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3 O livro de Rute

MORTE

Migração da família de Rute

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1 No tempo em que governavam os juízes, houve uma fome no país, e um senhor de Belém de
Judá partiu como migrante para os campos de Moab. Migrou com a mulher e os dois filhos. 2
Ele se chamava Elimelec, e sua mulher, Noemi. Os dois filhos chamavam-se Maalon e
Quelion. Eram efrateus de Belém de Judá. Chegaram aos campos de Moab e aí ficaram. 3
Morreu Elimelec, marido de Noemi. Ficaram só ela e os dois filhos. 4 Estes se casaram com
mulheres moabitas. O nome de uma era Orfa e o da outra, Rute. Ficaram morando nesse lugar
cerca de dez anos. 5 Morreram também os dois filhos, Maalon e Quelion. A mulher ficou só,
sem filhos e sem marido.

Rute e Noemi voltam à terra de Israel

6 Acompanhada das noras, Noemi se pôs a caminho para retornar dos campos de Moab, pois
chegara-lhe a notícia de que o Senhor havia socorrido o seu povo, dando-lhe pão. 7 Partiu,
pois, do lugar onde estava e as duas noras a acompanharam, tomando o caminho de volta para
a terra de Judá. 8 Noemi disse às duas noras: “Ide-vos embora, volte cada uma para a casa de
sua mãe! Que o Senhor vos faça tanta bondade como fizestes com os falecidos e também
comigo. 9 Queira o Senhor que encontreis um lar, cada uma com sua família”. Em seguida ela
as beijou, mas elas puseram-se a gritar e chorar, 10 dizendo: “Não! Nós voltamos contigo para
junto do teu povo!” 11 Noemi lhes disse: “Voltai, minhas filhas, por que razão haveríeis de ir
comigo? Acaso ainda tenho filhos em meu ventre, que possam vir a ser vossos maridos? 12
Voltai, minhas filhas, ide-vos embora, eu já estou velha demais para me casar. Mesmo que eu
dissesse que ainda me resta a esperança de passar a noite com um homem e criar filhos, 13
acaso ficaríeis esperando até que eles crescessem? Acaso ficaríeis, então, sem marido? Não,

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minhas filhas, minha amargura é maior que a vossa, pois a mão do Senhor me atingiu”. 14
Elas puseram-se a gritar e a chorar de novo. Orfa deu um beijo na sogra, enquanto Rute se
agarrou a ela. 15 Noemi disse-lhe: “Olha que tua cunhada voltou para o seu povo e para o seu
Deus, volta tu também, na companhia de tua cunhada”. 16 Rute, porém, disse: “Não insistas
comigo para eu te abandonar e deixar a tua companhia. Para onde fores, eu irei, e onde quer
que passes a noite, pernoitarei contigo. O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus,
17 onde quer que venhas a morrer, aí eu quero morrer e aí quero ser sepultada. Que o Senhor
me cumule de castigos, se não for só a morte a nos separar uma da outra”. 18 Vendo que a
nora estava inteiramente decidida a acompanhá-la, Noemi não se opôs e não insistiu mais. 19
As duas puseram-se a caminho de Belém. Quando chegaram, a cidade inteira vibrou por causa
delas. Diziam: “Essa aí não é Noemi?” 20 Ela, porém, respondia: “Não me chameis mais de
“Noemi-Doçura”, dai-me o nome de “Mara-Amargura”, pois o Poderoso me amargurou
demais. 21 Na fartura fui-me embora, e o Senhor me fez voltar de mãos vazias. Por que me
chamais de “Noemi-Doçura”, se o Senhor me humilhou, se o Poderoso me fez sofrer?” 22 Foi
assim que Noemi, acompanhada da moabita Rute, sua nora, voltou dos campos de Moab.
Chegaram a Belém no começo da colheita da cevada.

VIDA

Rute encontra Booz, parente e “redentor”

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1 Noemi tinha um parente de seu marido, do clã de Elimelec, um homem de boa situação,
cujo nome era Booz (Forte). 2 A moabita Rute disse a Noemi: “Eu vou à roça catar as espigas
que ficarem para trás, se eles permitirem”. Ela respondeu: “Vai, minha filha!” 3 Ela foi,
entrou numa lavoura e foi catando atrás dos ceifadores. Por coincidência aquela lavoura era
propriedade de Booz, do clã de Elimelec. 4 Booz chegou de Belém. Disse aos ceifadores: “O
Senhor esteja convosco!” Eles responderam: “O Senhor te abençoe!” 5 Depois Booz disse ao
seu empregado, fiscal dos ceifadores: “Quem é esta moça?” 6 O empregado, fiscal dos
ceifadores, respondeu: “Esta é a jovem moabita que voltou com Noemi dos campos de Moab.
7 Ela pediu: ‘Deixa-me catar, dá licença para eu recolher algumas espigas atrás dos
ceifadores!’ Ora, depois que entrou, ela ficou sem descansar desde cedo até agora há pouco.
Só agora sentou-se um pouco ali no rancho”. 8 Booz disse a Rute: “Presta atenção, minha

