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CIDADES QUE CONTAM HISTÓRIAS
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Todos os lugares têm uma história, não é? Mas somente algumas cidades são chamadas de históricas. Por que será? Geralmente são locais que foram cenário de fatos importantes para a história
do Brasil ou do mundo e mantiveram muitas construções da época desses acontecimentos. Que tal conhecer a história de algumas dessas cidades brasileiras?
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Fonte: Revista Semanal da Lição de Casa 2000. Kilck Editora, São Paulo SP, nº 27, 2000. p. 10-13.
VOCÊ SABIA?
Em Ouro Preto, as casas construídas nas primeiras décadas do século XVIII eram geminadas, isto é, tinham parede contra parede. Isso por que as pessoas tinham receio das freqüentes "correntes de ar" da cidade montanhosa, consideradas um perigo para a saúde.
PEDRINHAS ESCURAS
A história de OURO PRETO, também em Minas Gerais, começou por volta de 1690, quando um mulato que acompanhava uma bandeira expedição que buscava ouro e pedras preciosas desceu ao Ribeirão do Tripuí para beber água. Ele encontrou, nesse lugar, algumas pedrinhas negras e duras. Pouco depois, descobriu-se que as tais pedrinhas eram ouro. Daí veio o nome da cidade, que primeiro se chamou Vila Rica. A notícia da descoberta do ouro fez o povoado crescer de forma rápida e desordenada, sempre às margens dos ribeirões, onde estavam as minas. A produção manteve-se alta até 1750, quando as minas começaram a se esgotar.
NA TRILHA DOS DIAMANTES
Em 1702, correu a notícia da descoberta de ouro na região de Ivituruí "montanhas frias", conhecida pelos aventureiros como Serra Fria. Esse foi o ponto de partida para a fundação do Arraial do Tejuco, atual DIAMANTINA, no Estado de Minas Gerais, em 1713. Os diamantes surgiram por volta de 1720. Diz a lenda que eles eram tão comuns que, até meados do século XVIII, eram usados para marcar pontos nos jogos de cartas. Os moradores não sabiam o quanto valiam aquelas pedrinhas. Ao saber da novidade, a Coroa portuguesa assumiu o controle total sobre as minas. Ainda assim, a riqueza gerada pela exploração dos diamantes permitiu o desenvolvimento da elite mais requintada da Colônia. Até hoje, música, teatro e artes fazem parte do dia-a-dia da cidade.
AMOR E RIQUEZA
DIAMANTINA - transformada em cidade em 1835 - também ficou famosa como a cidade de Xica da Silva, a ex-escrava que encantou o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, um dos homens mais importantes na época. Xica recebeu privilégios e honras dignas de uma dama dos tempos da Colônia, impensáveis de serem concedidos a uma ex-escrava, se não fosse por um grande amor.
A PRIMEIRA CAPITAL
SALVADOR, na Bahia, fundada em 1549, foi a primeira capital do Brasil, título que manteve até 1763. Durante esse tempo, a cidade passou por muitas transformações políticas, econômicas e sociais. Foi uma grande produtora de açúcar e de cultura. Em 1624, os holandeses atacaram a cidade, que ficou sob seu domínio durante onze meses. Assim como em Olinda, depois que os portugueses expulsaram os invasores, a cidade foi restaurada. A partir de 1640, Salvador voltou a prosperar. A produção de açúcar em larga escala, que enriqueceu senhores de engenho e comerciantes, exigiu a utilização de muita mão-de-obra escrava. Daí a presença marcante do negro na vida cultural da cidade.
No início do século XVIII, Salvador tinha trinta mil habitantes e só perdia em importância para Lisboa, a capital do Império Português. Em meados do século XVIII, no entanto, a situação mudou. O crescimento de outras cidades ao sul, a decadência do açúcar e a descoberta de ouro e pedras preciosas em Minas Gerais levaram à transferência da capital para o Rio de Janeiro. Ainda assim, Salvador é uma das mais importantes e belas cidades do Nordeste, encantando com sua história, arquitetura, religiosidade, música e magia.
UM NOME E SUAS LENDAS
Existem outras versões para o nome "Olinda". Há quem diga que era o mesmo nome de uma QUINTA em Portugal [Nota: Quinta é como é frequentemente chamada uma propriedade rural de grandes dimensões em Portugal]. Contam também que seria uma homenagem à bela dama da novela Amadis de Gaula, que narrava as aventuras de cavaleiros medievais e estava em moda em Portugal no início do século XVI.
PATRIMÔNIOS DA HUMANIDADE
No Brasil, Ouro Preto; Brasília; os centros históricos de Diamantina, Olinda, Salvador e São Luís (MA); as ruínas de São Miguel das Missões (RS); o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (MG); e o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) são considerados patrimônio da humanidade por seu valor histórico.
O Parque Nacional do Iguaçu (PR), as reservas da Mata Atlântica do Sudeste e da Costa do Descobrimento (BA) também receberam o título da Unesco devido à sua riqueza natural.
LINDA E COBIÇADA
A bela OLINDA, fundada em 1534, foi a primeira capital da Capitania de Pernambuco "buraco no mar” ou “mar que se arrebenta”, na língua tupi. Diz a lenda que o nome da cidade deve-se a um comentário de Duarte Coelho, o donatário da capitania. Ao vê-la, ele não se conteve e exclamou: "Oh! Linda situação para se construir uma vila”. O açúcar, chamado de ouro branco, foi a maior riqueza do Brasil durante os séculos XVI e XVII, e Pernambuco, seu maior produtor. Olinda cresceu e prosperou graças ao cultivo da cana-de-açúcar e tornou-se um dos principais centros econômicos e culturais no início da Colônia.
A riqueza gerada pelo açúcar também despertou a cobiça de estrangeiros, principalmente holandeses, que ocuparam a cidade a partir de 1630. Os 24 anos de permanência dos holandeses em Pernambuco foram marcados por lutas e desentendimentos - Olinda foi até incendiada -, mas também foi uma época de desenvolvimento cultural. Isso aconteceu durante o governo de Maurício de Nassau, que levou para lá cientistas e artistas holandeses, como os pintores Albert Eckhout e Frans Post, a quem devemos as primeiras imagens sobre o Brasil, como engenhos de açúcar, paisagens, tipos físicos, plantas e animais típicos. Com a expulsão dos holandeses, em 1654, Olinda foi sendo reconstruída aos poucos. Tornou-se cidade em 1676 e permaneceu como capital de Pernambuco até 1827.
FIQUE LIGADO!
Quando uma cidade brasileira é considerada histórica, ela é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com o objetivo de preservar seus monumentos históricos. Quando a importância da cidade ultrapassa as fronteiras do país, ela recebe o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Fim