O DESEJO DA PRINCESA NIELE
(Metáfora da PNL – por Sarbélia Assunção)
Fonte: Curso de PNL realizado na Tic-Tac Fantasias (Salvador-BA)
Era uma vez, um reino governado pelo rei Julião. Um rei bondoso, justo, sábio e amado por todo povo. Já idoso e doente, ele encontrava-se em desespero. Não houvera tido um filho varão para assumir o trono, pois a rainha, sua esposa morrera e só lhe dera uma filha, a princesa Niele, única herdeira da família real.
Uma antiga crença dizia que só teria direito a cortejar a princesa aqueles nobres que conseguissem sobreviver as provas da Montanha de Fogo. Para piorar a situação, a princesa Niele era extremamente rigorosa com seus desejos e conquistá-la era um grande desafio. O rei Julião, muito triste, pois até o momento, os dois ou três nobres que conseguiram passar pela montanha, foram reprovados pela princesa. Ela queria um companheiro amoroso, comunicativo, compreensivo, inteligente, que soubesse conquistar aquilo que desejasse e que realmente a amasse. Os condes e duques que passaram eram muito arrogantes. Só pensavam na riqueza. E Niele, via, ouvia e sentia que jamais se casaria com alguém assim.
Então o rei decidiu abrir mão de um precedente: que também os plebeus tivessem direito a tentar cruzar a Montanha. A princesa aceitou a idéia do pai e continuou firme com seus desejos, pois sabia muito bem o que queria, como queria e quando realizaria. Essa notícia espalhou-se por todo o reino e logo a população se mobilizou para tentar a sorte.
Muitos viram este fato como uma prova de fogo, mas todos se entusiasmaram com a idéia. Grande parte desistiu só em lembrar da lenda da montanha; outros nem ousavam sonhar em se casar com uma princesa, não se achavam merecedores. Outros desejavam, porém não se sentiam fortes o bastante para enfrentar as provas. E outros se intimidavam apenas com os boatos sobre a princesa ser valente, decidida e misteriosa; diziam até que ela era uma bruxa.
Ainda por cima, alucinavam: - Se os nobres não conseguiram, imaginem nós... Assim este processo natural foi eliminando todos aqueles que queriam, mas não ousavam tentar e os que tentavam, mas não tinham certeza se realmente queriam.
O tempo foi passando, a princesa embora sozinha, não abria mão dos seus desejos . O rei lamentava o destino de seu reino – que provavelmente seria dominado pelo ganancioso reino vizinho caso a situação não mudasse – e a sorte da princesa, condenada a solidão pelo excesso de desejos na escolha do pretendente.
Certa vez um grupo de corajosos se aventurou no caminho da Montanha de Fogo. Pelo caminho iam comentando as lendas acerca dos monstros que habitavam-na. Falava-se de um enorme dragão de garras afiadas, que guardava a entrada da caverna escondida. Também se falava de um tal “Dragão de Dentro” (provavelmente porque vivia dentro da caverna), oponente terrível que cuspia fogo, reduzindo à cinzas os intrusos.
Dentre os aventureiros, destacavam-se dois rapazes. João Grande, conhecido como Janjão, um fazendeiro corajoso, forte, bonito, rico, que enfim reunia todas as qualidades que certamente impressionariam qualquer mulher. O outro jovem, Pedro – apelidado de Pê – também corajoso, ambicioso, trabalhador, criativo e um excelente comunicador. Ele trabalhava no circo e aprendeu muitos truques, programando a sua mente, com seu amigo o Engolidor de Fogo.
Até antes de chegar no pé da montanha, a maioria dos candidatos desistiu. Julgaram o caminho muito longo, ou se intimidaram com as lendas da montanha. A primeira prova imposta pela crença foi desistir de tudo que estava fazendo para se dedicar única e exclusivamente a tarefa de candidato à mão da princesa.
