(471)_ADAM SMITH X JOHN NASH [Comportamento] (por Joseane Silva & Eduardo Lbm)




 Fonte: https://eduardolbm.wordpress.com/2015/03/14/adam-smith-x-john-nash-pt-br/



                           

Eduardo Lbm

               

ADAM SMITH X JOHN NASH

               

Engenharia Social

Em 1776 Adam Smith escreve o livro A riqueza das Nações” com a teoria das mãos invisíveis que regulam tudo no planeta. Mas, Adam Smith não se tornou com isso, apenas o pai da economia moderna com o surgimento do darwinismo social onde nessa tal “mão invisível que regula tudo” a regulagem era para que os pobres, negros, mulheres justificassem de alguma forma a sua ‘falta de adaptação ao meio social, a tal da lei da evolução onde as espécies mais hábeis conseguem sobreviver. Adam Smith influenciou vários setores da sociedade, recentemente percebi que os livros que tanto eu lia na adolescência sobre auto ajuda tem uma parte muito significativa dessa teoria. Depois no fim da vida parece que quis ou percebeu as “brechas” de seu até então célebre livro “A riqueza das Nações” e escreveu a “Teoria dos sentimentos Morais” mas parece que não teve a mesma repercussão do primeiro já que esse satisfaz bem mais as expectativas do status quo da elite social. Hoje depois de várias teorias econômicas onde até personagens da igreja católica como Tomás de Aquino tem uma cadeira cativa com sua teoria do “preço justo” e suas críticas ao sistema de oferta e procura foi de forma mais madura abordado por John Locke centenas de anos depois. Agora depois da milênios de teorias econômicas e grandes gênios com suas célebres frases, temos o mesmo cenário econômico onde os privilegiados são cada vez mais privilegiados e os explorados cada vez mais alienados para permanecerem explorados. E o contraste ainda aumenta quando vemos gênios da economia moderna como John Forbes Nash, que inclusive é premio Nobel de economia em 1994, estar sendo simplesmente ignorado por páginas de pesquisas acadêmicas como o Wikipédia. John Nash é autor da teoria dos Jogos e do “O Equilíbrio de Nash” que representa uma situação em que, em um jogo envolvendo dois ou mais jogadores, nenhum jogador tem a ganhar mudando sua estratégia unilateralmente. Para melhor compreender esta definição, suponha que há um jogo com n participantes. No decorrer deste jogo, cada um dos n participantes seleciona sua estratégia ótima, ou seja, aquela que lhe traz o maior benefício. Então, se cada jogador chegar à conclusão que ele não tem como melhorar sua estratégia dadas as estratégias escolhidas pelos seus n-1 adversários (estratégias dos adversários não podem ser alteradas), então as estratégias escolhidas pelos participantes deste jogo definem um “equilíbrio de Nash”. Ou seja numa interação com duas ou mais pessoas o que vai garantir o melhor resultado é quando todos no grupo fazem não só o que é melhor para si, mas também para os outros. John Nash diz mais, “o calculo com a mesma variável oferece soluções diversas para o mesmo problema”, só que isso tem mais probabilidade de acontecer a partir do momento que todos em duas ou mais situações de interação social estejam realmente dispostos a colaborar e não sabotar tudo como acontece quando um membro por questões pessoais ou não, se sente em desvantagem na situação, ou quer todas as vantagens somente para si.

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Joseane Silva.

O texto acima foi extraído na íntegra, com leves correções feitas por mim, do blog Livres Pensadores, cujo link coloco a seguir:

http://livrespeansadores.blogspot.com.br/2013/10/o-equilibrio-de-nash-teoria-dos-jogos-x.html


