(571)_NENHUMA OFENSA SEM PERDÃO [Religião] (por Ir. Maria Therezia Hetzel FDC)



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NENHUMA OFENSA SEM PERDÃO

(Uma proposta de vida a partir dos princípios de Madre Francisca Lechner)


Fonte: O AMOR vale TUDO - por Ir. Maria Therezia Hetzel FDC, págs.51-54



PROGRAMA DE VIDA 

de Madre Francisca Lechner

Nenhuma manhã
Sem oração fervorosa
Nenhum trabalho
Sem boa intenção
Nenhuma alegria
Sem um "obrigado" a Deus
Nenhuma palavra
Sem se lembrar do Onipresente
Nenhum sofrimento
Sem serena resignação
Nenhuma ofensa
Sem perdão

Nenhuma falta
Sem arrependimento
Nenhuma ação do próximo
Sem ser interpretada benignamente
Nenhuma boa obra
Sem humildade
Nenhum pobre
Sem auxílio
Nenhum coração sofredor
Sem uma palavra de conforto
Nenhuma noite
Sem exame de consciência.



6.1. LUZ CONTRA TREVAS

O Pai eterno tudo quis por amor. O homem recusou Seu Amor rompendo com a original harmonia. Mas o Pai, sempre fiel continuou dando um jeito para reintegrar o homem na Sua felicidade.

Por Amor, envia Seu Filho como Salvador, caminho, vida e luz de todos os homens. “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz refulge nas trevas, e as trevas não puderam ofuscá-la” (Jo 1,4-5). Está evidente a supremacia do Amor. Por maior que seja o desamor por mais absurda que seja a história-contra-Deus e conseqüentemente, contra-si-mesmo, que a humanidade faça, Deus é sempre maior que tudo isto e Seu Amor vence e supera todas as possíveis deficiências humanas.

"Existia a luz, a verdadeira, aquela que vindo ao mundo ilumina todo homem"(Jo 1,9). Tudo é Seu e todos os homens são Seus, independentemente de sua vontade. Ele, porém, respeita a sua vontade livre porque expressão do Seu Amor: "Estava no mundo, e o mundo não O conheceu. Veio até os seus e os seus não O receberam. Aos que O acolheram porém, aos que crêem em seu Nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram nem do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus nasceram" (Jo 1,10-13). Maravilha da nossa filiação divina. Filiação que supõe adesão livre e consciente no compromisso vital do seguimento de Cristo.

Jesus mesmo explica, falando de Si: "A luz veio ao mundo e os homens preferiram a escuridão à luz, porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas obras não apareçam no claro. Mas aquele que pratica a verdade aproxima-se da luz, para que apareçam as suas obras, porque são feitas em Deus" (Jo 3,19-21).

Toda a nossa vida esteve presente para Deus no momento em que nos criou. Nosso pecado também. Tudo! Assim mesmo Ele nos amou. Deus é infinito. O pecado é finito e mensurável. A misericórdia de Deus não é mensurável. Não há, portanto, termo de comparação entre nós e Deus.

Deus não confunde o pecado com o pecador. A salvação é gratuidade. Por merecer, nós nunca mereceríamos o perdão de Deus. Só em Cristo nos tornamos "merecedores" da misericórdia do Pai. Cristo não usou argumentos em nossa defesa, mas usou a própria vida para nos defender. Nossos pecados nos condenam. Ele nos assumiu na Sua inocência e esta falou mais alto junto ao Pai (cf. 2 Cor 5,21). O humano em Cristo, chama, em nome de toda a humanidade ao divino.

Precisamos espelhar-nos continuamente neste Amor Divino. "Acolher-nos uns aos outros como Cristo nos acolheu para a glória de Deus"(Rom 15,7). Perdoar-nos mutuamente com a mesma gratuidade do senhor "Tão depressa como nós nos ofendemos também devemos estar em bem e em paz. Que faríamos se o bom Deus fosse conosco tão minucioso e nos levasse em conta todas as nossas faltas diárias? Imaginai-vos a Deus sempre como um Pai"(Francisca Lechner).

"Ele fez brilhar Sua luz em nossos corações para que irradiássemos o conhecimento do Seu esplendor, que se reflete na face de Cristo"(2 Cor 4,6).

