(41)_Bíblia] Apostila] Dom Gregório] O LIVRO DO GÊNESIS] A Pré-História Bíblica; Teoria Judaica e Cristã] 34 págs_ts


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Apostila de Dom Gregório
O LIVRO DO GÊNESIS
A Pré-História Bíblica

Teoria Judaica e Cristã 
A Bíblia apresenta, nos versículos l a 19 do primeiro capítulo do livro de Gênesis, o relato da criação dos Céus e da Terra atribuído a Javé, o Deus único e onipotente, que teria executado a obra em seis dias e descansado no sétimo, tornando-o sagrado. 
Deus cria o homem à sua imagem e semelhança. 

Teoria Suméria 
Os sumários e babilônios desenvolveram uma cosmogonia própria, preservada em poema como Gilgamesh, onde se conta que a deusa Aruru, para criar Enkidu, o homem, "plasmou argila". 
 A criação era representada como um processo de procriação. Os assírios- babilônios afirmavam que a deusa Miami, intencionando criar sete homens e sete mulheres, fez quatorze blocos de argila. 
Com estes, suas auxiliares plasmaram quatorze corpos; a deusa rematou-os,imprimindo- lhes traços de indivíduos humanos e configurando- os à sua própria imagem. 

Teoria Egípcia 

Um baixo relevo em Deis- el-Bahari e outro em Luxor apresentam o deus Cnum modelando sobre a roda de oleiro os corpos da rainha Hatshepsout e do Faraó Amenofis III; as deusas colocaram sob o nariz de tais bonecos o sinal hieroglífico da vida ank, para que a respirassem e se tornassem seres vivos. 

Teoria dos Maris 
Na Nova Zelândia conta-se que um certo deus, conhecido pelos nomes de Tu, Tiki e Tané, tomou argila vermelha e, à margem de um rio, plasmou-a, misturando- lhe o seu próprio sangue, e dela fez uma cópia exata de sua divindade; depois, animou-a soprando-lhe na boca e nas narinas; ela então nasceu para a vida e espirrou. O homem plasmado pelo criador Maori parecia-se tanto com este que mereceu por ele ser chamado Tiki-Ahua, isto é, imagem de Tiki

Teoria Brâmane (da índia) 
A visão bramânica do mundo e sua aplicação à vida estão descritas no livro do Manusmisi (Código de Manu), elaborado entre os anos 200 a.C. e 200 da era cristã, embora também contenha material muito 

mais antigo. Manu é o pai original da espécie humana. O livro trata inicialmente da criação do mundo e da ordem dos brâmanes; depois, do governo e de seus deveres, das leis, das castas, dos atos de expiação e, finalmente, da reencarnação e da redenção. Segundo as leis de Manu, os brâmanes são senhores de tudo que existe no mundo. 

Teoria Islâmica 
Os islâmicos acreditam na origem do Universo segundo o que descreveu o Profeta Moisés na Tora. 
 Outros Livros passíveis de crédito islâmico são: os Salmos, o Evangelho e o Corão, que dizem ser o derradeiro e completo livro sagrado, constituindo a coletânea dos ensinamentos revelados por Deus ao profeta Maomé. 

Teoria Budista 
Não há um deus criador no budismo, a religião não se inicia no começo dos tempos, mas com o despertar de Buda. O universo tal como é simplesmente sempre foi assim "desde o tempo sem início". 

Teoria Espírita 
O espiritismo segue as 

descobertas e revelações da ciência, embora admita a interferência de Deus na engenharia da criação do Universo. Deus é a inteligência suprema, causa de todas as coisas. 

Teoria Evolucionista 
Charles Darwin: Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies", ele introduziu a ideia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza 

O QUE DIZ O CRISTIANISMO? 
 O cristianismo não quer brigar com a Ciência. Reserva-se a dizer que o princípio do primeiro movimento foi de Deus
 Deus é, portanto, o princípio e o fim de toda a criação.