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filha: Não vás catar em outra lavoura, não saias desta aqui. Fica junto das minhas empregadas.
9 Fica atenta aonde elas vão colher e vai atrás delas; estou dando ordens aos rapazes para não
te incomodarem. Se tiveres sede, podes ir até às vasilhas e beber da água que os empregados
tiraram”. 10 Ela se jogou de bruços, prostrada com o rosto em terra e disse-lhe: “De onde me
vem que eu tenha encontrado tanto agrado a teus olhares, a ponto de merecer essa
consideração, eu, uma estrangeira?” 11 Booz respondeu: “Fui muito bem informado a respeito
do que fizeste pela tua sogra após a morte do teu marido: deixaste teu pai e tua mãe e tua terra
natal, e vieste para um povo que até ontem não conhecias. 12 Que o Senhor te pague pelo que
fizeste, que seja integral a recompensa que hás de receber do Senhor, sob cujas asas vieste a te
abrigar”. 13 Ela disse: “Que eu tenha realmente encontrado simpatia da tua parte! Pois me
fizeste um mimo, falaste ao coração da tua serva, eu que não me assemelho a qualquer de tuas
empregadas”. 14 Na hora do almoço, Booz disse-lhe: “Vem cá! Come deste alimento! Molha
teu bocado no vinagrete!” Ela sentou-se ao lado dos trabalhadores e ele ofereceu-lhe torradas.
Ela comeu à vontade e ainda ficou com as sobras. 15 Em seguida levantou-se para continuar a
catar. Booz disse aos empregados: “Mesmo que ela cate dos feixes já colhidos, não a
incomodeis. 16 Deixai de propósito cair dos feixes algumas espigas para ela, deixai para trás
para ela catar, e não lhe chameis a atenção”. 17 Ela catou naquela lavoura até o entardecer.
Debulhou o que tinha catado e deu quase uma saca de cevada. 18 Levando a cevada, ela foi
para a cidade e mostrou à sogra o que tinha conseguido. Pegou e deu-lhe as sobras do que
havia comido. 19 A sogra lhe disse: “Onde foste catar hoje? Onde fizeste teu trabalho? Deus
abençoe aquele que teve tanta consideração contigo!” Ela contou à sogra: “O nome do senhor
da lavoura onde eu trabalhei hoje é Booz”. 20 Noemi disse à nora: “Seja ele abençoado por
Deus, que não esquece sua misericórdia para com os vivos nem para com os mortos”. Disse-
lhe ainda Noemi: “Ele é nosso parente e tem direito de resgate, é dos nossos redentores”. 21
Rute, a moabita, disse: “E ele ainda me disse: ‘Fica junto com meus empregados até terminar
toda a colheita!” 22 Noemi disse: “É melhor mesmo, minha filha, acompanhares as
empregadas dele, senão, em outras lavouras, outros poderão te perturbar”. 23 E ela ficou junto
com as empregadas de Booz até terminar a colheita da cevada e a colheita do trigo. Morava
com a sogra.

A noite na eira

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1 Noemi disse-lhe: “Minha filha, vou procurar para ti um lar que te traga felicidade. 2 Pois
não é que Booz, o nosso parente, com cujas empregadas estiveste, esta noite vai abanar a
cevada no seu terreiro? 3 Tu vais tomar um banho e te perfumar, levarás contigo o teu manto
e descerás para o terreiro dele. Não deixarás que o homem te veja antes que ele tenha comido
e bebido. 4 Quando ele for se deitar ficarás sabendo o lugar onde vai dormir. Então irás até lá
e lhe descobrirás os pés. Aí te deitarás e ele, então, te dirá o que deves fazer”. 5 Ela
respondeu: “Tudo o que disseste eu farei!” 6 Desceu para o terreiro e fez tudo conforme a
sogra lhe tinha mandado. 7 Booz comeu, bebeu e sentiu-se satisfeito, depois foi deitar-se junto
ao monte de cereais. Ela aproximou-se de mansinho, descobriu os pés dele e deitou-se. 8 Pelo
meio da noite ele sentiu um calafrio, mexeu-se e deu com a mulher deitada junto de seus pés.
9 Disse: “Quem és tu?” Ela respondeu: “Eu sou Rute, tua serva. Estende sobre a tua serva a
barra do teu manto, tu és redentor!” 10 Ele disse: “Que tu sejas abençoada pelo Senhor, minha
filha. Tu fizeste que este teu último ato de bondade fosse melhor ainda que o primeiro. Não
saíste à procura de jovens, quer pobres, quer ricos. 11 Pois, então, minha filha, não te
preocupes, tudo o que disseste eu farei. A praça inteira do meu povo sabe que és uma mulher
de valor. 12 Pois, então, é verdade que eu sou redentor, existe porém um redentor mais
próximo que eu. 13 Passa esta noite aqui, amanhã, se ele quiser assumir o papel de redentor
teu, tudo bem, que o faça. Se não quiser, porém, juro pela vida do Senhor, eu serei o teu
redentor. Agora dorme até o amanhecer!” 14 Ela ficou dormindo aos pés dele até o
amanhecer. Levantou-se ainda escuro, antes que as pessoas pudessem reconhecer-se umas às
outras. Booz disse-lhe: “Ninguém saiba que tu vieste ao meu terreiro”. 15 Disse-lhe também:
“Pega o xale que tens sobre os ombros e segura-o firme”. Ela o segurou, e ele encheu o xale
com seis medidas de cevada, pôs nos ombros dela e voltou para a cidade. 16 Ela também foi
para a casa da sogra que lhe perguntou: “Como foi, minha filha?” Ela contou tudo o que
aquele homem tinha feito por ela: 17 “Ele me deu estas seis medidas de cevada dizendo-me:
‘Não deves voltar de mãos vazias para a casa de tua sogra’”. 18 Esta lhe disse: “Fica
esperando, minha filha, até a gente saber como as coisas vão se desenrolar, pois o homem não
vai descansar enquanto não encerrar esse assunto hoje mesmo”.