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Uma luta de vida e morte

Às margens do Rio Nilo, norte da África vivem crocodilos em grande número. São enormes predadores, alguns indivíduos chegando a medir quase dez metros. São carnívoros, claro, e seu principal alimento são os Gnus que anualmente cruzam os rios em seus movimentos migratórios. Apesar de serem predadores, os crocodilos vivem em perfeita harmonia com a Natureza. Esses enormes animais colaboram uns com os outros na obtenção do alimento e respeitam as regras de convivência com os demais animais na Natureza. Há inúmeros vídeos no YouTube (Animal Planet) mostrando cenas do cotidiano dos crocodilos. Por exemplo, eles esperam toda uma manada de Gnus atravessarem o rio e atacam os últimos indivíduos, aqueles mais fracos ou cansados, os retardatários. Mas aqui há um fato curioso: apenas um crocodilo ataca um Gnu. Uma luta de vida ou morte em que o Gnu quase sempre sai perdendo. Sim, quase sempre, porque há situações em que o Gnu consegue escapar da morte. É curioso observar que, quando um crocodilo está subjugando um Gnu, os demais crocodilos não interferem. Ficam todos observando a luta. É uma luta de um contra um. Não é uma luta desleal. O crocodilo emprega toda a sua força para tentar subjugar o Gnu e este emprega toda a sua força para tentar escapar a qualquer custo. Às vezes essa luta dura mais de uma

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hora, e como toda luta, há momentos em que o crocodilo está ganhando e há momentos em que o Gnu está ganhando. Se o Gnu não conseguir escapar, vai virar comida. Só depois da luta estar definida, isto é, só depois de o Gnu estar completamente subjugado, é que os demais crocodilos se aproximam e começam a ‘dividir’ a refeição. É incrível que, mesmo no mundo dos predadores, possa haver lealdade e o compartilhar do alimento. Embora nunca tenham conhecido um sujeito chamado John Forbes Nash, os crocodilos conhecem e aplicam o “Reequilíbrio de Nash” em suas relações com seus pares e com o meio ambiente. Por isso, entra ano e sai ano e todos vivem bem, a comunidade prospera, e há alimento para todos.


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Como estragar a comunidade dos crocodilos

Crocodilos, assim como outros répteis, são seres cuja estrutura cerebral é bem simples e primitiva. Apenas cérebro reptiliano. Não há cérebro límbico (emocional), nem córtex (racional). São animais completamente frios e vazios emocionalmente. Suas funções biológicas são simplesmente, alimentar-se, acasalar-se e defender o território. Eles não tem qualquer forma de comunicação ou expressão, linguagem ou seja lá o que for. E mesmo assim, eles conseguem aplicar naturalmente um princípio de cooperação mútua, o que coloca nós humanos em desvantagem, pois somos educados desde pequenos a competir, competir, competir, raramente cooperar. Agora imagine que seja possível ensinar algo para um crocodilo. Imagine que seja possível tomar dois indivíduos na comunidade dos crocodilos, dois machos alpha, e ensinar a um deles a filosofia de Adam Smith. Ao outro indivíduo seria ministrado um curso de teologia e seria dado a ele uma Bíblia. Agora que os dois estão devidamente graduados, um com PHD em economia e o outro com PHD em Teologia, solte os dois na comunidade e os deixe lá. Volte um ano depois para ver o resultado.


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Um ano depois

Quando você voltar lá na comunidade dos crocodilos, terá uma surpresa deveras desagradável: encontrará uma parcela significativa dos indivíduos na mais absoluta miséria. Não há mais Gnus, além de haver uma absurda escassez de alimentos. O que houve com os Gnus? Uma meia-dúzia de crocodilos, liderados pelo PHD em economia (lembra?) acharam por bem montar uma grande empresa de beneficiamento de Gnus. Os Gnus são capturados, estocados em câmara fria (frigoríficos) e depois vendidos a preço de ouro para os demais crocodilos da comunidade. Como se trata de uma empresa de grande porte, várias outras empresas menores tiveram que ser constituídas, obviamente por alguns crocodilos mais ‘espertos’, para atender às necessidades da empresa maior com insumos, maquinário, manutenção, fornecimento de mão de obra, etc. Os crocodilos aprenderam direitinho a filosofia de Adam Smith, pois existe até gnus-chegando-outra-margem

um banco de mão de obra de crocodilos desempregados, o que garante que os que estão empregados fiquem bem conformados e quietinhos e não façam muitas reivindicações. Foram instituídos também, cursos de capacitação, de modo que os crocodilos que quiserem ter um emprego e assim poderem comprar um suculento Gnu, terão que estar devidamente capacitados. Aos que não estiverem capacitados, resta apenas viverem de bico.


