A RAPOSA E O CAVALO
(Conto popular)
Fonte: Ana Maria Machado. Contos de Grimm. São Paulo: Salamandra, 2012.
Era uma vez um camponês que tinha um cavalo muito leal, que tinha ficado velho demais para trabalhar. O dono não queria mais ter que dar comida a ele.
– Você não serve mais para nada - disse ele -, mas não lhe quero mal. Se você tiver força o bastante para me trazer um leão, pode ficar comigo. Mas agora é melhor dar o fora do meu celeiro.
Dizendo isso, soltou-o no pasto aberto.
Muito triste, o cavalo foi para a floresta [...]. Lá encontrou a raposa que lhe perguntou:
- Por que que você está assim [...] tão sozinho?
- Pobre de mim! - disse o cavalo. [...] Meu dono esqueceu todos os serviços que lhe prestei em tantos anos e [...] não quer mais me dar comida e me mandou embora. [...] Disse que ficava comigo se eu ainda tivesse força o bastante para levar um leão para ele. Tem certeza de que eu nunca vou poder fazer isso.
- Se é assim - disse a raposa -, eu ajudo você. Deite, fique bem esticado, absolutamente imóvel, como se estivesse morto.
O cavalo fez exatamente como a raposa mandava. Enquanto isso, ela foi até a toca do leão, que não era longe dali.
- Sei onde há um cavalo morto - disse ela. — Venha comigo e você vai ter muito o que comer.
O leão foi com ela e, quando chegaram junto ao cavalo, a raposa disse:
- Aqui você não consegue comê-lo confortavelmente. Tenho uma ideia. Vou amarrar o cavalo no seu rabo. Aí você pode arrastar o bicho até sua toca e comer como quiser.
O leão gostou da ideia. [...] Mas a raposa amarrou as patas do leão junto com o rabo. Torceu bem e prendeu tão forte que, mesmo fazendo toda força, o leão não ia conseguir se soltar. Quando terminou, deu um tapinha na anca do cavalo e disse:
- Vamos, cavalo, puxe!
Num relance, o cavalo deu um pulo e saiu correndo. [...] Foi arrastando o leão por montes e vales, até a porta do dono.
Quando o dono viu o que estava acontecendo, mudou de ideia e disse para o cavalo:
- Você pode ficar aqui comigo, que vai ser muito bem tratado.
E deu ao cavalo tudo o que ele quis comer até o dia de sua morte.
Fim