Foi muito fácil para Janjão, que morava sozinho e era muito rico. Contudo, para Pê, que trabalhava para sustentar os pais, foi uma tarefa mais difícil. Mas ele planejou tudo. Não seria nada ecológico deixar a família desamparada caso acontecesse algum contratempo. Pê acreditava na sua força interior e lembrava sempre o ditado: “QUEM QUER DÁ UM JEITO E QUEM NÃO QUER, DÁ UMA DESCULPA”. Ele entendia que todo o problema é apenas passagem do estado atual para o estado desejado e tinha consciência de que na vida há momentos em que é muito importante abandonar certas crenças para alcançar o sucesso.
Seguiram o caminho levando consigo ferramentas que julgavam necessárias e importantes. Ao penetrar numa fenda da montanha, viram-se numa espécie de galeria mal iluminada. Perceberam que havia vários caminhos a seguir, com várias setas e uma inscrição na parede: “QUEM SABE ONDE QUE IR, SEMPRE ENCONTRA A ESTRADA PARA CAMINHAR.”
Noutra seta estava escrito: “SE ÉS CORAJOSO E QUERES CONQUISTAR A PRINCESA, PASSE PELA CAVERNA E ENFRENTE O DRAGÃO DE FORA E O ASSUSTADOR DRAGÃO DE DENTRO”.
Todos estremeceram ao ler o aviso, principalmente ao ver ossos e cinzas espalhados pelo chão e imaginaram tratar-se dos restos daqueles que ousaram tentar passar por ali. Desta vez quase todos resolveram voltar, sobrando apenas Pê, Janjão, e mais dois. Estava um pouco escuro. Um rugido ensurdecedor ecoou no ar, e deu para verem e sentirem o movimento veloz das garras do dragão quase tocando-os. Por um facho de luz que vinha do teto, eles viram a terrível face do monstro.
Pê mais que depressa se lembrou de que levava consigo alguns instrumentos, inclusive uma tocha que ganhara do seu amigo Engolidor de Fogo. Pê respirou fundo, controlou seu medo e usando sua ferramenta “cuspiu” uma chama tão assustadora quanto a do dragão. Todos ficaram perplexos e o dragão recuou deixando transparecer que nem era tão assustador assim, e ainda por cima estava acorrentado ao chão. Foi uma comunicação tão eficaz que parecia mágica.
Percebendo-se vencido o dragão falou:
- Vocês têm certeza de que querem conquistar a princesa? Se pensam que não vão conseguir... Estão certos! E se pensam que vão... Também estão certos! Sabem quantos já tentaram e fracassaram? Ainda é tempo de desistir. Agora que descobriram que estou preso e que nada posso fazer, podem passar a próxima prova... Mas aviso que o dragão de dentro é muito mais assustador. Vocês venceram mais esta etapa, e se querem sair com vida, desistam enquanto é tempo. E como prêmio por chegarem até aqui, tenho comigo um pote de ouro. Podem escolher entre ficar ou ir embora. Se ficar ainda correrão outros riscos de vida; e se desistir, levarão todo o ouro, ficarão ricos, mas esquecerão todos os sonhos e desejos ...
Pê compreendeu a linguagem do dragão e estava disposto a continuar. Os outros convidaram Pê a desistir e voltar com eles dividindo todo aquele ouro. Pê entendeu os companheiros e respondeu-lhes dizendo que eram livres para seguirem o seu
caminho, pois sabia que estava mais perto do que nunca dos seus sonhos. Janjão também não quis voltar, pois nada é empecilho aos que sabem o que querem e acreditam que vale a pena.
Dizem que aqueles dois pegaram o ouro e ficaram ricos. Mas acabaram envelhecendo depressa, e até hoje são infelizes visto que esqueceram dos seus sonhos. Até hoje perambulam pela vida sem saber o que fazer.
O dragão então disse ainda que se libertassem o Dragão de dentro, o Dragão de Fora também se tornaria livre. Então Pê e Janjão entraram num túnel adiante, numa escuridão imensa. E, de repente ouviram uma voz assustadora:
– E agora? Vocês estão perdidos aqui dentro. É melhor desistir!