6.2. UM CAMINHO PARA VOCÊ

Você é uma graça. Como toda pessoa normal, você gosta de ser plenitude de graça. Sua vida, dom de Deus, não está pronta ainda. É dom-em-dinamismo, em constante vir-a-ser. Constitui-se numa tarefa. Algo que você deve conduzir cada instante, fazendo caminho.

Há dois caminhos. Um, aquele fácil, cômodo, sem fadigas... conduz à perdição. O outro, difícil, desconfortável, cansativo..... leva ao heroísmo, à virtude, à santidade. De fato, comodismo e união com Deus não se dão de ieito nenhum.

Que caminho você mais anda?... O caminho do bem e o do mal são duas forças que se digladiam dentro de nós (cf Rom 7,14-21).

Se viver é caminhar, o caminho é Cristo. Ele também é a vida e a luz a iluminar a caminhada. caminhada que tem o objetivo de unir dois. pontos distantes: da concepção o começo, até o final de sua vida o encontro com Deus. Espaço que deve ser preenchido com graça. Você tem um modelo: Cristo. Ele é o Mestre que ensina como preencher plenamente a caminhada da vida de acordo com o plano do Pai.

Quanto maior a sua sensibilidade nesta caminhada, tanto maior a perspicácia para auscultar o coração de Deus. Ele lhe dirá da necessidade de viver por amor. De doar a vida. A rigor, seria uma camuflagem sem tamanho querer viver a vida só para si. Seria roubar de Deus Sua divindade em você. Querer viver egoisticamente para si é o maior pecado: proclamar-se fonte da vida. Você não pode autosignificar-se. Tudo você recebeu de Deus e dos outros. E você tem significado enquanto se doar. Veja a palavra per-doar: doar-se para libertar e libertar-se.

Por isto você não deve escravizar-se aos outros nem prendê-los a si, mas deve ser para os outros. Supõe uma caminhada de pessoas libertas na promoção de mais liberdade. Se nesta caminhada houver a busca de si, não ocorre a doação para o outro. E aí surge o difícil porque o outro é sempre uma incerteza. Sempre uma insegurança.

O outro é surpresa constante. Sempre novo. E o que é novo é inseguro. Sobre tudo Deus é surpresa. Em cada instante Ele se revela diferente. Não queira viver possuindo-se, mas deixe-se possuir por Deus, que liberta na sua misericórdia infinita. Nisto ninguém pode caminhar por você. Você precisa fazer sua caminhada deixando-se guiar pelo Espírito, até chegar à eternidade do ser-um-com-Deus e com todos, na harmonia plena do Amor Divino.

6.3. A FORÇA DO AMOR-DOAÇÃO

Senhor, a enamorada dos cantares diz que "o amor é forte como a morte!" (Ct 8,6). Inspirada mesmo, num dos mais belos poemas de amor de todos os tempos. Idéias maravilhosas que, interpretadas ao pé da letra, parecem ainda egoístas no amor. Revelam a busca de si, mais do que o amor-doação, que nada pede em troca.

Sim, Senhor! Tu vieste trazer a Nova Lei que supera a todas as perspectivas e todos os possíveis projetos humanos. Tu és a nova afirmação, categórica, nunca antes cogitada: o Amor é mais forte do que a morte! Vence a morte! Tu, Senhor, és Amor-Doação. És Aquele que per-doa, salva. Salvas pelo amor que colocas em cada um de Teus gestos, palavras, atitudes...

Senhor, Tu me aceitas como sou. Amas-me como sou, acolhendo-me cada dia como "folha em branco". És doação de um Deus para mim e queres divinizar meu frágil ser.

Quero perdoar como Tu: a mim mesma, na aceitação de minhas limitações. Aos irmãos, acolhendo-os no meu coração do jeito que são. Admirando-os sempre de novo e reconhecendo-Te neles. Descobrindo o que neles há de original, de profundo, de maravilhoso. Acreditando no seu mistério e respeitando o ritmo de revelação pessoal de cada um.

Senhor, abençoa o meu esforço em sanar as marcas profundas do amor não correspondido, que o tempo não está conseguindo apagar. Deixa-me ser mais completo abandono ao Teu Amor.

Meu Bem, se me emprestas em profusão a sensibilidade do Teu Coração, empresta-me também a generosidade desinteressada que Lhe é própria para que eu possa amar com integral e verdadeira doação.



Fim