O MENINO QUE DESCOBRIU O SOL
(Narrativa)
Fonte: Roberto Gomes. O menino que descobriu o sol. São Paulo: FTD, 1995.
Hoje eu descubro, pensou o menino.
Como fazia todos os dias, arrumou os livros e cadernos dentro da pasta. Embrulhou a merenda no guardanapo. Fez questão de passar duas vezes diante da mãe. Queria que ela o visse se preparando para ir à escola.
Mas já havia decidido: não iria à escola. Iria investigar onde o avô se metia todas as tardes. [...]
- Vai sair tão cedo?
- Hoje tem um trabalho para entregar, disse assim sem pensar.
[...] Escondeu a pasta e o lanche num canto da garagem. Quando o avô saiu do prédio, o menino o seguiu. Andaram muito. [...]
Depois de muito caminhar, chegaram a um terreno baldio. No meio do terreno, havia um pequeno circo. Em letras vermelhas estava escrito: GRAN CIRCO ESPAÑOL. [...]
O avô cumprimentou o porteiro e entrou.
E agora? Como entrar? O menino não tinha nem um centavo no bolso. [...]
O porteiro se virou e o menino jogou-se como um raio por debaixo da lona do circo. Estava salvo, pensou. Conseguira. [...]
As luzes se apagaram e, sob um foco de luz, um mágico surgiu detrás da cortina. Era o seu avô! Mais alto, os cabelos soltos, bonitos, a cartola brilhante.
O mágico abriu os braços e de suas mãos vazias surgiu uma fileira de bandeiras. Colocou as bandeiras dentro da cartola, fez um gesto, virando-a para o público: já não havia nada dentro dela. Disse uma palavra mágica e da cartola saiu um coelho com a fileira de bandeiras amarrada na cauda.
A criançada aplaudia e o menino sentiu que ia chorar. Todos aplaudiram o seu avô!
Fim