– Melhor para quem!? Respondeu Pê, um tanto assustado, mas disposto a enfrentar a fera e olhando para todos os lados não conseguindo ver o tal dragão, que o intimidava a prosseguir.
– Ninguém sai daqui com essa vida... Saem transformados.
E a voz continua falando sem que pudessem ver o tal dragão. Janjão sem conseguir entender de onde vinha essa voz. Em pânico por não saber o que fazer, pôs-se a correr desesperadamente. Dizem que ele ficou maluco, e até hoje escuta as tais vozes vindo de todos os lados.
Enquanto isso, Pê atento aos seus sentidos percebe que aquelas vozes vinham de dentro de si mesmo, do seu interior. Eram as vozes do medo de fracassar, do medo de vencer; das crenças mal resolvidas e então tinha a sua frente uma escolha a fazer: desistir ou mudar, fracassar ou ter sucesso.
E acalmando-se, fazendo contato com essas partes que ousavam testá-lo, que também queriam ser ouvidas... fez uma ponte para o futuro e começou a imaginar-se fora dali, casando-se com a princesa e salvando o seu país. Constatou que é valioso ter coragem para assumir o Dragão Interior e que toda força também está dentro de si. Tudo começa a ficar claro, como se uma nova aurora despontasse e junto a sua convicção de que vale a pena buscar o que se procura para ser feliz e melhorar o mundo.
Quando percebeu, já estava no alto da montanha. Encontrou o dragão de fora livre a correr pelos campos, como ele, a buscar uma vida nova. Com o coração pulsando de alegria, ele avistou o palácio e em seu caminho encontrou uma jovem, vestida com simplicidade e indagou se ela conhecia a princesa .
– Falas da princesa Niele?
– Exatamente. Diz Pê, ansioso com a resposta.
– Ora, se a conheço... Muito mais que todos do reino. Mas quem é você? Que fazes? Como conseguiu chegar até aqui?
– Eu sou Pedro. Pê para os amigos. Passei pela Montanha de Fogo, venci o Dragão de Fora e o Dragão de Dentro e agora me sinto livre e convicto de que estou perto de tudo que sempre sonhei.
– E o que sonhastes?
– Casar com a princesa Niele e salvar o reino.
– Casar com a princesa? Dizem que ela é uma bruxa...
– Não, ela não é nenhuma bruxa, é a princesa mais encantadora e que sabe muito bem usar a sua mente para conseguir tudo o que quer.
– Entendo... e o que mais aprecia na princesa?
– O que mais aprecio na princesa é a sua coragem de vencer todas as crenças e realizar tudo o que deseja, casar por amor.
– E você se acha capaz de conquistá-la? Se acha merecedor? E se ela não aceitar?
– Todo homem tem direito aos sonhos. Merecedor porém, é todo aquele que acredita que pode e busca meios para realizá-los. Eu acredito ser capaz, pois descobri que toda força que está dentro de nós é capaz de transformar nossa vida. Tudo é uma questão de programação. Se ela disser não eu tentarei de outras formas até conseguir. Tenho me programado para o sucesso. E sucesso é conseguir tudo que desejamos. E todas as pessoas podem aprender, pois todos possuem os recursos valiosos dentro de si mesmo, basta querer, mudar e criar novas possibilidades. Por favor leve-me até o rei, quero fazer todos os testes que a princesa achar valiosos... Já estou me sentindo como se estivesse ao seu lado...
E naquele instante a jovem, que nada mais era que a própria Niele, sorriu e apaixonadamente cantou trazendo para o presente o futuro que já a pertencia: “amor meu grande amor”... Diante dessa declaração ele percebeu que estava passando pela última prova, a prova de amor da princesa .
E nem é preciso dizer que os dois se casaram. O rei ainda viveu longos anos; e a partir desse dia todo o povo aprendeu que vale a pena, se comunicando com excelência, usar a nova linguagem de amor de PÊ e NIELE, construindo uma história de sucesso para toda a vida.