EVOLUCIONISMO OU CRIACIONISMO? 
 • O autor sagrado apresenta origem distinta para o homem e para a mulher. 
 • Será que o texto de Gn 2,7  quer dizer algo sobre o modo como apareceu o homem na face da terra? 
 • Vejamos o texto: "Então lahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tomou um ser vivente". Observando que o tema Deus-Oleiro, ocorrente no texto, não passa de uma metáfora. Quer dizer que, como o oleiro está para o barro, assim Deus está para o homem. E como é que está o oleiro para o barro? Numa atitude de sabedoria, carinho, maestria, providência... 
 Assim também Deus está para o homem, qualquer que seja a modalidade de origem do ser humano. Não devemos extrair dessa passagem alguma lição de teor científico. 

 ENTÃO O HOMEM VEM DO MACACO? 
RESPOSTA: NÃO 
Nem para a ciência, nem para a religião
É preciso fazer antes uma distinção entre corpo, alma e espírito. 
Corpo - ser material, sujeito à evolução. 
Alma - o que dá movimento ao corpo (nos homens e nos animais). 
Espírito - aquilo que torna o homem semelhante a Deus. 

O homem veio do PRIMATA que é ancestral dos macacos? Se o corpo evoluiu, por outro lado a alma não tem origem por evolução, mas por criação direta de Deus; sendo espiritual ela não provém da matéria em evolução (o espirito não é energia quantitativa). Por isso, não pode originar-se da matéria. Assim se conciliam criação e evolução no aparecimento do homem. Pode-se admitir que, quando o corpo de um dos evoluídos do primata (que chamamos homem) estava suficientemente evoluído ou organizado. Deus lhe infundiu a alma espiritual, diretamente criada para dar-lhe a vida de ser humano inteligente. 
Isso teria ocorrido na origem tanto do homem como na da mulher. 
 Há diferença entre vida vegetativa (árvores), vida sensitiva (animais irracionais) e vida intelectiva (homem).

MONOGENISMO OU POLIGENISMO? 
 Quantos indivíduos houve na origem do gênero humano atual? 

A ciência nos oferece três hipóteses: 
Polifiletismo: Muitos troncos ou berços do gênero humano (na Ásia, na África, na Europa). 
Poligenismo: Um só berço com muitos casais. Monofiletismo: (Um só tronco) 
Monogenismo: Um só berço com um só casal. 

 O Polifiletismo contraria a fé e as probabilidades científicas. Foi abandonado pela ciência. 

O Monofiletismo Monogenético (um só casal) é a tese clássica (da Bíblia), mas que não nega a possibilidade do poligenismo.  Vejamos Gn 4,17a: "Caim conheceu sua mulher, que concebeu e deu à luz Henoc!

A palavra Adam significa homem. Não é um nome próprio, mas substantivo comum. Quando o autor sagrado diz que Deus fez Adam, quer dizer que fez o homem, o ser humano, sem tencionar especificar o número de indivíduos (um, dois ou mais). 

 Em Gn l ,27 lemos: "Deus criou o homem (Adam) à sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele o criou".

Veja que nesse versículo a palavra Adam não designa um indivíduo, mas a espécie humana diversificada em homem e mulher. A palavra Eva também não é nome próprio, mas significa em hebraico "mãe" (Gn 3,20). O que importa é afirmar que os primeiros mais (dois ou mais) foram elevados à filiação divina; que submetidos a uma prova, não se mantiveram no estado de amizade com Deus (cometeram o pecado original). 
 Adão e Eva são, portanto, uma fábula? Não, são tão reais quanto o gênero humano é real. O que nos confunde é que a história é narrada numa linguagem figurativa (serpente, árvore, fruta...). 

 A origem dos diversos tipos de raças explica-se por um só principio: devem-se não somente às diversas condições de clima, alimentação, trabalho, ... das populações, mas também ao fenômeno do mutacionismo (mudanças bruscas em indivíduos raros).
 

O HEXAÉMERON 
 (A criação em seis dias
 A seção de Gn 1-11 chama-se pré-história bíblica, porque se refere aos acontecimentos anteriores à história bíblica. 
 A pré-história bíblica não coincide com a pré-história universal, que vai de 15.000.000.000 (Big Bang) a 8.000 (aparecimento da escrita). 
 Pré-história bíblica significa uma tentativa de explicação de fatos sobre os quais ninguém tem conhecimento, mas na certeza da presença de Deus no nascimento da história da humanidade. Todos os fatos da pré- história bíblica tem um alvo certo: tentar explicar a escolha de Abraão e de sua descendência por Iahweh.

