(435)_FILHOS DAS TREVAS X FILHOS DA LUZ [Religião] (por CES)


 Filhos das trevas  x  Filhos da luz

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EvangelhoDoDia

05NOV2021

(Lc 16,1-8)

31ª Semana do Tempo Comum | Sexta-feira


Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’.3O administrador então começou a refletir: ‘O Senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’.5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo! “O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’.8E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


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#minisermao (05/11/21) 

SEJA ESPERTO

Ser santo não significa ser bobo ou ingênuo; a fé clareia nossa visão. Jesus recomenda que o cristão seja simples como as pombas, mas esperto como as serpentes. Ele conta até uma história de um senhor que viu o seu administrador se corromper para se sair bem, sendo esperto do jeito errado. E Jesus diz que os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz; portanto, é preciso ser esperto sem se corromper, ser esperto do jeito certo. É possível fazer negócios com santidade, sem se corromper, mas produzir riqueza, ser bem sucedido! A fé não nos pede o fracasso! O amor cristão não pede que sejamos derrotados! É claro que a gente perde para ganhar e encontra o tesouro maior. Seja filho da luz: esperto (Lc 16,1-8). Pe. Joãozinho, scj



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VAMOS VER MAIS ALGUNS DETALHES PARA QUE POSSAMOS COMPREENDER MELHOR TUDO ISSO

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No Evangelho quatro personagens entram em cena nessa parábola criado por Jesus: 4 homens.  O patrão: um homem rico; o empregado: um homem economista (na linguagem da bíblia) ou administrador (na linguagem popular) ou contador (na linguagem de hoje); um comerciante de óleo; e um comerciante de trigo.


O motivo da demissão do empregado: o patrão chama o empregado pra falar das FOFOCAS que chegaram ao seu conhecimento: "Que é isto que ouço a teu respeito?" Um patrão que decide algo só em função do que OUVIU DIZER, será que merece respeito? É um bom profissional?


Pelo menos a demissão não foi imediata; o empregado ainda teve tempo de cumprir o "aviso prévio": "O Senhor vai me tirar a administração." Mas, dá a entender que parece que o empregado não negou as fofocas a seu repeito e admitiu a acusação de "esbanjar os seus bens."  - O que é esbanjar? Até que valor de um gasto é um esbanjamento?


O que um empregado faz numa situação dessa?


Ele ponderou que não seria bom arranjar serviço de "cavar" e nem de "mendigar". Mas, fato é que ainda não havia o "seguro desemprego"...  Ah! Já sei! (a brilhante ideia apareceu): ele vai favorecer os devedores do patrão pra receber de volta futuramente.


O texto diz que ele "chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão"; mas somente dois entram em cena pra responder a pergunta: "Quanto deves ao meu patrão?". Ora, esse contador NÃO SABIA? É o devedor que deve dizer quanto deve? Essa contabilidade não funciona mais hoje, desse jeito!


E o resultado é ainda muito estranho para nós hoje: o devedor é quem vai ESCREVER quanto é sua dívida. Isso devia ser tarefa do contador. Nesse caso da parábola o contador só serviu de TESTEMUNHA.


Por fim o patrão ELOGIOU o que o contador (ou administrador) fez. E não diz que vai obrigar o empregado a pagar a diferença dos débitos.


E Jesus concluiu dizendo - conforme diversas traduções bíblicas - que...


==>"os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. (texto do Evangelho do Dia)


==>"pois os filhos deste século são mais prudentes com sua geração do que os filhos da luz." (Bíblia de Jerusalém)


==>"os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz." (Biblia CNBB)


==>"as pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz." (- NTLH Nova Tradução na Linguagem de Hoje)


==>"os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz." (Bíblia Online - Nova versão internacional)


==>"os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes." (Bíblia Católica Online)



CONCLUSÃO:

- Em qual tradução bíblica está escrito "os filhos das trevas"?  Pois no MINISERMÃO o padre diz: "E Jesus diz que os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz".


Nas bíblia que pesquisei encontrei 6 vezes "filhos deste mundo"; e 1 vez "filhos deste século". Aí foi pesquisar no texto GREGO e vi que a palavra usada é "αἰῶνος" =  em inglês é traduzido como "AGE", que em português significa "ERA". A frase do evangelho seria então assim: "os filhos da ERA". - O que seria um "filho da era"? Um tempo... Talvez um filho já bem vivido, mas experiente; mas, definitivamente, não pode ser traduzido como "filho das TREVAS".


De qualquer forma, apesar dos "defeitos" que possamos encontrar nos personagens da parábola de Jesus, a mensagem principal e verdadeira está muito além disso. E quando refletimos em cima de uma tradução que não acertou em cheio no significado do texto original, fica ainda mais difícil. Lembro que Santa Teresinha do Menino Jesus disse certa vez que gostaria de ser homem: só pra ter o privilégio de ler as Palavras de Jesus no texto grego original. (Nota: naquele tempo somente os padres liam os textos da bíblia e as freiras só escutavam).


Mas tudo isso serve, não para criticar simplesmente, mas para que possamos CRESCER no CONHECIMENTO.  


(Carlos Eduardo da Silva, teólogo - 05/11/2021)