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ESTA CĂDULA, SENHOR
Uma oração tocante sobre o valor e o peso do DINHEIRO
Por: Michel Quoist
"Vendei o que possuĂs, e dai-o em esmolas. Fazei bolsas que nĂŁo se estragam, um tesouro que nĂŁo vos faltarĂĄ no cĂ©u. LĂĄ, o ladrĂŁo nĂŁo entra, a traça tambĂ©m nĂŁo roi. Pois onde estĂĄ o vosso tesouro, aĂ estarĂĄ o vosso coração." ( Lc 12,33s )
Senhor, esta cédula mete-me medo.
Conheces seu segredo, conheces sua histĂłria, como Ă© pesada. Impressiona-me, porque nĂŁo fala. Jamais hĂĄ de dizer o que oculta em suas dobras.
Jamais confiarå quanto representa de esforços e de lutas. Traz em si o suor humano. Estå manchada de sangue, de desencanto, de dignidade espesinhada.
E Ă© rica de todo o peso do humano trabalho que ela contĂ©m e que lhe dĂĄ valor. Ă pesada, pesada, senhor. Impressiona-me, mete-me medo, porque traz mortes na consciĂȘncia.
Todos os pobres diabos que se mataram de trabalho por causa dela. Para possuĂ-la, para tĂȘ-la entre as mĂŁos algumas horas. Para dela obter um pouco de prazer, de alegria, de vida.
Entre quantos dedos terĂĄ passado, senhor? E que fez ela nestas longas viagens silenciosas? Ofereceu rosas brancas a noivos radiosos. Pagou os bolos da festa do batizado. Deu de comer ao bebĂȘ corado.
Foi ela que botou o pão na mesa do mar. Desatou o claro riso dos jovens e a alegria dos mais velhos. Pagou a consulta do médico salvador.
Deu o livro que instrui o garotinho. Vestiu a vãozela. Nossa, ela também fez seguir a carta de cumprimento.
Pagou no ventre da mĂŁe o torcidamento da criança. Foi ela que mandou correr o ĂĄlcool e fez o bĂȘbedo. Projetou o filme proibido para crianças e gravou o disco asqueroso.
Seduziu o adolescente e fez do adulto um ladrĂŁo. Por algumas horas, comprou o corpo de uma mulher. Foi ela quem pagou a arma do crime e as tĂĄbuas de um caixĂŁo.
Oh, senhor, eu te ofereço esta nota de mil. Com seus mistérios gozosos, com seus mistérios dolorosos. Digo-te muito obrigado por toda a vida e alegria que ela distribuiu.
Peço-te perdĂŁo pelo mal que ela fez. Mas, sobretudo, senhor, eu te ofereço por todo o trabalho do homem, por toda a angĂșstia do homem. De tudo isto, ela Ă© simpĂĄtica.
E amanhĂŁ, afinal, tudo isto, moeda inalterĂĄvel, em tua vida eterna serĂĄ transfigurado. Obrigado.
Fim
Biblioteca Virtual do PCJ
(Transcrito por TurboScribe.ai)