DIVISÃO DO LIVRO 
 1. A criação do mundo bom por parte de Deus, a elevação do homem à filiação divina e a violação dessa ordem inicial pelo pecado (Gn 1,1-3,24). 

 2. O fratricídio de Caim, consequência do fato de que o homem abandonou a Deus; perdeu também o amor ao semelhante (Gn 

4,1-6). 

 3. A linhagem dos cainitas, que mostra o alastramento do pecado (Gn 4,17-24). 

 4. A linhagem dos setitas ou dos homens retos (Gn 5,1-32). 

 5. O dilúvio, provocado pela propagação do pecado (Gn 6,1-9,28). 

 6. A tabela dos setenta povos (Gn 10,1-32). 

 7. A torre de Babel, nova expressão do pecado (Gn 11,1-9). 

 8. As linhagens dos semitas (Gn 11,10-26) e dos taraquitas (Gn 11,27- 32), que fazem a ponte até o patriarca Abraão. 

Ainda o  Hexaemeron: (Gn l,l- 2,4a) 
 No livro do Gênesis aparece duas narrações sobre a criação, que, embora muito próximas, são bastante distintas. 

 1. Gn 1,1-2,4a (Da fonte Sacerdotal [P], do século V a.C.) 

 2. Gn 2,4b-3,24 (Da fonte Javista [J], do século X a.C.) 

 Em Gn 2,1-4a o mundo já está terminado, o homem e a mulher foram criados. 
 Mas em Gn 2,4b.5 o autor sagrado afirma que não havia arbusto, nem erva, nem chuva, nem homem, e narra a criação do homem a partir do barro como se ignorasse a criação já narrada em Gn l ,27
Note, também, que cada um dos dias da criação é descrito segundo uma fórmula que se repete e que constituem estrofes de um hino litúrgico: "Deus disse... E houve... E assim se fez... E Deus chamou... E Deus viu que era bom... Deus fez... Deus abençoou... Houve tarde e manhã... Dia". 
A imagem do mundo pressuposta pelo autor é bem diferente da nossa: Havia a região dos ares, a das águas e a da terra
 Esta seria uma mesa plana, pousada sobre colunas; debaixo da terra havia as águas, donde emergem as fontes, e também a região dos mortos ou o cheol
 A luz era concebida como algo independente do sol e das estrelas, pois mesmo nos dias em que o sol não brilha temos luz (por isso a luz é criada no lº dia, ao passo que os astros no 4º dia). 
 A vegetação seria o tapete verde inerente a terra; por isso terá sido criada no 3º dia, anteriormente ao sol. 


A mensagem do Hexaémeron Podemos destacar três finalidades: 
 1. O texto quer incutir alei do repouso do sétimo dia (sábado). Os sacerdotes, então, compuseram um hino para explicar o porque de se repousar no sábado. O homem deveria, pois, trabalhar em seis dias e, no sétimo dia, afastar-se do trabalho para, no repouso, elevar mais devidamente o seu espírito para Deus. A lei do sábado é anterior ao texto do hexaémeron (século V a.C.). Ela decorre do ritmo natural da Lua, muito importante para os trabalhadores rurais (de sete em sete dias a Lua passa de nova para crescente, de crescente para cheia...). Por conseguinte, Deus repousa por causa do ritmo da semana do homem, e não vice-versa.

Uma pergunta: O cristão não deveria, então, repousar no sábado? 
 É preciso lembrar que a palavra sábado vem de shabbath (descanso). A bíblia prescreve o repouso 

no sétimo dia (cf. Ex 20,8-11) sem prescrever qual deva ser o primeiro dia da semana. 
 Os cristãos sabem que Jesus ressuscitou no dia seguinte ao sétimo dia (sábado) dos judeus; por isso começaram a contar os dias da semana no segundo dia (ou na segunda-feira), para fazer o sétimo dia coincidir com o da ressurreição de Jesus. O sétimo dia dos cristãos é o domingo, com o repouso que lhe é sagrado. 