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O Cacique e o Pajé

Mas como é que os crocodilos aceitaram toda essa inversão de valores em sua sociedade? Simples: por possuírem cérebros primitivos, são facilmente influenciáveis e sugestionáveis através do medo. Lembra-se do crocodilo com PHD em Teologia? Pois é… Ele se uniu ao crocodilo com PHD em economia e juntos criaram uma estrutura do tipo “Cacique e Pajé”. O cacique contratou os Hipopótamos para serem a polícia local. Hipopótamos, apesar de não serem carnívoros nem predadores, são uns bichos bem temperamentais. Uma mordida de um hipopótamo pode partir um crocodilo ao meio, então os crocodilos, que antes conviviam pacificamente com os hipopótamos num clima de respeito, agora

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temem os hipopótamos, pois os mesmos estão a serviço do Cacique. Já o Pajé, se encarregou da ‘lavagem cerebral’ dos crocodilos, tarefa relativamente fácil já que crocodilos não tem neocórtex, ou seja não pensam nem raciocinam. Eles tem apenas duas reações básicas ou emoções primitivas; medo e agressão. Então fica muito fácil inserir em suas mentes primitivas os conceitos de ‘pecado’, ‘inferno’ e ‘culpa’. Uma vez inseridos esses conceitos, fica extremamente fácil controlá-los e convencê-los a aceitar sua condição de ‘escravos’ em um sistema de proletariado. Uma vez inseridos esses conceitos, o medo se encarregará de mantê-los indefinidamente em sua estrutura psicológica e a agressão se encarregará de protegê-los de qualquer tentativa de ‘desconversão’. Fica fácil também, inserir em suas mentes primitivas o conceito de ‘esperança’ e para isso, nos dias de culto reptiliano, acena-se com ‘A volta do Grande Aligator’, um crocodilo de uma espécie divina, que um dia há muitos anos andou sobre as águas do velho Rio Nilo, caçava Gnus e os ‘repartia’ com os crocodilos

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menos favorecidos. Assim, os crocodilos permanecem conformados e aguardam resignadamente a volta do “Grande Aligator’ e, no dia em que Ele voltar, não haverá mais fome, nem miséria, nem escravidão, haverá um Gnu suculento para cada crocodilo. E ficarão esperando para sempre, pois uma vez estabelecida a estrutura do “Darwinismo Social” com base na filosofia de Adam Smith na sociedade dos crocodilos, não há a menor possibilidade de retorno, nem mesmo a longo prazo. As coisas tendem somente a piorar cada vez mais, mas enfim, existe a ‘esperança’. Dizem que a esperança é a última que morre e é mesmo, pois ela morre junto com o crocodilo resignado, que passou a vida inteira esperando a volta do “Grande Aligator”.


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Evolução da sociedade

Enquanto isso, a sociedade dos crocodilos evolui. Agora já existe uma ‘Bolsa de Gnus’ com sede em ‘Nile Street’ e seus principais especuladores ganham muito dinheiro às custas do trabalho dos crocodilos ‘proleotários’. Como os especuladores de Nile Street tem gosto refinado, mandam buscar jovens ‘Jacaroas do Pantanal’ pelas quais pagam pequenas fortunas, apenas para fazerem sexo. Alguns preferem as orientais, por isso mandam buscar jovens crocodilas da Malásia. Os especuladores de Nile Street não comem Gnus, afinal Gnu é comida para pobres

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crocodilos ‘proleotários’, então eles mandam buscar em qualquer lugar do mundo, não se importando com o frete, ‘patinhas de caranguejo’ a meros US$400 o prato, fora o frete. São também muito exigentes quanto à indumentária, pois ostentam caríssimos sapatos feitos de couro de… crocodilo! Suas fêmeas, também muito exigentes, usam bolsas e cintos de couro de… crocodilo! Esse pessoal de ‘Nile Street’, literalmente ‘tira o couro’ de seus semelhantes sem o menor pudor.