SOPINHAS E FRUTAS NA NOVA DIETA DO BEBÊ
( Pediatria )
Fonte: Revista FAMÍLIA CRISTÃ, 1995
Tanto para os bebês que não mamam no peito como para os que completam seis meses de vida, os outros alimentos são necessários ao seu desenvolvimento. Mas as mães, principalmente as mais inexperientes, devem observar inúmeros cuidados com esse tipo de alimentação.
O bebê está crescendo, seus hábitos alimentares vão se transformando. Antes, o leite materno supria totalmente suas necessidades vitais. Agora, já com seis meses de vida, sua dieta começa a mudar com a introdução de complementos alimentares extras, como frutas e verduras em papinhas e sopas. Sem dúvida nenhuma, essa introdução deve ser feita com cuidado e atenção redobrados, inclusive para se evitar o desmame total da criança neste período.
Assim, explica o professor de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, Fabio Ancona Lopez, mesmo com os novos alimentos, o bebê deve continuar com a amamentação no peito normalmente ou, na medida do possível, à noite e pela madrugada. Caso fique muito difícil continuar nesse esquema, ou porque a mãe já tenha voltado a trabalhar, ou não produza mais a quantidade de leite necessária, o bebê deve passar a receber outro tipo de leite.
Geralmente, as mães costumam utilizar como substituto para o leite materno o de vaca (no interior é também comum o de cabra) ou o leite em pó integral. Misturados à água, tanto o de vaca como o de cabra, tornam-se parecidos com o leite materno, mas são necessários cuidados com essa mistura. Se ela ficar muito forte, o bebê pode adoecer; se fraca, ele não recebe o alimento necessário e pode parar de crescer. Os mesmos cuidados devem ser observados com relação ao leite integral.
O leite, geralmente, é dado em mamadeira, mas o pediatra observa que esse utensílio acarreta maior possibilidade de contaminação e, no caso de bebês muito novos, como os recém-nascidos, costuma provocar doenças ou diarréia. O ideal, neste caso, seria alimentá-lo com colher. Nos dois casos, no entanto, a mãe não pode deixar de fazer uma boa esterilização. A mamadeira e seu respectivo bico devem ser lavados por dentro e por fora, e fervidos antes e depois de cada mamada. Outros utensílios, como a xícara e a colher, também devem ser desinfetados.
Além do leite, a mãe deve prover também a quantidade de água necessária para o bebê, principalmente se estiver fazendo muito calor, durante o intervalo das mamadas. E, para maior tranquilidade da criança, é importante que não haja barulho ou agitação em torno, enquanto mama, para que não desvie sua atenção e desista de ingerir.
OUTROS ALIMENTOS
Com o crescimento, o bebê aumenta suas necessidades e deve passar a receber outros alimentos, além do leite. Evidentemente, para a criança que não é amamentada no peito, a nova dieta começa mais cedo, já a partir do segundo mês, mas, seja como for, os cuidados devem ser redobrados, principalmente com relação à qualidade dos mantimentos..
O pediatra Fabio Ancona Lopez explica que a introdução de frutas, verduras e cereais possibilita o ganho de peso. e crescimento necessários, além de ajudar a suprir as necessidades proteicas. "Entre seis e nove meses, há evidências de que só o leite materno não é suficiente para o desenvolvimento, mas a iniciação dos novos alimentos deve ser feita sempre de acordo com as condições e hábitos da criança, geralmente nos intervalos das mamadas" - explica. Como no caso do bebê que não foi amamentado no peito, a introdução deve ser feita por meio de colher, “para evitar que ele acabe se acostumando com o hábito de ingerir por mamadeiral e acabe largando o peito".
De acordo com Lopez, a mãe pode começar a nova dieta com frutas frescas da época, evitando, naturalmente, as muito ácidas ou de difícil digestão. Mamão e banana não devem faltar, assim como laranja lima, maçã e pera, que serão introduzidas, aos poucos, conforme a reação da criança. As frutas devem ser bem amassadas e ministradas sob a forma de papinhas, nos intervalos de cada mamada, observando-se o cuidado de dar um alimento por vez e em mínimas quantidades.
Aos poucos, a criança pode receber, também, no almoço, uma sopinha de hortaliças com proteína animal, oriunda de carne de vaca, frango, fígado, vísceras ou peixe. Tanto as frutas, como as hortaliças e a carne, devem ser bem picadas e amassadas. A partir do oitavo mês, o bebê já pode começar a jantar de acordo com o padrão alimentar da família. "O ideal", afirma Lopez, "é que a refeição contenha arroz, feijão, alguma hortaliça e uma proteína animal, que pode ser ovo ou carne". Já por essa época, os alimentos devem ser amassados com garfo ou passados na peneira, de forma que possam estimular a mastigação da criança, pois, nessa idade, os dentes começam a nascer.
Foto: ABRIL IMAGES/L. MAMPRIN