 2. O autor sagrado queria mostrar que tudo o que existe sobre a terra é criatura de Deus, não havendo deus algum além de Adonai

 a) Deus é um só. Não há, pois, astros sagrados (como os caudeus da terra de Abraão admitiam). Nem bosques sagrados (como os cananeus da nova terra de Abraão professavam). Nem há animais sagrados (como os egípcios, entre os quais viveu o povo de Israel, professava). 

 b) Deus é bom e, por isso, fez o mundo bom. Se há mal no mundo, não vem de Deus, mas do homem (cf. Gn 3). Devemos rejeitar toda forma de dualismo, que afirma ser a matéria essencialmente má. 

c) O mundo não é eterno, mas foi criado por Deus e começou a existir. Se afirma, porém, que a matéria e o espírito tem origem por um ato criador de Deus. Qualquer teoria científica que admita isso, é aceitável aos olhos da fé. 

 d) O homem é imagem e semelhança de Deus, não por sua corporeidade (Deus não tem corpo), mas por sua alma espiritual, dotada de inteligência e vontade ao dizer: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança" (Gn 1,26), se expondo um plural majestático, pondo em relevo a grandeza do sujeito falante. 

 e) O casamento é abençoado por Deus, tomando-se uma instituição natural, que não depende da fecundidade: admitidos fora do povo bíblico. 

 f) O trabalho do homem é continuação da obra de Deus; é santo, qualquer que seja a sua modalidade, desde que executado em consonância com o plano do Criador. Vemos o esquema 6+1=7: 
6 (seis) é o numeral que significa o humano, o limitado. l (um) é o numeral sagrado que indica ponto de partida, princípio, Deus. A soma dá 7 (sete), que passou a ser, para os antigos, o número da perfeição. 

E os dias do Hexaémeron? 
 O autor sagrado nunca pensou em "era". Ele pensou em uma semana igualzinha a nossa, com dias de 24 horas. Mas a semana que ele considerava sagrada tinha um cunho religioso e nunca existiu. Seu ensino era puramente religioso, e nunca pretendeu ter cunho cientifico, que naquela época, ainda estava em seus inícios. 

Deus criou primeiro o homem! 
 Vemos, no texto, que Deus criou primeiro o homem (Gn 2,7). Depois planta um lugar ameno, onde o coloca (Gn 2,8.15); verifica que o homem está só (Gn 2,18). Cria os animais terrestres (Gn 2,19); mas o homem continua só (Gn 2,23). 
 Então Deus tira a mulher do lado do homem, para mostrar que esta não é inferior (teria saído dos pés), nem superior (teria saído da cabeça), mas partilha da mesma natureza. 

No sistema de castas da índia vai se dizer que os dálets (intocáveis) saíram dos pés de Brahma, daí serem inferiores, ao passo que os brâmanes (sacerdotes) saíram da cabeça (daí serem superiores) 

O paraíso terrestre aparece para abordar a difícil questão da origem do mal e o tema do pecado original. São assuntos de ordem filosófica e teológica que percorrem a história da humanidade até os nossos dias. 

 O Livro do Gênesis nos fala de um jardim ameno, irrigado por quatro rios: O Tigre e o Eufrates são os rios da Mesopotâmia, muito conhecidos. O Geon e o Fison não podem ser mais identificados. Esse paraíso não é um lugar específico, mas significa um estado de harmonia e felicidade a que o homem foi elevado logo depois de criado. No paraíso os homens e as mulheres gozavam de dons sobrenaturais e preternaturais: 

1. Sobrenatural: 
A filiação divina, a graça 

santificante ou a elevação do homem à condição de filho de Deus. 

2. Preternaturais Imortalidade: morte é consequência do pecado (Gn2,17;3,3s.l9) Impassibilidade: ausência de sofrimento (Gn 3,16) Integridade: imunidade de concupiscência desregrada, que os faz terem vergonha da nudez (cf. Gn 2,25; 3,7-11) Ciência moral infusa: tomava-os aptos a assumir as suas responsabilidades diante de Deus. 


O SIMBOLISMO DOS NÚMEROS 

 A Bíblia está cheia de números, que possuía muito sentido para os contemporâneos do autor. Alguns números eram considerados bons, ao passo que outros eram adversos ou traziam má sorte (como o número 13 para muitas pessoas hoje). Os judeus acreditavam que os símbolos numéricos ocultavam valores, tendo desenvolvido toda uma ciência chamada GEMATRIA, sobre os números, que aplicavam 

às suas interpretações da Bíblia. 

