27 de novembro:
FESTA DA MEDALHA MILAGROSA
(Conheça como foi a aparição da Santíssima Virgem à Santa Catarina Labouré em 1830)
Fonte: Do livro “EL GRAN MENSAJE DE MARIA INMACULADA' de Luis Eduardo Rodríguez Eslava – Bogotá, 1976.
Tudo se inicia numa época difícil e agitada da França. Quarenta anos depois da Revolução de 1789, a intranquilidade e a zombaria reinavam por toda parte. Paris, a Cidade Luz, vivia em efervescência política, e a França se precipitava para uma nova revolução. Depois da sacrílega profanação tantas vezes repetida ao Templo de Notre Dame, e depois da terrível perseguição religiosa, as igrejas permaneciam fechadas e desertas; dos sacerdotes que ainda ficaram, nenhum se atrevia aparecer em público. Por todas as partes se atiçavam o ódio contra tudo que tivesse sabor religioso.
Dentro desse ambiente tão hostil, chega a noite de 18 de julho de 1830, e as irmãs da Casa Madre das Filhas da Caridade de Paris, situada na Rua du Bac no 132 (hoje 140), depois de elevar ao céu suas orações fervorosas, se entregam ao descanso. No dia seguinte, 19 de julho, se celebrará a festa de São Vicente, fundador da Comunidade.
A irmã Catarina Labouré, no vigor de seus 24 anos de idade, recentemente admitida ao convento, também dormia. Pouco antes da meia-noite, algo extraordinário ocorre. Leiamos o relato de Catarina:
“As onze e meia da noite escutei que me chamavam: ‘Irmã!... Irmã!...' Ao me despertar, olhei para o lado de onde vinha a voz e contemplei um menino de quatro a cinco anos de idade, vestido de branco.
- 'Venha à Capela, que a Santíssima Virgem a espera' - me disse.
Em seguida pensei: 'Podem me ver...', ao que o menino disse: - 'Não se preocupe. São já onze e meia e todo mundo está dormindo profundamente. Venha que eu a espero."
Obedecendo ao menino, rapidamente me vesti e caminhei com ele sempre à minha esquerda. Por onde passávamos, as luzes estavam accsas, o que me surpreendeu muito. Porém, minha surpresa maior foi quando, ao chegar à capela, a porta se abriu assim que o menino a tocou com um dedo, e pude então contemplar como todas as velas e lâmpadas estavam accsas como para uma missa de meia-noite.
O menino me conduziu ao Altar-Mor. Me ajoelhei. Porém, como o tempo de espera se fazia longo, imaginei que as zeladoras do convento poderiam me surpreender de um momento a outro.
Enfim, chegou a hora, e o menino me avisou dizendo: 'Veja!... A Santíssima Virgem está aí!...'
Escutei então algo assim como o ruído produzido pelo roçar de um vestido de seda que se aproximava pelo lado do altar de São José, e uma Formosa Mulher se sentou numa cadeira que estava colocada no Altar-Mor e que unicamente era usado pelo Padre Alabel, diretor espiritual da Comunidade.
Por um instante duvidei que fosse Ela a Santíssima Virgem, porém o menino me repetiu: 'Olhe!... A Santíssima Virgem está aí!..."
O que eu senti nesse momento é impossível de se descrever. Me parecia que não via a Santíssima Virgem. Então o menino me falou não mais como um menino, mas com uma voz forte, como um homem. De um salto me ajoelhei aos pés da Santíssima Virgem e com minhas mãos apoiadas sobre seus joelhos passei o momento mais doce de minha vida. Impossível descrevê-lo...
*Ela me ensinou como devia comportar-me com o meu Diretor, e muitas outras coisas que não devo dizer. Me ensinou também a forma de comportar-me nas penas e aflições, dizendo-me que deveria prostrar-me aos pés do Sacrário (que Ela me mostrou com a mão esquerda) e desabafar ali meu coração, recebendo em troca todos os consolos que necessitasse. Lhe perguntei o que significavam todas essas coisas, e Ela me explicou tudo. Ali permaneci não sei quanto tempo. Tudo o que sei é que quando Ela se foi, percebi como uma coisa que se desvanecia tomando o mesmo caminho por onde tinha vindo.
* * *
As anotações da irmã Catarina nos revelam as palavras de Nossa Senhora:
'Filha minha! O Bom Deus quer encarregar-te de uma missão. Tereis que sofrer, porém vencerás estas penas pensando que o farás pela Glória do Bom Deus... Os tempos que correm são muito ruins... desgraças sobrevirão à Franca; o trono será derrubado; o mundo inteiro será atribulado por desgraças de toda classe. (A Santíssima Virgem tinha um ar de imensa dor ao pronunciar estas palavras). Porém, deste Sacrário se repartirão as graças a todas as pessoas que venham pcdi-las..."
'Filha minha!... Quanto eu queria cobrir de graças a Comunidade em particular, porque a amo muito! Sem dúvida, tenho uma imensa dor ao contemplar os grandes abusos que se cometem contra a disciplina. As Rcgras não são observadas e há um grande relaxamento nas duas comunidades'.
'Quando a Regra for observada, uma Comunidade virá unir-se com essa Comunidade; isto não é comum, porém eu as amo. Diga que as receba. Deus as abençoará e elas gozarão de uma grande paz... A Comunidade gozará de uma grande paz e será grande.'
'Porém, grandes desgraças acontecerão. O perigo será grande. Sem dúvida, nada há a temer porque a proteção de Deus estará ali de uma maneira particular, e São Vicente os protegerá. (A Santíssima Virgem tinha lágrimas em seus olhos ao pronunciar estas palavras). Para o clero de Paris haverá vítimas. O Senhor Arcebispo... (A frase ficou sem terminar e de novo seus olhos se cobriram de lágrimas...)