Restauração da “casa” de Elimelec

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1 Booz foi para a porta da cidade e lá se sentou. Quando o redentor de que tinha falado foi
passando, ele lhe disse: “Fulano, pára e senta aqui”. Ele parou e sentou-se. 2 Depois abordou
dez senhores dos conselheiros da cidade, pedindo que sentassem ali; e eles sentaram-se. 3 Em
seguida ele disseao redentor: “O terreno que é herança do nosso parente Elimelec está sendo
negociado por Noemi, que voltou dos campos de Moab. 4 Eu, de minha parte, para que tomes
conhecimento, na presença dos que aqui estão sentados, anciãos do meu povo, digo-te: ‘Fica
com o terreno. Se queres mesmo ser o redentor, que o sejas, se não, declara-o, para que eu
saiba. Pois antes de mim não há outro redentor além de ti”. Ele respondeu: “Aceito ser o
redentor”. 5 Booz, então, lhe disse: “No momento em que adquires o terreno das mãos de
Noemi, adquires também \como esposa a Rute, a mulher moabita daquele que morreu, para
restaurar o nome do falecido sobre este terreno”. 6 Disse, então, o redentor: “Então, não posso
ser o redentor, pois eu estaria prejudicando os meus negócios. Sejas tu o redentor, adquire tu,
que eu não posso fazer isso”. 7 Ora, antigamente, em Israel, a propósito da redenção e dos
negócios em geral, fazia-se o seguinte: para garantir a palavra, o sujeito tirava a sandália e
entregava ao comprador. Era esse o costume em Israel. 8 Disse, então, o primeiro redentor a
Booz: “Fica com ela!” e tirou a sandália. 9 Booz disse, então, aos anciãos e a todo o povo:
“Todos vós sois testemunhas de que estou adquirindo hoje das mãos de Noemi tudo o que
pertenceu a Elimelec, a Maalon e a Quelion. 10 E também estou adquirindo para ser minha
esposa Rute, a moabita que foi esposa de Maalon, a fim de restaurar o direito do falecido
sobre sua herança, para que seu nome não seja cortado do meio dos seus irmãos e da
comunidade de sua cidade. Hoje vós sois testemunhas!” 11 Os anciãos e todo o povo que
estava junto à porta responderam: “Somos testemunhas! E a mulher que vai entrar em tua
casa seja como Raquel e Lia, as duas que construíram a casa de Israel. Que faças fortuna em
Éfrata e sejas famoso em Belém. 12 E, graças à descendência que terás desta jovem, tua casa
seja como a casa de Farés, filho que Tamar deu a Judá. 13 Booz casou-se com Rute, tornando-
a sua esposa. Eles se uniram e, com a graça do Senhor, ela ficou grávida e deu à luz um filho.
14 As mulheres disseram a Noemi: “Bendito seja o Senhor, que hoje não te deixou sem
redentor e preservou o nome de tua família em Israel. 15 Que ele venha restaurar a tua vida,
sustentar-te na velhice, pois nasceu de tua nora, que te ama e para ti está sendo melhor do que
sete filhos”. 16 Noemi pegou o bebê, pôs no colo e passou a cuidar da criança. 17 Quando as
vizinhas chegaram para dar o nome, diziam: “Nasceu um filho para Noemi”. Deram-lhe o
nome de Obed (Servo). Ele foi o pai de Jessé, que foi pai de Davi.

Nota: genealogia de Davi

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18 Estas são as gerações de Farés: Farés gerou Hesron, 19 Hesron gerou Aram, Aram gerou
Aminadab, 20 Aminadab gerou Naasson,Naason gerou Salmon, 21 Salmon gerou Booz, Booz
gerou Obed, 22 Obed gerou Jessé e Jessé gerou Davi.

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