 3 — É um número perfeito, pois é o número do triângulo. Participa da perfeição do número 7: grande, superlativo. 3 e 1/2 - É a metade de 7; indica imperfeição, brevidade, fraqueza, tempo de prova ou de perseguição. Três anos e meio duram as tribulações que acompanharam o levante dos irmãos macabeus, de 168 a 165 a.C. Foi o tempo da perseguição de Antíoco IV aos judeus. 

 4 - Representa os quatro pontos cardeais, mundo, universalidade. Trindade + homem. Os quatro elementos da terra.  Perfeição do quadrado. 

 6 - Significa 7 menos l. Simboliza a imperfeição, a fraqueza e a maldade personificada.  

7 - Significa plenitude, perfeição (Deus ) e totalidade (7 dias da criação).  

10 - Número completo, perfeição. 

12 - Perfeição escatológica. Israel com as 12 tribos. Povo de Deus. Perfeição do 3x4.  

24 - Representa a totalidade do Povo de Deus na Igreja. É igual a 2 x 12.  

42 - Quarenta e dois 

meses é igual a 3 Vi anos, que é igual a 1.260 dias; isto é, a metade de sete anos. Tempo de provação. 

666 - Três vezes "sete menos um"; denota a imperfeição e o total fracasso. E o número da Besta. 

 777 - Três vezes o sete; representa a perfeição e a plenitude absolutas. 

1.000 - Multiplicidade, grande quantidade, número incontável. 

1.260 - Número de dias do período de três anos e meio; tempo de tribulação ou de prova. 

12.000 - Número ilimitado e salvífico dos membros do velho povo de Deus: 12 x 1000 
144.000 - Doze elevado ao quadrado, multiplicado por mil; trata-se do número quase infinito e completo dos membros do novo povo de Deus: 12 x 12 x 1000 

 OBS - Os Judeus não conheciam o l .000.000 (milhão).  

Os Setitas (Gn 5,1-32).  
Na linhagem dos setitas, contam-se dez nomes, desde Adão até Noé. Dez é o simbolo da totalidade. Os números aqui são frequentes: o autor diz com que idade cada patriarca gerou o primeiro 

filho; quantos anos viveu depois disto, e com que idade morreu. Idade que tinha gerado filhos;  vive mais tantos anos = idade final.  Os anos de vida de cada patriarca são mais elevados, variando entre oitocentos e novecentos anos. 

Qual o significado desses números? 
 a) O autor sagrado quis propor a linhagem dos bons. Esses números gozam de ordem e harmonia e estão escritos no "livro da vida" (Sb 11,20). 
 b) Para os antigos a longevidade era sinal de venerabilidade e respeitabilidade. 

 Para título de exemplificação: 
 O sacerdote Berosso, da Babilônia, nos deixou uma lista dos antigos reis da Mesopotâmia, com o tempo em que estiveram sobre os seus tronos: Aloro reinou 36,000 anos; Alaporo 10.800 anos; Almelon 46.800 anos; Amegalaro 64.800; Amenfisino 36.000; Otiastes 28.800; Daono 36.000; Xisutro 64.800. 

No livro do Gênesis: 
Henoc viveu 365 (65+300): é o ano solar. Ele foi um Sol para o seu povo: Gn 5,18-20

Lamec vivei 777 (77+700): ele foi um homem perfeito. Gerou a perfeição para o seu povo. Ele gerou repouso na vida do povo (shabbat): Gn 5,28-31.

Moisés viveu 120 anos (3x40): viveu em plenitude sua caminhada (Dt 34,7).  Entretanto o Salmo 90,10 diz: "Pode durar setenta unos uma vida... Os mais fortes chegam aos oitenta". 
 Conforme Gn 7,11:  a enchente começou no 17º dia do segundo mês do ano 600 da vida de Noé e durou 150 dias (Gn 7,24; 8,2s); depois destes as águas começaram a baixar, de modo que no Io dia do Io mês apareceram os cumes das montanhas (8,5), no 1º dia do 1º mês do ano 601 a terra estava toda visível (Gn 8,13) e no 27º dia do 2º mês de 601 o continente estava seco (Gn 8,14). Em consequência, o dilúvio teria durado de 17/02/600 a 27/02/601. 
Ora, sabendo-se que os israelitas contavam meses 

lunares, isto quer dizer: a catástrofe durou um ano lunar de 354 dias, mais 11 dias, ou seja, precisamente um ano solar de 365 dias. 
Gn 7,11, 17 de fevereiro de 600: começa o dilúvio Gn 7,24; 8,2s, 150 dias.   Gn 8,5 lº de outubro de 600.  Gn 8,13 lº de fevereiro de 600.  
Gn 8,14 27 de fevereiro de 601: acaba o dilúvio 354 dias (ano lunar); 365 dias (ano solar).  

