que seja assim. E
tudo isso por causa do que pensa sobre algo. Sobre qualquer coisa na
verdade. Entre estudar ou passear o que escolhe?
A pergunta é: temos a capacidade de auto avaliação para entender como o
mundo funciona? Compreensão e ação. Compreendemos e agimos? Compreender
implica em enxergar a realidade como ela é. E tomarmos as medidas
necessárias para corrigir o que deve ser corrigido. O que nos impede de
enxergar a realidade? As crenças. As crenças são o filtro da realidade.
Como uns óculos que nos faz ver melhor ou pior. O filtro só deixa passar
uma realidade. Um pedaço da realidade. E assim para nós a vida é um
mistério. Dizem que não vemos através do véu. Rasgar é véu é enxergar
tudo. Para isso é preciso querer enxergar, senão não enxergaremos que
tem o filtro. Isso é a dissonância cognitiva. Quando ouvimos uma coisa e
escutamos outra. Quando interpretamos a realidade seja consciente ou
inconscientemente de uma forma que não é real. O real é o que dá
resultados. Um avião projetado com as leis da aerodinâmica voará. Senão
cairá. Isso é real. As leis são reais. Nenhuma empresa faz aviões para
cair. Seus engenheiros são obrigados a aceitar as leis da aerodinâmica.
Queiram ou não queiram. Em todo o resto vale a mesma regra. Funciona ou
não funciona? Dá alegria ou tristeza? Lucro ou prejuízo? Etc. Existe um
mundo objetivo a nossa volta. Podemos criar a realidade que quisermos,
mas será só para nós. E todos os demais também estão criando a mesma
coisa. E quando há conflito de interesses quem decide? Dois carros estão
em direção ao farol. Os dois querem que fique verde para eles. Quem
decide? O Todo. Portanto, o mundo é um conflito de todos os colapsos de
função de onda de todos ao mesmo tempo. Por isso o mundo é como é. Se
todos colapsassem a paz teríamos paz. Portanto, mecânica quântica não é
um passe de mágica para fazer o que se quiser. Está debaixo de leis de
física. E de uma imensa hierarquia que administra o universo. A
realidade é muito complexa. Qualquer tentativa de simplificação não
funciona. Por isso é preciso estudar muito para entender como funciona. O
mundo real continuará existindo e teremos problemas para viver nele. É
quando as coisas não dão certo. O fato de não dar certo deveria fazer
qualquer um pensar e avaliar. Normalmente o que se vê é a pessoa repetir
os esforços e fazer errado de novo. Mais do mesmo jeito.
Se achamos que uma coisa não dará certo e no fim não dá certo, teremos
certeza de que estávamos certos. Isso é uma profecia auto realizada. A
pessoa criou as condições para o fracasso e se sente com razão já que
deu errado. Um círculo vicioso. Isso acontece quando a pessoa faz de
tudo para dar errado. Consciente ou inconscientemente. Relembrando: só é
inconsciente até o momento em que analisamos as causas. Entendida a
causa deixou de ser inconsciente. Passou para o consciente. Daí é
preciso agir para corrigir.
Existe um sentimento de fundo que permite saber o que estamos emanando
para o universo. Qual é esse sentimento de fundo? De alegria ou
tristeza? Quando tudo é silêncio às 3 da manhã (suponhamos que isso
exista) o que a pessoa sente? Quando os estímulos externos cessaram o
que ela sente? Isso é o sentimento de fundo. É isso que atrai em última
instância. É isso que precisa ser mudado para se conseguir uma vida de
realizações.
Quando a realidade por um tempo contraria as crenças da pessoa (alguém
lhe dá dinheiro, aparece uma oportunidade, alguma coisa acontece que lhe
favorece) começa a tiquetaquear um relógio em contagem regressiva. As
crenças dizem que deve dar errado, mas não está dando. Surgiu a
oportunidade da vida da pessoa e ela não esperava isso. E agora? O que
fazer? Por um breve período parece que tudo dará certo e a pessoa voará.
Crescerá sem parar. Finalmente. Só que as crenças continuam lá e o
relógio não para. Logo começam atitudes para sabotar as possibilidades
de crescimento e realização. As coisas dão errado, acidentes acontecem,
problemas inusitados e inesperados, atitudes emocionais desequilibradas,
discussões, brigas, etc. Até que tudo é estragado e volta ao “normal”. E
nesse ponto a pessoa acha que estava com a razão. Não daria certo!
Mesmo que a pessoa esteja triste, deprimida, arrasada, infeliz, etc.
Mesmo assim ela achará que não daria certo para ela. Dá certo para os
demais, mas não para ela. Isso é uma crença! Apenas uma crença.
E quando as condições continuam favoráveis (alguém continua emprestando
ou dando dinheiro para a pessoa), ela fará de tudo para afastar a pessoa
que a está ajudando. É por isso que quem ajuda tem muitos problemas.
Para que possa fracassar e tenha razão. E quando tudo realmente é
perdido a pessoa pode começar de novo a procurar a “solução”. E tudo
começa de novo!
Devemos ajustar as nossas crenças à realidade. E não o contrário. A
realidade se imporá mais cedo ou mais tarde. Muito tempo atrás uma
pessoa disse que precisava ter drama na própria vida. Se fosse feliz era
chato. Esta pessoa criava situações continuamente para ter drama na
vida. Era exatamente o que ela queria.
Existe uma outra questão que é querer fazer parte de um grupo. Se o
grupo é infeliz a pessoa precisa ser infeliz para participar do grupo.
Como ser feliz se o grupo é infeliz? Então a pessoa fica infeliz para
ficar perto do grupo. A pergunta é: porque não trocar de grupo e ficar
com as pessoas felizes?
O que minha visão de mundo cria para mim?
Quando as coisas estão indo bem e aparece a ansiedade é sinal de algo
errado. Estamos ansiosos porque estamos felizes? Porque as coisas estão
dando certo? Isso é sinal claro de que crenças negativas existem na
pessoa. Ela espera problemas e eles “ainda” não aconteceram, mas com
certeza acontecerão! Neste ponto é preciso fazer o que? Fazer o que o
Tao diz: Ação através da não-ação. Isto é: Não fazer nada. Esperar.
Deixa continuar dando certo. Não fazer nada para estragar o sucesso.
Isso é muito importante de entender. Não fazer nada para estragar o que
está dando certo. Deixar continuar dando certo. Não permita que suas
crenças negativas controlem sua vida. Controle as suas crenças. Mude as
crenças. Este é um dos aspectos da não-ação. Este é um conceito amplo
que tem múltiplas interpretações. Nunca é desculpa para a preguiça.
Não-ação é deixar o Tao trabalhar. Deixar o fluxo do universo agir. E
trabalhar muito enquanto isso. Sempre trabalhar muito. Sem por pressão
no Tao. Sem ansiedade. Está claro? Não-ação é um profundo conceito
filosófico. É preciso vivencia-lo para entende-lo. O Tao não pode ser
explicado, tem de ser vivido.
Não busque aprovação dos demais em tudo o que faz. Tenha o controle da
sua vida em suas mãos. Estude e trabalhe para entender a realidade. E
haja de acordo com a realidade. A realidade é o que traz paz,
felicidade, alegria, realização, crescimento, evolução, etc. Para todos.
Senão não é a realidade. Cada um deve ser responsável por si mesmo. E
controlar a própria vida. E para isso basta olhar para dentro. Para o
Self. Para a Centelha Divina.
Hélio Couto |