'Filha minha!... A Cruz será desprezada... Será atirada ao solo; o sangue correrá e de novo se abrirá as costas de Nosso Senhor, as carnes derramarão sangue. O Senhor Arcebispo será despojado de suas vestes... (neste momento a Santíssima Virgem mal podia falar, tanto era a dor que refletia em seu rosto). Filha minha! O mundo inteiro cairá em grande tristeza...”
Ao escutar estas palavras, se me ocorreu pensar quando ocorreria isto. E não sei como, compreendi que eram “quarenta anos"... A este respeito, em uma ocasião me perguntava o Padre Alabel: "Sabe se você estará ali para esse acontecimento, e se eu também estarei?” Eu lhe respondi: “Sei, nós não estaremos ali, mas outros estarão!..."
* * *
A SEGUNDA REVELAÇÃO
'No dia 27 de novembro de 1830 - escreve Santa Catarina - véspera do primeiro Domingo do Advento, às 5 e 30 da tarde, depois do tema de meditação, em meio ao grande silencio que reinava, me pareceu escutar um ruído do lado do altar de S. José. Era um ruído como o fru-fru produzido pelo roçar de um vestido de seda. Olhando para esse lado, vi a Santíssima Virgem, a altura de S. José'.
1a fase: A VIRGEM DO GLOBO DE OURO
‘A Santíssima Virgem estava de pé. Era de estatura mediana; vestida de branco, com uma túnica de seda branco-aurora. Um véu branco lhe cobria a cabeça e descia lado a lado até os pés. Seus cabelos estavam divididos e cobertos por uma diadema adornada. O rosto bem descoberto era tão belo que é impossível descrever tanta beleza. Os pés se apoiava sobre uma grande bola branca, ou seja, a metade de uma bola, ou pelo menos me parecia que era a metade. Havia também uma serpente da cor verde e manchas amarelas. As mãos bem levantadas a altura do estômago em atitude muito natural de oferenda a Deus, tinha uma bola de ouro coroada por uma cruz, também de ouro, que representava o mundo. Seus olhos estavam levantados ao céu e sua figura era de tanta beleza e serenidade que é impossível descrevê-la. De repente me dei conta que tinha anéis em seus dedos; três em cada dedo. O maior estava mais perto da mão, o médio na metade, e o menor na extremidade. Cada anel estava revestido de pedras preciosas que lançavam raios menores. Os raios de luz chegavam até a parte inferior, de modo que já não se podia ver os pés da Santíssima Virgem.
Nesse momento, a Santíssima Virgem baixou os olhos para olhar-me. Uma voz me disse: “Esta bola que vês, representa o mundo inteiro, França e cada pessoa em particular". Aqui não sei como explicar sobre o que experimentei e o que contempiei... A beleza e o esplendor dos raios era tão formoso...
"Este é o símbolo das graças que Eu derramo sobre as pessoas que as pedem...” - fazendo-me ao mesmo tempo compreender quão grato é orar à Santíssima Virgem, e como Ela se mostra generosa para as pessoas que a Ela acorrem, e as graças que concede às pessoas que lhe rezam e a alegria que Ela sente ao conceder-lhes. “As pedras que não emitem raios de luz - continuou dizendo-me a Santíssima Virgem são as graças que ninguém pede”.
2a fase: A VIRGEM COM SUAS MÃOS QUE EMITEM RAIOS LUMINOSOS
"Nesse momento - continua dizendo Santa Catarina - se formou um halo oval ao redor da Santíssima Virgem com as palavras: "Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS”. A inscrição em meio círculo começava a altura da mão direita, passava sobre a cabeça e terminava a altura da mão esquerda. O globo de ouro havia desaparecido devido o esplendor dos raios luminosos; as mãos se achavam inclinadas e os braços permaneciam estendidas devido o peso dos tesouros de graças derramadas".
Então a voz da Virgem me disse: “FAZEI-ME CUNHAR UMA MEDALHA DE ACORDO COM ESTE MODELO. TODAS AS PESSOAS QUE A TROUXEREM RECEBERÃO GRANDES GRAÇAS, ESPECIALMENTE SE A TROUXEREM AO PESCOÇO. AS GRAÇAS SERÃO ABUNDANTES PARA AQUELES QUE TIVEREM CONFIANÇA”.
3a fase: A VIRGEM COM O CORAÇÃO TRANSPASSADO
*...num instante, o quadro pareceu girar e então pude contemplar o reverso da medalha: no centro se via o monograma da Santíssima Virgem, composto pela letra 'M', sustentando uma Cruz. O ‘M' estava acima de uma grande barra e debaixo os corações de Jesus e Maria. O coração de Jesus estava rodeado de uma coroa de espinhos e o coração de Maria atravessado por uma espada..."
Os apontamentos de Santa Catarina nada dizem sobre as doze estrelas que rodciam o monograma da medalha. É pois, moralmente seguro que este detalhe foi dado de viva voz à jovem irmã, em um momento das aparições.
Preocupada em saber o que deveria por nas costas do reverso da medalha, um dia em meditação, a vidente disse que havia parecido escutar uma voz que lhe disse: "O 'M' e os dois corações já dizem o suficiente".
E a Santa termina dizendo: “Tudo me pareceu como um sonho... porém estou certa de não ter sido...” Assim se encerra para Catarina Labouré as aparições marianas. “Filha minha! Daqui por diante não me verás mais, porém escutaras minha voz em vossos corações”.
Fim