Há diversas enumerações de animais que entram na arca: em Gn 6,19s; 7,15s, trata-se de um casal de cada espécie, ao passo que em Gn 7,2 aparece a distinção entre animais puros e animais impuros (sete casais dos puros e um casal dos impuros). Gn 6,19s; 7,15s: l casal de cada espécie (2 animais) Gn 7,2 Animais puros: 7 pares (14 animais) Animais impuros: l casal (2 animais).  

O PANO DE FUNDO DA NARRATIVA DO DILUVIO

1. Encontramos 268 histórias de grandes catástrofes envolvendo enchentes nos autores antigos. Algumas somam ainda fogo, granizo, epidemias, terremotos, neves, etc. 

 2. Todas destacam que os dilúvios aconteceram por causa do pecado dos homens. 

3. Isso não quer dizer que tenham acontecido sobre toda a terra. Trata-se de catástrofes em lugares isolados, que serviam para alertar as pessoas no sentido didático e religioso. 

 4. Para recobrir a terra seria necessário cerca de 9.000 m (9 km) de altura da inundação, pois o monte Everest tem 8.839 m. Isso totalizaria cerca de 4.600.000.000 m3, volume que explodiria a terra por pressão. 

A MENSAGEM DE Gn 6-9

1. Deus é santo e puro. 
2. Deus é justo; não pode deixar resistir indefinidamente a iniquidade e fomenta a santidade dos homens. 
3. Deus é clemente. Antes de exercer a sua justiça, incita os homens à penitência, dando- lhes a oportunidade de converter-se na última hora (Gn 6,3).  O texto de 1Pd 3,18 insinua que muitos pecadores se converteram já durante a catástrofe, na hora da morte. 
4. O dilúvio é o desfecho de um período da história religiosa da humanidade e o início de nova era. 
5. Noé é um tipo de Cristo, que é o 2o Adão simplesmente dito (Rm 5,14; 1Cor 15,45), tão universal quanto o primeiro. Noé salvou a linhagem humana mediante o lenho da arca; Cristo a salvaria pelo madeiro da cruz (cf. Sb 10,4). 
6. A arca, fora da qual ninguém sobreviveu, é o tipo da Igreja. 
7. As águas do dilúvio, através das quais se salvaram os justos e em que pereceram os ímpios, são figura do Batismo, que pela água dá a vida aos fiéis e apaga os pecados (Cf. 1Pd 3,20). 
8. O dilúvio, como nova criação, prenuncia, conforme

2Pd 3,5-7.10, os novos céus e a terra nova que no fim da história se constituirão. 

AS 10 PRAGAS DO EGITO (Ex 7,8-13,16) 
 1250 a.C. - Israel cativo no Egito (trabalhos forçados) Povo clama... Deus ouve... Moisés é o intermediário... Faraó tem o coração duro...  Deus envia 10 pragas Mas só a 10ª praga consegue dobrar o faraó. 
Vejamos a sequência dos acontecimentos: 
 1. Conversão das águas do Rio Nilo em sangue envenenado (Ex 7,17-25
 2. Invasão das rãs nos rios e nas casas do Egito (Ex 7,26-8,11). 
 3. Onda de mosquitos (Gn 8,12-15
 4. Sanha de moscas venenosas ou de vespas (Ex 8,16-28
 5. Peste sobre o gado (Ex, 9,1-7).
 6. Tumores nos homens e no bestiame (Ex 9,8-12
 7. Geada (Ex 9,13,25
 8. Invasão de gafanhotos (Ex 10,1-20
 9. Trevas sobre o país (Ex 10,21-27
10. A morte dos primogénitos dos egípcios (Ex 12,29ss

