Nossa Senhora da Escada
Escada?Que nome estranho para designar uma devoção a Nossa Senhora, poderão pensar alguns ao ouvi-lo. Muitos, pensarão na escada do sonho de Jacó (Gn 28,12=”Em sonho, viu uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu. Por ela desciam os anjos de Deus”), pois o Patriarca sonhou com uma escada que levava ao Céu.
De modo análogo, Nossa Senhora leva ao Céu, logo... E ainda outros, quiçá, relacionarão com a escada utilizada para descer o corpo de Jesus da cruz.
Origem do nome
A devoção a Nossa Senhora da Conceição da Escada se originou na cidade de Lisboa (Portugal) onde se encontrava uma capela, às margens do rio Tejo, com a imagem da Virgem Santíssima. Como a margem do rio é elevada, eles precisavam subir ou descer os 31 degraus que separam a capela do rio. Desse fato resultou que a imagem passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Escada.
Ao partir, os marinheiros encomendavam-lhe seus trabalhos, e agradeciam sua proteção ao voltar de suas navegações e descobrimentos nos séculos XV e XVI por diversos continentes.
A devoção expandiu-se para o Brasil
Pois já no ano de 1536, o português Lázaro Arévolo, construiu, aqui na Bahia a primeira capela de pedra, dedicada a Nossa Senhora da Escada mas animada pelos Jesuítas ainda no inicio da colonização e da escravidão. Tanto assim que o alpendre era amplo para nele ficar os escravos ainda não batizados, que não podiam ficar dentro da igreja.
Assim a VIDA da fé do povo das Fazendas da nossa região e os índios nas suas aldeias – hoje Suburbana - começaram com a devoção à Nossa Senhora. // Foi aqui que o padre José de Anchieta, "o Apóstolo do Brasil", abrigou-se, em 1566, para curar-se de malária. Sua cura está registrada no Vaticano como um milagre. // Em 1638, a igreja foi local de desembarque das tropas do príncipe holandês Maurício de Nassau, na invasão à capital, conforme registrado numa placa de pedra afixada na parede.
Palavra do nosso Pároco, o Pe. Gaspar
"Então é importante que nós neste tempo moderno continuaremos esta fé do passado. Sobretudo para nós que moramos aqui no Subúrbio, ou mesmo aqui em Salvador, devemos ter uma experiência forte: essa de reconhecer que aqui nesta nossa Paróquia existe um espírito bem tradicional que deve ser motivo de orgulho, religioso e cultural, e que temos também a responsabilidade conhecer, preservar e difundir pois a Igreja Nossa Senhora de Escada é um dos mais antigos patrimônios históricos do Estado".
E foi tombado (=inventariado), em 1962, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN, uma autarquia do Governo do Brasil, vinculado ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível, do país).
Infelizmente...
O sino original, o órgão, os bancos antigos foram roubados.
Nem a imagem de Nossa Senhora da Conceição de Escada escapou. De origem portuguesa e esculpida no século XVIII, a imagem da santa tem 95cm e apoia-se sobre um globo azul rodeado de querubins. Mas a coroa verdadeira e o anel, ambos de ouro, também sumiram. Mas um devoto doou uma outra coroa de metal comum para a santa. Igual destino teve também a escada verdadeira que se fixava ao longo da imagem: a comunidade mandou fazer um escada simples, feita de madeira ao invés do ouro.
Todavia, o detalhe que mais chama a atenção na imagem é a beleza do olhar. “Os olhos são muito bonitos. Parecem reais”, dizem. Atualmente a imagem está no IPHAN sendo restaurada.
“Exposto à ação do tempo e falta de projetos adequados de recuperação, o patrimônio religioso do Subúrbio corre o risco de extinguir-se, perdendo-se parte da história da Bahia.” – diz Gladys by Gladys Santos Pimentel in “Coração Suburbano. O Pulsar da Cidade que a Cidade não Conhece” (1999- UFBa)
Mas, no entender de alguns...
“Escada tem esse nome por causa das escadarias que haviam na colina para chegar da beira da praia até a capela”, dizem. Atualmente, não existem mais as escadarias, pois foram cortadas quando se cortou parte da colina para a construção da estrada de ferro, onde passa os trens ligando Calçada a Paripe.
Fonte: artigo de Carlos Eduardo da Silva para o Boletim Paroquial