O autor sagrado atribui os fatos a uma intervenção explícita de Javé. A imaginação humana foi além da verdade (acentuou a índole extraordinária dos acontecimentos).  As l0 pragas devem ter ocorrido entre os meses de junho e abril, subsequente. É o Egito dos meses de maio a junho.  
Ex 6,1: começam a se desenrolar, pouco depois, os flagelos: parece ser o mês de junho (primeiro flagelo).  A morte dos primogênitos (último flagelo) acontece na páscoa (início da primavera: abril).  As pragas parecem ser flagelos naturais, mas solicitados por Moisés. Pouparam somente a região de Gessen, onde moravam os judeus (Gn 8,18; 9,6s.27). O autor sagrado atribui os fatos a uma intervenção explícita de Javé

FUNDAMENTO DA TESE 
 • Observação de certos fenômenos ocorrido no Egito, que correspondem ao texto sagrado. 
 • Deus não anula as leis da natureza. 
 • Deus procura servir- se do curso habitual dos elementos já existentes para realizar os seus desígnios. 
 • Percebemos que os magos do Egito conseguem realizar os mesmos prodígios que Moisés (Ex 7,22; 8,3). 
 • O Faraó não se impressiona pelas 9 primeiras pragas - elas não lhe pareciam estranhas - e só a décima o faz curvar-se diante de lahweh

AS 10 PRAGAS
(Ex 7,8-13,16) 

1º FLAGELO Acontece em decorrência da enchente do Rio Nilo, anualmente ocorrida no mês de junho. Chama-se "Nilo Vermelho". O Rio fica parecido um rio de sangue. Essas águas não são venenosas; assim, deve ter havido algum fenômeno com a invasão de pequenos animais dentro do rio, que deixou o manancial venenoso. 

P. Heinisch, professor da universidade de Ninwegen (Holanda) nos diz: "Em setembro de 1913 verificou-se a irrupção de numerosíssimas pulgas de água (daphnie) estas, juntamente com os cóano flagelados que aderiam à couraça das mesmas, consumiram todo o oxigênio da água, ocasionando o padecimento dos peixes da baia por sufocação. A massa dos crustáceos invasores dava a impressão de que um corante vermelho havia sido derramado nas águas, o que bem se explica pelo fato de trazerem as pulgas de água algumas gotinhas de óleo vermelho no organismo". A esta praga seguiram-se outras calamidades, conforme um encadeamento. 

2º, 3º e 4º FLAGELOS Invasão de rãs, mosquitos e vespas. 
 São consequência das enchente do Nilo. Rãs e mosquitos põem ovos na água ou sobre esta, onde eles se desenvolvem. Quando acontece as inundações, esses animais saem e penetram os lares. As águas venenosas foi 

ambiente favorável para a multiplicação de moscas venenosas. 

5º e 6º FLAGELOS 
Pestes e Tumores. 
 Provocada pela inundação e invasões desses animaizinhos, surgem epidemias e doenças. 

7º FLAGELO
Geada. 
É produzida no mês de fevereiro, quando sempre cai geada no Egito. 

8º FLAGELO Invasão de Gafanhotos Ocorre em fevereiro ou março. Ocorre no Oriente com certa frequência.
 
9º FLAGELO
Trevas. 
 Em decorrência do famoso vento quente dito khomsin ou simun. Sopra a partir do deserto e carrega consigo enorme quantidade de areia. Esse vento provoca escurecimento da atmosfera. Ocorre em março ou abril, às vezes em maio. Dura cerca de 2, 3 ou até 6 dias. Até hoje as estações ferroviárias funcionam com luz acesa em pleno dia. Heródoto diz que parte do exército de Cambises foi sepultada nas areias desse vendaval. 

10º FLAGELO
Morte dos Primogênitos.
Nenhum fenômeno ordinário se lhe pode comparar. Foi decisivo para que o Faraó se rendesse Esse fenômeno foi, sim, extraordinário e decisivo para a comprovação do que se dava naturalmente e para a abertura dos olhos dos judeus, que ouviram a palavra de Moisés


MENSAGEM RELIGIOSA 
 • Nenhum homem nasceu para ser escravo, mas para ser livre (Deus assim o criou). Deus deseja que o seu povo saia da garra do Faraó. 
 • O poderoso quer se tornar Deus (Ex 5,2). Fica obstinado e manda seus mãos realizar o mesmo (Ex 7, 10-13). 
 • As pragas tinham por finalidade mostrar a sabedoria absoluta do Deus de Israel. 

• Nada escapa ao plano do criador; nada foge ao seu desígnio. 
 • O mal do homem não pode vencer o bem de Deus (no fim da história Deus sempre se sairá vencedor). Nada impede o cumprimento de seus desígnios. 
 • Não há como voltar atrás depois de se dá um sim a Deus (as cebolas; dúvida na hora da passagem). 
 • Na hora 'H' temos que repetir como Pedro (Jo 6,68

PASSAGEM DO MAR VERMELHO 

 Após a 10ª praga o Faraó permite e ordena que Israel saia do Egito. Pegam tudo o que tem (mulheres, crianças, animais, etc) e partem em direção ao Oriente). Chegam à margem do Mar Vermelho e se sentem em apuros. Recorrem a Deus e Ele intervém. Faraó repensa e manda tropas ir atrás. Israel ficou entre o mar (de um lado e as tropas egípcias do outro). Deus fez uma coluna de nuvem 

entre Israel e as tropos do Faraó. Moisés, a mando de lahweh, estendeu a mão sobre o mar. Vem um vento impetuoso que sopra a noite inteira e formou um corredor entre as águas. Era a salvação. Israel passa correndo a pé enxuto. O exército do Faraó se lança atrás e acaba sendo derrotado pelo afogamento.

EXPLICAÇÃO HISTÓRICO-CIENTÍFICA

Na época de Moisés (1250 a.C) o Mar Vermelho se prolongava até os lagos amargos. Só aos poucos foram separados pelo istmo de Suez. Havia, perto o porto de Colzum, donde, desde a Idade Média, partiam navios e barcos para a India. Há ruínas situadas nesses locais. Na extremidade setentrional o mar recuava e não ficava muito profundo. Há anos atrás Bourbonb (oficial da marinha francesa e comandante do Canal de Suez) descobriu vestígios de uma estrada que, passado do lado egípcio, desembocava nos Lagos Amargos e se prolongava até a região entre-mar. Ao pé do monte Djebel Abu Hasa, descobriu-se ruínas de uma fortificação que visava, ao pé da estrada, proteger a fronteira e impedir a invasão do Egito, já que por ali passavam caravanas que iam 

abastecer o monte Sinai. Notemos que os egípcios não tem medo de passar por entre as águas. Sabiam que aquilo era possível. Esqueceram porém, do siroco (vento vindo da Arábia), que fazia o mar se fechar de repente. O texto não fala em Mar Vermelho, e sim no Mar dos Juncos (Js 2,10; SI 105,7.9.22); SI 135,13); À Margem do Mar Vermelho não se encontra arbustos do junco. No passado, o junco se desenvolvia na passagem dos Lagos Amargos, hoje desaparecido pela Barragem de Assuam. O número de soldados do exército é também simbólico (600 = 6x100): maldade elevada ao máximo (Ex 14,7). 

 O MANÁ (Ex 16,2-36) O alimento que Deus dá aos hebreus no momento de fome. Ao ver o alimento, o povo pergunta: "Man hu" (o que é isso?) Moisés diz: É o pão que o Senhor vos enviou. Vão chamá-lo de Maná. Aparência: grossura do grão de cariandro (abundante no deserto). Assemelha-se ao bdellium, resina aromática de cor amarelada (Nm 11,7). Seu gosto era de uma torta feita com óleo ou mel (Nm 11,8 e Ex 16,31). Podia ser 

triturado e cozido ao fogo, para se confeccionar pães. Cuidados especiais: Derretiam ao calor do sol.  Deviam ser colhidos antes do nascer do dia. Não se conservava mais de 24 horas. Arbusto chamado tamaris mannifera (que produz o maná). A arqueologia da escola bíblica de Jerusalém descobriu o segredo da resina: A resina produzida pela tamaris não vem do tronco. Uns pequenos  insetos, trabutina mannipara e o najacoccus serpentinas minor, sugam e expelem gotas resinosas da cabeça de um alfinete. Ao ar livre ficam duros: tem cor branca ou amarela, é aromática e de sabor doce. Até hoje é comida pelo beduínos. O milagre estava na quantidade. 

FIM
Fonte: Aulas do Curso de Extensão em Teologia, da UCSal, em 2012.



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